Variação lexical em itens da vida urbana nos dados do Projeto do Atlas Linguístico do Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Martins, Mariana Spagnolo
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UEL
Texto Completo: https://repositorio.uel.br/handle/123456789/17460
Resumo: O interesse em conhecer as variedades linguísticas do português brasileiro sempre esteve no imaginário de seus usuários, estudiosos da linguagem ou não, e podemos observar isso no dia a dia, por meio de séries, de livros literários e de conversas esporádicas, em que o “falar diferente” chama a atenção em práticas simples de oralidade. Artisticamente, essas diferenças de falares podem ser representadas em variadas situações, com destaque às distinções culturais e regionais de seus personagens. No meio acadêmico, as variedades linguísticas podem ser exploradas sob as perspectivas dialetológica e geolinguística, visando compreender como a diversidade linguística acontece em contextos reais de fala, considerando a localização geográfica do falante ou da comunidade linguística. Ao tratar de língua falada e de espaço geográfico, Antenor Nascentes, dialetólogo brasileiro, define uma proposta de divisão dialetal (1922-1953), que representa o grande divisor de águas entre a especulação e o empirismo, pois, baseado na prosódia e em fatos fonéticos, o pesquisador divide os falares brasileiros em dois grandes grupos: o do Norte e o do Sul, e subdivide o primeiro em subfalares amazônico e nordestino, e, o segundo, em subfalares baiano, fluminense, mineiro e sulista. Com a consolidação dos estudos dialetológicos e geolinguísticos, a partir da década de 1950, outros trabalhos foram buscando ratificar ou retificar aquela proposta, seja no âmbito fonético, seja no âmbito léxico-semântico. Nesse espaço, situa-se a presente tese, com o objetivo de demonstrar a distribuição lexical referente a dois itens do campo da vida urbana (Questões 195. Lombada/Quebra-molas e 198. Rótula/Rotatória), fundamentada nos princípios teórico-metodológicos da Dialetologia Pluridimensional (THUN, 1998) e comparando-a à proposta de Nascentes (1953) e às redefinições de Ribeiro (2012), de Marins (2012), de Portilho (2013), de Romano (2015), de Santos (2016), de D’Anunciação (2016), de Santos (2018) e de Yida (2019). O corpus consiste nas respostas dadas às questões 195 e 198 do Questionário Semântico-Lexical do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (COMITÊ..., 2001), relativas aos 900 inquéritos que compõem a rede de pontos interioranos do Projeto. A partir da observação do comportamento diatópico das variantes documentadas para as duas questões, buscamos: i) apresentar, por meio de cartas linguísticas, a distribuição das variantes de quebra-molas e de rotatória e ii) refletir sobre o processo histórico e geográfico das relações sociais dos falantes e dos contextos regionais em que estão inseridos. Os resultados indicaram um cenário de coocorrência entre as variantes (rotatória e retorno/quebra-molas e lombada) para as duas questões, tanto nas capitais (MARTINS, 2019) quanto no interior do país, além de uma gama de variedades lexicais, que demonstram a criatividade dos falantes para nomear o espaço de organização do tráfego nas vias urbanas.
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No meio acadêmico, as variedades linguísticas podem ser exploradas sob as perspectivas dialetológica e geolinguística, visando compreender como a diversidade linguística acontece em contextos reais de fala, considerando a localização geográfica do falante ou da comunidade linguística. Ao tratar de língua falada e de espaço geográfico, Antenor Nascentes, dialetólogo brasileiro, define uma proposta de divisão dialetal (1922-1953), que representa o grande divisor de águas entre a especulação e o empirismo, pois, baseado na prosódia e em fatos fonéticos, o pesquisador divide os falares brasileiros em dois grandes grupos: o do Norte e o do Sul, e subdivide o primeiro em subfalares amazônico e nordestino, e, o segundo, em subfalares baiano, fluminense, mineiro e sulista. Com a consolidação dos estudos dialetológicos e geolinguísticos, a partir da década de 1950, outros trabalhos foram buscando ratificar ou retificar aquela proposta, seja no âmbito fonético, seja no âmbito léxico-semântico. Nesse espaço, situa-se a presente tese, com o objetivo de demonstrar a distribuição lexical referente a dois itens do campo da vida urbana (Questões 195. Lombada/Quebra-molas e 198. Rótula/Rotatória), fundamentada nos princípios teórico-metodológicos da Dialetologia Pluridimensional (THUN, 1998) e comparando-a à proposta de Nascentes (1953) e às redefinições de Ribeiro (2012), de Marins (2012), de Portilho (2013), de Romano (2015), de Santos (2016), de D’Anunciação (2016), de Santos (2018) e de Yida (2019). O corpus consiste nas respostas dadas às questões 195 e 198 do Questionário Semântico-Lexical do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (COMITÊ..., 2001), relativas aos 900 inquéritos que compõem a rede de pontos interioranos do Projeto. A partir da observação do comportamento diatópico das variantes documentadas para as duas questões, buscamos: i) apresentar, por meio de cartas linguísticas, a distribuição das variantes de quebra-molas e de rotatória e ii) refletir sobre o processo histórico e geográfico das relações sociais dos falantes e dos contextos regionais em que estão inseridos. Os resultados indicaram um cenário de coocorrência entre as variantes (rotatória e retorno/quebra-molas e lombada) para as duas questões, tanto nas capitais (MARTINS, 2019) quanto no interior do país, além de uma gama de variedades lexicais, que demonstram a criatividade dos falantes para nomear o espaço de organização do tráfego nas vias urbanas.The interest in knowing the linguistic varieties of Brazilian Portuguese has always been in its user’s mind, language researcher or not, and we can note it in everyday life, through series, literary books, and occasional conversations, in which the “speak differently” draws attention to simple orality practices. Artistically, these differences in speech can be represented in various situations, highlighting the cultural and regional distinctions of its characters. In academia, linguistic varieties can be explored from dialectological and geolinguistic perspectives, aiming to understand how linguistic diversity occurs in real speech environments, considering the speaker’s geographic location or the linguistic community. When dealing with spoken language and geographic space, Antenor Nascentes, a Brazilian dialectologist, defines a proposal for a dialectal division (1922-1953), which represents the great watershed between speculation and empiricism, since, based on prosody and phonetics facts, the researcher divides Brazilian speeches into two large groups: North and South, and subdivides the first into amazônico and nordestino subspeeches, and the second into baiano, fluminense, mineiro e sulista subspeeches. With the dialectological and geolinguistic studies consolidation, from the 1950s onwards, other works sought to ratify or to rectify that proposal, whether in the phonetic scope or in the lexical-semantic scope. In this area this dissertation is located, with the objective of demonstrating the lexical distribution referring to two items from the urban life field (Questions 195. Lombada/Quebra-molas [speed bump] and 198. Rótula/Rotatória [roundabout]), anchored on the theoretical-methodological principles of Pluridimensional Dialectology (THUN, 1998) and comparing it to the Nascentes (1953) proposal and to Ribeiro (2012), Marins (2012), Portilho (2013), Romano (2015), Santos (2016), D'Anunciação (2016), Santos (2018) and Yida (2019) redefinitions. The corpus consists of the answers given to the questions 195 and 198 of the Projeto Atlas Linguístico do Brasil [Linguistic Atlas of Brazil] Semantic-Lexical Questionnaire (COMITÊ..., 2001), relating to the 900 surveys that compose the Project's net of inland points. From the observation of the variants documented diatopic behavior for the two questions, we sought to: i) present, through linguistic charts, the quebra-molas and rotatória variants distribution and ii) reflect on the historical and geographical process of speakers social relations and the regional contexts in which they are inserted. The results indicated a scenario of co-occurrence between the variants (rotatória e retorno/quebra-molas e lombada [roundabout and traffic circle/speed bump and spine]) for the two questions, both in the capitals (MARTINS, 2019) and in the countryside, in addition to a range of lexical varieties, which demonstrate the speakers' creativity to name the space for organizing traffic on urban roads.Aguilera, Vanderci de AndradeAltino, Fabiane CristinaMota, Jacyra AndradeRomano, Valter PereiraSilva, Greize Alves daMartins, Mariana Spagnolo2024-09-09T11:46:45Z2024-09-09T11:46:45Z2023-04-27info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfapplication/pdfhttps://repositorio.uel.br/handle/123456789/17460porCLCH - Departamento de Letras Vernáculas e ClássicasPrograma de Pós-Graduação em Estudos da LinguagemUniversidade Estadual de Londrina - UELLondrina193 p.reponame:Repositório Institucional da UELinstname:Universidade Estadual de Londrina (UEL)instacron:UELinfo:eu-repo/semantics/openAccess2024-09-09T11:46:51Zoai:repositorio.uel.br:123456789/17460Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.bibliotecadigital.uel.br/PUBhttp://www.bibliotecadigital.uel.br/OAI/oai2.phpbcuel@uel.br||opendoar:2024-09-09T11:46:51Repositório Institucional da UEL - Universidade Estadual de Londrina (UEL)false
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