Gírias do sistema prisional paranaense: a linguagem dos presídios ultrapassando seus muros
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UEL |
Texto Completo: | https://repositorio.uel.br/handle/123456789/17745 |
Resumo: | A linguagem não é apenas produto cognitivo, de caráter estritamente subjetivo, uma vez que é instrumento de ação e mudança no mundo exterior, recebendo deste os principais estímulos para sua efetivação, podendo, pois, ser compreendida como atividade absolutamente social. O vocabulário gírio, diante da dinâmica social e estrutural da língua, pode representar a máxima da relação indivíduo e corpo coletivo, pois é conhecida como linguagem hermética de grupos específicos, os quais a utilizam como construto simbólico do pertencimento e identidade, e também como instrumento de exclusão e segregação. Seguindo esse raciocínio, procuramos demonstrar, entre outros, que as gírias, advindas do Sistema Prisional Paranaense, não têm espaço de circulação delimitado. Nossa hipótese é que a gíria, enquanto língua falada, é dotada de contínuo movimento que não compreende espaços físicos, mas sociais, culturais, étnicos e políticos, de modo a servir de variante social a inúmeros grupos, acompanhando indivíduos e passando a constituir não somente suas personalidades, mas como estes sujeitos observam e descrevem seus mundos. Logo, se as variantes linguísticas, em eterno devir, tornam-se independentes dos estímulos e lugares de sua criação, emancipando-se, podemos observar esta ação de adoção de linguagem criptológica por meio da análise e descrição do comportamento linguístico em diferentes comunidades, comparandoas, i. é, de vocábulos gírios utilizados seja por detentos seja por moradores, necessitando, pois, do cruzamento de fatores sociais que comprovem este fenômeno. Para tanto, conciliamos as orientações teórico-metodológicas da sociolinguística de Labov (2008) com as práticas e fundamentos geolinguísticos de Cardoso (2010; 2012) resultando em procedimentos e instrumentos que nos permitiram a produção das células dos informantes, a coleta de dados significativos e a análise das variantes sociais com bases estatísticas; ademais, as considerações sobre vocábulos gírios são derivadas dos trabalhos de Cabello (1991; 2002) e Preti (1997; 2007). Entre os objetivos da dissertação, destacamos: (i) descrever o uso ou reconhecimento de vocábulos gírios dos presídios pela comunidade selecionada; (ii) verificar principais recorrências destes vocábulos restritos em relação direta com fatores sociais específicos; (iii) identificar o perfil social de quem faça uso das gírias. Por fim, as conclusões destacam: o resultado do perfil do informante que reconhece/utiliza as gírias; a obtenção das recorrências conforme cada fator extralinguístico e por campo semântico; a extensa possibilidade de análise futura de ocorrências em outras comunidades e a contribuição aos estudos da gíria e à Sociolinguística. |
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Gírias do sistema prisional paranaense: a linguagem dos presídios ultrapassando seus murosSlang’s paranaense prision: the language of prison breaking out the wallsGíriaLinguagem de grupoComunidade de falaSociolinguísticaLingüística, Letras e Artes - LingüísticaLingüística, Letras e Artes - LingüísticaSlangGroup languageSpeech communitySociolinguisticsA linguagem não é apenas produto cognitivo, de caráter estritamente subjetivo, uma vez que é instrumento de ação e mudança no mundo exterior, recebendo deste os principais estímulos para sua efetivação, podendo, pois, ser compreendida como atividade absolutamente social. O vocabulário gírio, diante da dinâmica social e estrutural da língua, pode representar a máxima da relação indivíduo e corpo coletivo, pois é conhecida como linguagem hermética de grupos específicos, os quais a utilizam como construto simbólico do pertencimento e identidade, e também como instrumento de exclusão e segregação. Seguindo esse raciocínio, procuramos demonstrar, entre outros, que as gírias, advindas do Sistema Prisional Paranaense, não têm espaço de circulação delimitado. Nossa hipótese é que a gíria, enquanto língua falada, é dotada de contínuo movimento que não compreende espaços físicos, mas sociais, culturais, étnicos e políticos, de modo a servir de variante social a inúmeros grupos, acompanhando indivíduos e passando a constituir não somente suas personalidades, mas como estes sujeitos observam e descrevem seus mundos. Logo, se as variantes linguísticas, em eterno devir, tornam-se independentes dos estímulos e lugares de sua criação, emancipando-se, podemos observar esta ação de adoção de linguagem criptológica por meio da análise e descrição do comportamento linguístico em diferentes comunidades, comparandoas, i. é, de vocábulos gírios utilizados seja por detentos seja por moradores, necessitando, pois, do cruzamento de fatores sociais que comprovem este fenômeno. Para tanto, conciliamos as orientações teórico-metodológicas da sociolinguística de Labov (2008) com as práticas e fundamentos geolinguísticos de Cardoso (2010; 2012) resultando em procedimentos e instrumentos que nos permitiram a produção das células dos informantes, a coleta de dados significativos e a análise das variantes sociais com bases estatísticas; ademais, as considerações sobre vocábulos gírios são derivadas dos trabalhos de Cabello (1991; 2002) e Preti (1997; 2007). Entre os objetivos da dissertação, destacamos: (i) descrever o uso ou reconhecimento de vocábulos gírios dos presídios pela comunidade selecionada; (ii) verificar principais recorrências destes vocábulos restritos em relação direta com fatores sociais específicos; (iii) identificar o perfil social de quem faça uso das gírias. Por fim, as conclusões destacam: o resultado do perfil do informante que reconhece/utiliza as gírias; a obtenção das recorrências conforme cada fator extralinguístico e por campo semântico; a extensa possibilidade de análise futura de ocorrências em outras comunidades e a contribuição aos estudos da gíria e à Sociolinguística.Language is not only a cognitive product of a strictly subjective feature, once it is used as a tool in the change of the external world, receiving from such environment the main stimuli for its effectiveness. Therefore, it may be understood as an absolutely social activity. Slang, in view of the social and structural dynamics of language, may represent the utmost relation individual/collective body, for it is known as a hermetical language of specific groups, which use it as a symbolical construct of identity and belonging. It may also be regarded as an instrument of exclusion and segregation. Considering the issue herein exposed, and based upon the Glossary to the Prison System in the State of Paraná by researcher Remenche (2003), this work aims to demonstrate that, above all, slang itself does not have a delimited space - in the case hereof, the study of vocabulary arising from prisons; that is, the space of the Prisonal System – because it starts from the presumption that spoken language is provided with a motion continuum that does not comprehend physical spaces; yet, social, cultural, ethical and political ones instead, in a fashion to serve as a representative to unnumbered groups, following the individual throughout his life, building not only his personality but also describing how the subject observes the surrounding world. Thus, if language - the eternal devenire (i.e. yet to come) - becomes independent from its creational stimuli, freeing itself, one can observe this action by means of the linguistic behavior analysis in different communities represented by their peculiar language. In the particular case of the present study, the slang words used by both inmates and dwellers of a city’s determined outskirt. For such purpose, this research is based on: a) Labov (2008), for the theorymethodological procedures of Sociolinguistics, observing the research by Preti (1982); and, in addition to that, following the precepts by Cardoso (1999; 2010; 2012), employing tools originated from Geo-linguistics in order to determine the number of speakers and the social varieties to be investigated, paired with datacollection instruments from Multidimensional Dialectology, with the application of semasiological and onomasiological questionnaires, responsible by the compilation and development of this work’s corpus; and, b) the works of Cabello (1991; 2002), as a theory for slang words arising from a diverse community; verification of the main occurrence in the use of such restricted words; analysis on the possible explanations for the phenomenon of the exiting of slang words from a restricted environment. Therefore, one contributes to the development of this interesting science which focuses the interwoven plots that exist between society and language, in such way that one observes the social and linguistic phenomena as a unison element resulting from a given community’s social and political development.Altino, Fabiane CristinaBusse, SanimarAguilera, Vanderci de AndradeSilva, William Fernandes Rabelo da2024-09-25T12:18:48Z2024-09-25T12:18:48Z2014-07-16info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://repositorio.uel.br/handle/123456789/17745porCLCH - Departamento de Letras Vernáculas e ClássicasPrograma de Pós-Graduação em Estudos da LinguagemUniversidade Estadual de Londrina - UELLondrina204 p.reponame:Repositório Institucional da UELinstname:Universidade Estadual de Londrina (UEL)instacron:UELinfo:eu-repo/semantics/openAccess2024-09-26T06:09:19Zoai:repositorio.uel.br:123456789/17745Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.bibliotecadigital.uel.br/PUBhttp://www.bibliotecadigital.uel.br/OAI/oai2.phpbcuel@uel.br||opendoar:2024-09-26T06:09:19Repositório Institucional da UEL - Universidade Estadual de Londrina (UEL)false |
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