Virando outro : uma leitura de A queda do céu a partir da antropofagia
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UEL |
Texto Completo: | https://repositorio.uel.br/handle/123456789/9601 |
Resumo: | Resumo: Esta pesquisa se constrói com o objetivo de estabelecer uma possibilidade de leitura da obra A queda do céu: palavras de um xamã yanomami (21) como práxis da Weltanschauung ou cosmovisão poético-filosófica Antropofágica, conforme proposta por Oswald de Andrade Oswald, tendo nascido no final do século XIX e vivido até meados do século XX, foi um dos expoentes do Modernismo no Brasil Bastante envolvido e interessado pelas vanguardas da época, Oswald encontra no chamado “primitivismo” algumas bases para a constituição de sua obra e do que viria a se tornar a Antropofagia Ao contrário das vanguardas europeias, Andrade não vê o primitivismo como algo “externo”, mas sim como algo próprio, nosso, constituinte da nossa história e que foi apagado pelo processo de colonização Assim, ele propõe um movimento de “reabilitação do primitivo”, que ocorreria através da prática da Antropofagia, ou seja, da deglutição dos valores do outro, do olhar voltado à alteridade, de releitura de um “passado” apagado (a partir do ponto de vista dos que foram silenciados) para reconstrução do tempo presente Anos mais tarde, no final do século XX, o líder indígena e xamã yanomami Davi Kopenawa e o seu amigo e antropólogo marroquino Bruce Albert, motivados por um senso de urgência diante da exploração ilegal da floresta amazônica, iniciam a escrita do que mais tarde (2 anos mais tarde) seria conhecido como A queda do céu Este livro de gênero único (testemunho autobiográfico, profecia xamânica, manifesto contra a destruição da floresta, livro de relatos yanomami, contra-antropologia, entre outras possíveis leituras) reúne uma série de narrativas contadas por Kopenawa em idioma yanomami e traduzidas, transcritas/escritas e estruturadas por Albert, num movimento de construção conjunta entre o indígena e o branco em prol da leitura (por parte do branco) do conhecimento e do ponto de vista yanomami Percebemos, nas narrativas contadas e no exercício de criação da própria obra, aproximações com o que Oswald pensou enquanto Antropofagia Para fazer esta leitura, tomamos como guia central os dois ensaios mais completos e mais maduros do modernista: “A Crise da Filosofia Messiânica” (195) e “A Marcha das Utopias” (1953) Assim, propomos a Antropofagia enquanto enlace teórico-poético de leitura do mundo e, nesse sentido, relacionamos a prática antropofágica (a partir da poesia, da narração e do compartilhamento) a (i) o mundo atual e às lutas e desafios que o concernem e (ii) a outros campos do conhecimento |
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Virando outro : uma leitura de A queda do céu a partir da antropofagiaAntropofagia (Movimento literário)Antropofagia (Literary movement)Resumo: Esta pesquisa se constrói com o objetivo de estabelecer uma possibilidade de leitura da obra A queda do céu: palavras de um xamã yanomami (21) como práxis da Weltanschauung ou cosmovisão poético-filosófica Antropofágica, conforme proposta por Oswald de Andrade Oswald, tendo nascido no final do século XIX e vivido até meados do século XX, foi um dos expoentes do Modernismo no Brasil Bastante envolvido e interessado pelas vanguardas da época, Oswald encontra no chamado “primitivismo” algumas bases para a constituição de sua obra e do que viria a se tornar a Antropofagia Ao contrário das vanguardas europeias, Andrade não vê o primitivismo como algo “externo”, mas sim como algo próprio, nosso, constituinte da nossa história e que foi apagado pelo processo de colonização Assim, ele propõe um movimento de “reabilitação do primitivo”, que ocorreria através da prática da Antropofagia, ou seja, da deglutição dos valores do outro, do olhar voltado à alteridade, de releitura de um “passado” apagado (a partir do ponto de vista dos que foram silenciados) para reconstrução do tempo presente Anos mais tarde, no final do século XX, o líder indígena e xamã yanomami Davi Kopenawa e o seu amigo e antropólogo marroquino Bruce Albert, motivados por um senso de urgência diante da exploração ilegal da floresta amazônica, iniciam a escrita do que mais tarde (2 anos mais tarde) seria conhecido como A queda do céu Este livro de gênero único (testemunho autobiográfico, profecia xamânica, manifesto contra a destruição da floresta, livro de relatos yanomami, contra-antropologia, entre outras possíveis leituras) reúne uma série de narrativas contadas por Kopenawa em idioma yanomami e traduzidas, transcritas/escritas e estruturadas por Albert, num movimento de construção conjunta entre o indígena e o branco em prol da leitura (por parte do branco) do conhecimento e do ponto de vista yanomami Percebemos, nas narrativas contadas e no exercício de criação da própria obra, aproximações com o que Oswald pensou enquanto Antropofagia Para fazer esta leitura, tomamos como guia central os dois ensaios mais completos e mais maduros do modernista: “A Crise da Filosofia Messiânica” (195) e “A Marcha das Utopias” (1953) Assim, propomos a Antropofagia enquanto enlace teórico-poético de leitura do mundo e, nesse sentido, relacionamos a prática antropofágica (a partir da poesia, da narração e do compartilhamento) a (i) o mundo atual e às lutas e desafios que o concernem e (ii) a outros campos do conhecimentoDissertação (Mestrado em Letras) - Universidade Estadual de Londrina, Centro de Letras e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em LetrasAbstract: This research aims to establish a reading possibility on the work Falling Sky: words of a Yanomami shaman (21) as praxis of the Anthropophagic poetic-philosophical Weltanschauung or cosmovision, as proposed by Oswald de Andrade Oswald, having been born at the end of the 19th century and living until the middle of the 2th century, was one of the exponents of Modernism in Brazil Quite involved and interested in the vanguards of the time, Oswald found in the so-called “primitivism” some bases for the constitution of his work and of what would become Anthropophagy Unlike the European avant-gardes, Andrade does not see primitivism as something "external", but rather as something of our own, as a constituting part of our history and which was erased by the colonization process Based on this, he proposes a movement of "rehabilitation of the primitive", which would occur through the practice of Anthropophagy, that is, swallowing the values of the other, looking at otherness, rereading an erased “past” (from the point of view of those who were silenced) to reconstruct the present time Years later, at the end of the 2th century, the indigenous leader and Yanomami shaman Davi Kopenawa and his friend and Moroccan anthropologist Bruce Albert, motivated by a sense of urgency in the face of illegal exploitation of the Amazon rainforest, began writing what later (2 years later) would be known as Falling Sky This unique genre book (autobiographical testimony, shamanic prophecy, manifesto against the destruction of the forest, Yanomami journal, counter-anthropology, among other possible readings) brings together a series of narratives told by Kopenawa in the Yanomami language and translated, transcribed/written, and structured by Albert, in a movement of joint construction between the indigenous and the white, in favor of the reading (by the white) of Yanomami’s knowledge and point of view We perceive, in the narrations told and on the creation of the work itself, approximations with what Oswald perceived ad Anthropophagy To orient this analysis, we take as a central guide the modernist's two most complete and mature essays: “A Crise da Filosofia Messiânica” (195) and “A Marcha das Utopias” (1953) Thus, we propose Anthropophagy as a theoretical-poetic link for reading the world and, in this sense, we relate anthropophagic practice (from poetry, narration and sharing) to (i) the current world and the struggles and challenges that concern it and (ii) to other fields of knowledgeRio Doce, Cláudia Camardella [Orientador]Cota, DéboraAlves, Regina Célia dos SantosMartins, Thaís Artoni2024-05-01T12:09:01Z2024-05-01T12:09:01Z2022.0019.04.2022info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://repositorio.uel.br/handle/123456789/9601porMestradoLetrasCentro de Letras e Ciências HumanasPrograma de Pós-Graduação em LetrasLondrinareponame:Repositório Institucional da UELinstname:Universidade Estadual de Londrina (UEL)instacron:UELinfo:eu-repo/semantics/openAccess2024-07-12T04:19:31Zoai:repositorio.uel.br:123456789/9601Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.bibliotecadigital.uel.br/PUBhttp://www.bibliotecadigital.uel.br/OAI/oai2.phpbcuel@uel.br||opendoar:2024-07-12T04:19:31Repositório Institucional da UEL - 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