Uso do véu islâmico : táticas, estratégias e resistência(s)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Bueno, Ana Lúcia Dacome
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Estadual de Maringá (RI-UEM)
Texto Completo: http://repositorio.uem.br:8080/jspui/handle/1/7041
Resumo: Orientadora: Prof.ª Dr.ª Roselene de Fátima Coito
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spelling Uso do véu islâmico : táticas, estratégias e resistência(s)Imagem - Análise - Véu IslâmicoMulheres - IslamismoResistência pós-colonialFoucault, Michel, 1926-1984 - Análise do discurso401.41Linguística, Letras e ArtesLetrasOrientadora: Prof.ª Dr.ª Roselene de Fátima CoitoDissertação (mestrado em Letras) - Universidade Estadual de Maringá, 2017Para Michel Foucault (1997, 2013), o discurso consiste em prática de poder que, articulando estrategicamente linguagem e saber, se imprime nas mais diversas materialidades e se difunde por todo o tecido social. Desde a modernidade, o poder estatal assume essa forma difusa de gerir a população a partir de diversos saberes, a fim de extrair-lhe - com o mínimo de recursos - a máxima potência de trabalho. Contudo, em meio a essa articulação microfísica do poder, os sujeitos a serem governados podem também encontrar brechas para erguer resistência, criando espaços de luta contra o poder em todo lugar onde ele está. Depreende-se então uma arquegenealogia do discurso, cujo fim último é contribuir para o combate ao pensamento unitário. Seu aparato teórico-metodológico é fundamental para os Estudos Pós-coloniais, como um amplo campo investigativo, que se propõe compreender como o conhecimento foi/é instrumentalizado para a prática do imperialismo e de influências neoimperiais. É sobre essas bases que Edward Said (2007) e Chandra T. Mohanty (1984) apontam o funcionamento de uma hegemonia discursiva eurocêntrica acerca da cultura e sujeitos islâmicos que se mostram úteis para o contínuo exercício de sua dominação, desde o período colonial até os dias atuais. Segundo feministas islâmicas, os ecos de um estereótipo de mulher islâmica como deseducada e sem poder, que Mohanty encontrou funcionando em textos de feministas ocidentais da década de 1980, se estendem até os dias atuais no contexto de proibição de usos do véu islâmico na França, onde as mulheres islâmicas que vivem no país foram desqualificadas para falar acerca de suas próprias questões. Diante disso, buscamos construir um percurso que colocasse a pertinência do pensamento de Foucault para compreender como seria possível pensar estratégias de luta contra esse discurso hegemônico de estereótipo. Para tanto, 1) visitamos suas concepções de discurso, sujeito, saber, poder, verdade e resistência; 2) buscamos expor seus diálogos com os estudos pós-coloniais no que diz respeito à questão de um estereótipo de inferiorização das mulheres islâmicas, que demonstramos circular sob representações imagéticas da proibição do uso do véu islâmico na França, 3) apresentamos a noção de resistência pós-colonial, por meio das artes proposta por Bill Ashcroft (2001), a partir da qual nos deparamos com interessantes imagens do uso do véu na produção independente irano-americana A Girl walks home alone at night, objeto principal de nosso trabalho, enquanto materialidade discursiva e resistência feminista pós-colonial, cujos sentidos acerca do véu se distanciam do estereótipo de mulher islâmica. A partir do agenciamento da personagem principal, encontramos no filme sentidos outros acerca do uso do véu islâmico que - sob regulações de uma tradição cinematográfica ocidental - rompem, ao estabelecer um jogo tático e estratégico por meio da imagem, com estereótipo de mulher islâmica como um sujeito monolítico, ao mesmo tempo em que enfrenta a hegemonia discursiva. Esses sentidos postos a circular sob a forma de um cinema digital aparecem como um processo de resistência feminista híbrida e pós-colonialTo Michel Foucault (1997, 2013), discourse consists of practice of power, which, when it strategically articulates language and knowledge, prints itself on the most diverse material expressions and diffuses itself throughout the whole social fabric. Since modernity, state power takes this diffuse form of managing the population through several kinds of knowledge to extract the greatest work potency from it with the least resources. However, amidst this microphysical articulation of power, the subjects to be governed can also find ruptures to raise resistance, creating spaces of fight against power wherever it is. From that comes an arch genealogy of discourse, whose main goal is to contribute to the fight against unitarist thought. Its methodological and theoretical apparatus is fundamental to postcolonial studies as a wide investigative field that seeks to understand how knowledge was/is used to the practice of imperialism and neo-imperial influences. It's on those bases that Edward Said (2007) and Chandra T. Mohanty (1984) point out the functioning of an eurocentric discourse hegemony about Islamic culture and individuals, which is useful for the continuous exercise of its domination from the colonial period to the present days. According to Islamic feminists, the echoes of a stereotype of Islamic women as uneducated and without power that Mohanty found functioning in texts by western feminists of the 1980 decade, persist to the present days in the context of the ban of the use of Islamic veil in France, by which Islamic women living in the country were disqualified to talk about their own matters. Confronted with that, we sought to build a path to show the pertinence of Foucault's thought to understand how it would be possible to think of fight strategies against that hegemonic speech of stereotype. For that sake 1) we visited his conceptions of discourse, individual, knowledge, power, truth and resistance; 2) we sought to expose his dialogues with the postcolonial studies when they're about stereotype of belittlement of Islamic women, who we demonstrate to circulate under imagetic representations of the ban of the use of the Islamic veil in France, 3) we present the notion of postcolonial resistance through the arts proposed by Bill Ashcroft (2001), from which we come across interesting images of the use of the veil in independent Iranian American production A Girl walks home alone at night, the main object of our paper as discursive materiality and postcolonial feminist resistance, whose senses about the veil distance themselves from the stereotype of an Islamic woman. From the agency of the main character, we found other meanings to the use of the Islamic veil in the movie which, under regulations of a Western cinematographic tradition, break the Islamic woman stereotype, as they establish a tactical and strategic game through image, with the Islamic woman stereotype as a monolithic subject at the same time it faces the discourse hegemony. As those meanings come about under the form of digital movies, they appear as a process of hybrid and postcolonial feminist resistance127 f. : il. (algumas col.).Universidade Estadual de MaringáPrograma de Pós-Graduação em LetrasMaringá, PRCentro de Ciências Humanas, Letras e ArtesCoito, Roselene de FátimaFeldman, Alba Krishna TopanFernandes, Cleudemar AlvesDias-Di Raimo, Luciana Cristina FerreiraBueno, Ana Lúcia Dacome2024-09-03T19:51:04Z2024-09-03T19:51:04Z2017info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfBUENO, Ana Lúcia Dacome. Uso do véu islâmico: táticas, estratégias e resistência(s). 2017. 127 f. Dissertação (mestrado em Letras) - Universidade Estadual de Maringá, 2017, Maringá, PR.http://repositorio.uem.br:8080/jspui/handle/1/7041info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Estadual de Maringá (RI-UEM)instname:Universidade Estadual de Maringá (UEM)instacron:UEM2024-09-03T19:57:48Zoai:localhost:1/7041Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.uem.br:8080/oai/requestopendoar:2024-09-03T19:57:48Repositório Institucional da Universidade Estadual de Maringá (RI-UEM) - Universidade Estadual de Maringá (UEM)false
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