Interações de cetáceos (subordem Odontoceti) com a pesca artesanal no Brasil
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEPB |
Texto Completo: | http://tede.bc.uepb.edu.br/jspui/handle/tede/4971 |
Resumo: | Os golfinhos são animais adaptados ao meio aquático habitando ambientes como mares, estuários e rios, além de se alimentarem de peixes, cefalópodes e crustáceos. Esses animais interagem com as atividades de pesca, o que resulta em interações positivas ou negativas, tanto para os pescadores quanto para os próprios animais. Essas interações já foram relatadas ao longo de todo o litoral brasileiro, o qual possui cerca de 1,084 milhão de pescadores artesanais atuando ao longo dos mais de 8.000 km da costa. Nesse sentido, para conservação das espécies de golfinhos é essencial que sejam analisados os tipos de interações que existem entre esses e a pesca, a fim de que esse reconhecimento possibilite o fomento de ações e desenvolvimento de estratégias de conservação, direcionadas, principalmente, às espécies mais ameaçadas pelas atividades pesqueiras. Buscando investigar as interações de cetáceos com a pesca artesanal, essa dissertação é formada por dois capítulos. Considerando a importância dos esforços empregados para avaliação das interações existentes entre pequenos cetáceos e a atividade pesqueira artesanal realizada na costa brasileira e em ambientes fluviais interiores, o primeiro manuscrito objetivou: a) compilar os estudos que consideram a pesca artesanal e suas interações com os pequenos cetáceos no Brasil; b) classificar as interações entre cetáceos e pesca artesanal registradas no Brasil e c) identificar as espécies de golfinhos registradas nos estudos. Para isso, foi realizada uma pesquisa bibliométrica nacional, de cunho predominante exploratório-descritivo. Para análise dos dados, tomou-se suporte da solução de análise e mapeamento baseada em nuvem (ArcGIS). Como resultados, foram registradas 36 publicações que tratavam sobre pesca artesanal e interações com cetáceos. Nos referidos estudos, foram identificados 12 tipos de interações existentes entre os cetáceos e a atividade pesqueira realizada na costa brasileira, das quais apenas sete (Emalhe, Colisão, Emaranhamento, Arpoamento, Roubo, Tocaia e Cooperação) seguiram as descrições disponíveis na literatura, sendo as demais, inclusas e descritas a partir das análises dos relatos obtidos pelos estudos analisados. Desse modo, as novas interações identificadas foram: Afastamento, Depredação, Descarte, Espantamento e Sinalização. Para mais, os estudos compilados abrangeram 43,2% (n = 16) das 37 espécies de odontocetos notificadas para o Brasil. As espécies de golfinhos mais citadas pelos pescadores foram Sotalia guianensis (n = 14; 21,2%), Tursiops truncatus (n = 12; 18,2%), Pontoporia blainvillei (n = 8; 12,1%), Inia geoffrensis (n = 7; 10,6%) e Sotalia fluviatilis (n = 5; 7,6%). Dessa forma, pode-se considerar que os trabalhos que enfocam o conhecimento das interações entre cetáceos e a pesca artesanal podem gerar dados que contribuem para o estabelecimento de diretrizes em planos de gestão e manejo de espécies de cetáceos e ecossistemas costeiros e fluviais em que essas espécies ocorram. O segundo manuscrito objetivou avaliar as interações de cetáceos com a pesca artesanal em uma Área de Proteção Ambiental (APA) marinha, localizada na plataforma continental da Paraíba, Nordeste do Brasil, a partir da aplicação de entrevistas com pescadores que realizam a atividade de pesca artesanal na APA Naufrágio Queimado. Para isso, fez-se uso de ferramentas etnográficas: diário de campo, formulários semiestruturados e utilização de pranchas ilustrativas com as imagens das espécies de golfinhos que ocorrem no litoral brasileiro. Um total de 41 entrevistas com pescadores de dez localidades foram realizadas. O barco de pesca 37% (n = 25) foi o tipo de embarcação mais utilizada, assim como a linha de mão se destacou (33%; n = 36) como o tipo de apetrecho mais utilizado pelos entrevistados. A pesca acidental de tartarugas e tubarões representou 26% (n = 28) de captura entre os animais não alvos da atividade. Todos os entrevistados (100%; n = 41) relataram avistar golfinhos durante a atividade de pesca artesanal. As espécies mais reportadas pelos pescadores foram Sotalia guianensis (39%; n = 27) e Tursiops truncatus (23%; n = 16). A interação do tipo Roubo (23%; n = 30) foi a mais citada pelos pescadores. A variável apetrecho de pesca demostrou relação significativa quanto a percepção dos pescadores frente às interações, o tamanho da embarcação apresentou relação significativa com todas as categorias de interação. Nossos dados mostram a necessidade do melhor entendimento da interação de cetáceos com a pesca, sobretudo a partir das percepções que pescadores têm sobre essas interações, com isso é preciso que ocorra um diálogo contínuo entre pescadores, pesquisadores e órgãos ambientais para compreensão das necessidades e desafios na gestão, uso sustentável e conservação de espécies e ecossistemas. |
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Interações de cetáceos (subordem Odontoceti) com a pesca artesanal no BrasilInteractions of cetaceans (suborder Odontoceti) with artisanal fishing in brazil.EtnoconhecimentoCetáceosRecurso pesqueiroConservaçãoCIENCIAS BIOLOGICAS::ECOLOGIAOs golfinhos são animais adaptados ao meio aquático habitando ambientes como mares, estuários e rios, além de se alimentarem de peixes, cefalópodes e crustáceos. Esses animais interagem com as atividades de pesca, o que resulta em interações positivas ou negativas, tanto para os pescadores quanto para os próprios animais. Essas interações já foram relatadas ao longo de todo o litoral brasileiro, o qual possui cerca de 1,084 milhão de pescadores artesanais atuando ao longo dos mais de 8.000 km da costa. Nesse sentido, para conservação das espécies de golfinhos é essencial que sejam analisados os tipos de interações que existem entre esses e a pesca, a fim de que esse reconhecimento possibilite o fomento de ações e desenvolvimento de estratégias de conservação, direcionadas, principalmente, às espécies mais ameaçadas pelas atividades pesqueiras. Buscando investigar as interações de cetáceos com a pesca artesanal, essa dissertação é formada por dois capítulos. Considerando a importância dos esforços empregados para avaliação das interações existentes entre pequenos cetáceos e a atividade pesqueira artesanal realizada na costa brasileira e em ambientes fluviais interiores, o primeiro manuscrito objetivou: a) compilar os estudos que consideram a pesca artesanal e suas interações com os pequenos cetáceos no Brasil; b) classificar as interações entre cetáceos e pesca artesanal registradas no Brasil e c) identificar as espécies de golfinhos registradas nos estudos. Para isso, foi realizada uma pesquisa bibliométrica nacional, de cunho predominante exploratório-descritivo. Para análise dos dados, tomou-se suporte da solução de análise e mapeamento baseada em nuvem (ArcGIS). Como resultados, foram registradas 36 publicações que tratavam sobre pesca artesanal e interações com cetáceos. Nos referidos estudos, foram identificados 12 tipos de interações existentes entre os cetáceos e a atividade pesqueira realizada na costa brasileira, das quais apenas sete (Emalhe, Colisão, Emaranhamento, Arpoamento, Roubo, Tocaia e Cooperação) seguiram as descrições disponíveis na literatura, sendo as demais, inclusas e descritas a partir das análises dos relatos obtidos pelos estudos analisados. Desse modo, as novas interações identificadas foram: Afastamento, Depredação, Descarte, Espantamento e Sinalização. Para mais, os estudos compilados abrangeram 43,2% (n = 16) das 37 espécies de odontocetos notificadas para o Brasil. As espécies de golfinhos mais citadas pelos pescadores foram Sotalia guianensis (n = 14; 21,2%), Tursiops truncatus (n = 12; 18,2%), Pontoporia blainvillei (n = 8; 12,1%), Inia geoffrensis (n = 7; 10,6%) e Sotalia fluviatilis (n = 5; 7,6%). Dessa forma, pode-se considerar que os trabalhos que enfocam o conhecimento das interações entre cetáceos e a pesca artesanal podem gerar dados que contribuem para o estabelecimento de diretrizes em planos de gestão e manejo de espécies de cetáceos e ecossistemas costeiros e fluviais em que essas espécies ocorram. O segundo manuscrito objetivou avaliar as interações de cetáceos com a pesca artesanal em uma Área de Proteção Ambiental (APA) marinha, localizada na plataforma continental da Paraíba, Nordeste do Brasil, a partir da aplicação de entrevistas com pescadores que realizam a atividade de pesca artesanal na APA Naufrágio Queimado. Para isso, fez-se uso de ferramentas etnográficas: diário de campo, formulários semiestruturados e utilização de pranchas ilustrativas com as imagens das espécies de golfinhos que ocorrem no litoral brasileiro. Um total de 41 entrevistas com pescadores de dez localidades foram realizadas. O barco de pesca 37% (n = 25) foi o tipo de embarcação mais utilizada, assim como a linha de mão se destacou (33%; n = 36) como o tipo de apetrecho mais utilizado pelos entrevistados. A pesca acidental de tartarugas e tubarões representou 26% (n = 28) de captura entre os animais não alvos da atividade. Todos os entrevistados (100%; n = 41) relataram avistar golfinhos durante a atividade de pesca artesanal. As espécies mais reportadas pelos pescadores foram Sotalia guianensis (39%; n = 27) e Tursiops truncatus (23%; n = 16). A interação do tipo Roubo (23%; n = 30) foi a mais citada pelos pescadores. A variável apetrecho de pesca demostrou relação significativa quanto a percepção dos pescadores frente às interações, o tamanho da embarcação apresentou relação significativa com todas as categorias de interação. Nossos dados mostram a necessidade do melhor entendimento da interação de cetáceos com a pesca, sobretudo a partir das percepções que pescadores têm sobre essas interações, com isso é preciso que ocorra um diálogo contínuo entre pescadores, pesquisadores e órgãos ambientais para compreensão das necessidades e desafios na gestão, uso sustentável e conservação de espécies e ecossistemas.Dolphins are aquatic animals adapted to living in environments such as seas, estuaries, and rivers, and they feed on fish, cephalopods, and crustaceans. These animals interact with fishing activities, which result in either positive or negative interactions for both fishermen and the animals themselves. These interactions have been reported along the entire Brazilian coast, which is home to approximately 1.084 million artisanal fishermen operating along over 8,000 km of coastline. Therefore, for the conservation of dolphin species, it is essential to analyze the types of interactions that exist between them and fishing, so that this recognition enables the promotion of actions and the development of conservation strategies, mainly directed towards species most threatened by fishing activities. In seeking to investigate interactions between cetaceans and artisanal fishing, this dissertation consists of two chapters. Considering the importance of efforts to assess existing interactions between small cetaceans and artisanal fishing activity along the Brazilian coast and inland river environments, the first manuscript aimed to: a) compile studies considering artisanal fishing and its interactions with small cetaceans in Brazil; b) classify interactions between cetaceans and artisanal fishing recorded in Brazil; and c) identify dolphin species recorded in the studies. For this purpose, a national bibliometric study with a predominantly exploratory-descriptive approach was conducted. ArcGIS cloud-based analysis and mapping solution were used for data analysis. Results revealed 36 publications addressing artisanal fishing and interactions with cetaceans. In these studies, 12 types of interactions between cetaceans and fishing activity along the Brazilian coast were identified, of which only seven (Entanglement, Collision, Netting, Harpooning, Theft, Ambush, and Cooperation) matched descriptions available in the literature, while the others were included and described based on analyses of reports obtained from the studies reviewed. The newly identified interactions were: Disturbance, Predation, Discard, Startle, and Signaling. Furthermore, the compiled studies encompassed 43.2% (n = 16) of the 37 odontocete species reported for Brazil. The dolphin species most mentioned by fishermen were Sotalia guianensis (n = 14; 21.2%), Tursiops truncatus (n = 12; 18.2%), Pontoporia blainvillei (n = 8; 12.1%), Inia geoffrensis (n = 7; 10.6%), and Sotalia fluviatilis (n = 5; 7.6%). Thus, it can be considered that studies focusing on understanding interactions between cetaceans and artisanal fishing can generate data that contribute to establishing guidelines in management plans and the conservation of cetacean species and coastal and riverine ecosystems where these species occur. The second manuscript aimed to evaluate interactions between cetaceans and artisanal fishing in a Marine Protected Area (MPA) located on the continental shelf of Paraíba, Northeast Brazil, through interviews with fishermen engaged in artisanal fishing within the Naufrágio Queimado MPA. Ethnographic tools were employed for this purpose: field diary, semi-structured questionnaires, and illustrative boards with images of dolphin species occurring on the Brazilian coast. A total of 41 interviews with fishermen from ten locations were conducted. Fishing boats (37%; n = 25) were the most commonly used type of vessel, while handlines stood out (33%; n = 36) as the most commonly used fishing gear by respondents. Accidental capture of turtles and sharks represented 26% (n = 28) of non-target animal captures. All respondents (100%; n = 41) reported sighting dolphins during artisanal fishing activities. The species most reported by fishermen were Sotalia guianensis (39%; n = 27) and Tursiops truncatus (23%; n = 16). Theft-type interaction (23%; n = 30) was the most cited by fishermen. The fishing gear variable showed a significant relationship with fishermen's perceptions of interactions, and boat size was significantly related to all interaction categories. Our data demonstrate the need for a better understanding of cetacean interactions with fishing, especially based on fishermen's perceptions of these interactions. Continuous dialogue between fishermen, researchers, and environmental agencies is necessary to understand the needs and challenges in the management, sustainable use, and conservation of species and ecosystems.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPESUniversidade Estadual da ParaíbaPró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa - PRPGPBrasilUEPBPrograma de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação - PPGECAzevêdo, Evaldo de Lirahttp://lattes.cnpq.br/3480779112786432Souto, Antonio da Silvahttp://lattes.cnpq.br/8138790759173268Barboza, Raynner Rilke Duartehttp://lattes.cnpq.br/6208572364795578Alves, Romulo Romeu da Nóbregahttp://lattes.cnpq.br/9947001739918371Silva, Breno Carvalho da2024-05-27T12:35:34Z2999-12-312024-02-27info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfSILVA, Breno Carvalho da. Interações de cetáceos (subordem Odontoceti) com a pesca artesanal no Brasil. 2024. 216 p. Dissertação (Mestrado em Ecologia e Conservação) - Universidade Estadual da Paraíba. Campina Grande, 2024.http://tede.bc.uepb.edu.br/jspui/handle/tede/4971porinfo:eu-repo/semantics/embargoedAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEPBinstname:Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)instacron:UEPB2024-05-27T12:35:48Zoai:tede.bc.uepb.edu.br:tede/4971Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://tede.bc.uepb.edu.br/jspui/PUBhttp://tede.bc.uepb.edu.br/oai/requestbc@uepb.edu.br||opendoar:2024-05-27T12:35:48Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)false |
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