Liquenivoria em térmitas: aumento do tamanho da placa molar e o efeito na sobrevivência dos termitófilos Corotoca em ninhos de Constrictotermes cyphergaster (Termitidae: Nasutitermitinae)

• Autor(a) principal: Moreira, Igor Eloi
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEPB
• Texto Completo: http://tede.bc.uepb.edu.br/jspui/handle/tede/4281
• topic: Liquens; Termitofilia; Ecologia alimentar; Filogenia; Phylogeny; Feeding ecology; Lichens; Termiteophy; CIENCIAS BIOLOGICAS::ECOLOGIA

Os térmitas (Blattodea: Termitoidae) são insetos eussociais reconhecidos pelo consumo de material vegetal e pela construção de ninhos, onde se acomodam milhares de indivíduos. Todavia, os térmitas não consomem apenas madeira, mas sim uma variedade de recursos, incluindo fungos, solo e carcaças de animais, além de líquens. Estes últimos são parte integral da dieta de cerca de 3% das espécies de térmitas, o que tem sido correlacionado ao seu valor nutricional. Devido à especificidade desse hábito, a literatura taxonômica aponta a existência de congruências interespecíficas na morfologia da mandíbula de operários liquenívoros, especificamente o tamanho da placa molar. Para testar essa hipótese, nós inspecionamos a literatura a respeito de informações sobre o hábito alimentar e a morfometria das mandíbulas dos operários de 37 espécies de cupins e construímos uma filogenia baseada em caracteres morfológicos e comportamentais, usando métodos analíticos filogeneticamente informados. Os resultados apontaram que o hábito liquenívoro está relacionado a um aumento da placa molar de cerca de 32%, e isso, provavelmente, é o resultado de convergência evolutiva entre os táxons estudados. Além de ser abrigo para os construtores, os ninhos de térmitas também abrigam vários organismos, vertebrados e invertebrados, que realizam diferentes categorias de interação com os hospedeiros. Um exemplo dessas relações é o que acontece entre o liquenívoro Constrictotermes cyphergaster (Nasutitermitinae) e o coleóptero Corotoca spp (Staphylinidae: Corotocini), em que o hospedeiro alimenta os besouros através de trofalaxia estomodeal. Através de bioensaio, testamos a sobrevivência do besouro e a frequência de trocas trofaláxicas em função da alimentação do hospedeiro (liquen, papel ou madeira). Nossa análise mostrou que dentre os alimentos testados, os líquens proporcionam menor sobrevivência ao termitófilo, o que pode ser atribuído à presença de substâncias liquênicas. Em adição, observamos que os besouros engajam-se em maior número de trofalaxia quando em contato com operários recém alimentados, sugerindo a existência de percepção a respeito dos hábitos do hospedeiro; o que teria fortes implicações para o comportamento desses organismos na colônia.