O Espelho de si: espiritualidade e autonomia feminina na literatura mística de Marguerite Porete.

• Autor(a) principal: Diniz, Janaína Oliveira
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEPB
• Texto Completo: http://tede.bc.uepb.edu.br/jspui/handle/tede/4304
• topic: Literatura francesa; Literatura mística; Autonomia feminina; Interioridade; Mística feminina; LINGUISTICA, LETRAS E ARTES

Nossa pesquisa, intitulada O Espelho de si: espiritualidade e autonomia feminina na literatura mística de Marguerite Porete, consiste em indagar a atuação da mulher medieval, ressaltando questões referentes às relações de poder entre essa e a Igreja, assim como, sua espiritualidade e seu processo intelectual, literário e linguístico, embasados no cerne da mística feminina do século XIII, período que consiste no florescimento e autonomia da mística cristã no Ocidente. Temos como objeto de estudo a obra O Espelho das Almas Simples e aniquiladas e que permanecem somente na vontade e no desejo do Amor, da autora francesa Marguerite Porete, representante do estilo de vida beguinal e atuante em seu contexto sociocultural que, por meio de sua literatura mística, em nosso estudo representará, junto a seu livro, alguns aspectos da autonomia feminina no período medieval. Propomos, aqui, analisar o itinerário poretiano, de maneira a compreender seu percurso de elevação espiritual, desenvolvido com base na temática dos sete graus da Alma que servem de fio condutor para o aniquilamento, enfatizando o quinto e o sexto graus que nos anunciam a presença de uma interioridade ou de um eu que reflete sobre suas ações e acaba por conhecer a si mesmo quando se torna una com Deus. Portanto, descrevemos a jornada espiritual percorrida pela personagem Alma que deseja atingir o aniquilamento e destacamos que o processo de aniquilação perpassa o âmbito espiritual, inserindo Marguerite Porete em seu contexto como personagem atuante da história da mulher medieval por intermédio de sua oralidade e sua escrita, entendidas como o lugar de onde ela fala, por executar uma linguagem própria que ressignifica a literatura cortês e os dogmas religiosos, transformando-a em um sujeito de atuação do qual emana o discurso. Nessa perspectiva, compreendemos ser a obra um relato da experiência mística de Porete que acaba refletido nos acontecimentos de sua vida. Com isso, o itinerário místico além de tratado espiritual é visto como representação da conjectura social de sua autora, uma escrita de si. Para tanto, adotamos as seguintes referências teóricas NOGUEIRA (2017; 2019; 2020), CERTEAU (2015), FEDERICI (2017), BARROS (2012; 2017), MCGINN (2012; 2017), MARIANI (2008), SCHWARTZ (2005), PERROT (2019), dentre outras.