Lourdes Ramalho e a contranarrativa do mito fundacional da nação em perspectiva regional: leituras de dois textos – A guerreira Joanita Guabiraba e Guiomar filha da mãe...

• Autor(a) principal: Batista, Fernanda Félix da Costa
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEPB
• Texto Completo: http://tede.bc.uepb.edu.br/jspui/handle/tede/3452
• topic: 1. Nordeste. 2. Mito de fundação. 3. Regionalismo. 4. Regionalidade.; CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS

Trata-se de uma análise-intepretação de dois textos de Lourdes Ramalho, a saber: “A guerreira Joanita Guabiraba” (inédito) e “Guiomar filha da mãe” (2003). Para as discussões empreendidas nesta pesquisa, parte-se das relações travadas pela autora em busca de espaço como dramaturga no cenário local/reginal, a partir dos anos 1970 e, posteriormente, em âmbito nacional. Diante disso, discute-se sobre o apagamento dessa dramaturgia em um momento histórico em que despontam inúmeras vozes femininas nos palcos brasileiros. Dadas as configurações da dramaturgia ramalhiana e a centralidade das personagens femininas que atravessam os três ciclos dessa produção, a saber: o primeiro ciclo, com duração de 1970 a 1990; o segundo ciclo de 1990 a 2000; e o terceiro ciclo, denominado “ciclo enclave”, tem-se como objetivo principal compreender as contribuições dessa literatura para uma poética da dramaturgia nordestina, a partir da tessitura de uma contranarrativa do mito de fundação da nação nas duas obras citadas. Assim, observa-se como se dá o discurso contrahegemônico em “A guerreira Joanita Guabiraba” e “Guiomar filha da mãe”, pertencentes ao ciclo enclave dessa dramaturgia e constituintes do eixo temático que coloca as mulheres como detentoras do poder e, portanto, formadoras de um ordem matriarcal. Para tanto, a autora constrói narrativas que destronam os mitos de fundação criados ao longo da história nacional por grupos dominantes e reproduzidos como verdade. Confirma-se, então, a visão de comunidade imaginada de Anderson (2008), ao mostrar as ideias nacionais e limites regionais como divisões imaginárias, pautadas em interesses políticos e econômicos, e como tais fatores influenciaram o silenciamento da obra ramalhiana nos palcos nacionais. Observam-se, ainda, as dinâmicas que envolvem as definições de região, regionalismo e regionalidade e as influências de cada um desses aspectos nas obras analisadas. Além disso, apresentam-se as discussões de Albuquerque Jr. (2011) sobre a invenção do Nordeste e como essa construção discursiva influencia a obra ramalhiana e a crítica literária nacional. Para tanto, consideram-se como principais aportes teóricos, além dos já citados, os estudos de Maciel (2012) e Andrade (2012), Hobsbawm (1984), Bhabha (1998), Chauí (2006) e Sommer (2004).