Nas fronteiras da nação: relações entre identidade nacional e discursos sobre a história do Brasil construídos por jovens da cidade de Ponta Grossa – PR

• Autor(a) principal: Klüppel, Giuvane de Souza
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEPG
• Texto Completo: http://tede2.uepg.br/jspui/handle/prefix/3551
• topic: CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES; Identidade nacional; Análise de Discurso Crítica; História do Brasil; Jovens; Sexo e Pertencimento étnico-racial; National Identity; Critical Discourse Analysis; History of Brazil; Youth; Sex and Ethnic-racial belonging

Esta dissertação investiga elementos relacionados à identidade nacional a partir de discursos que constroem a história do Brasil. O objetivo geral foi investigar as relações entre a identidade nacional e os discursos sobre a história do Brasil construídos por jovens de 12-24 anos da cidade de Ponta Grossa, no Paraná, tendo em conta as variáveis de sexo e pertencimento étnico-racial. Os objetivos específicos foram: 1. Entender como determinados elementos como conceitos, personagens e acontecimentos interagem e são organizados dentro de diferentes conjuntos discursivos, organizados através das variáveis de sexo e pertencimento étnico-racial; 2. Identificar elementos que estejam relacionados à identidade nacional, tendo em conta os referentes da vida em comunidade, além das categorias de identificação, pertencimento e agência; 3. Compreender se existem e quais são as relações estabelecidas para com o discurso canônico sobre a história do Brasil, e se há direcionamentos específicos dentro de grupos organizados em torno das variáveis sexo e pertencimento étnico-racial. Tendo-se em conta os objetivos, foram analisados 277 discursos coletados no ano de 2018 em três instituições formais públicas de nível fundamental, médio e superior da cidade de Ponta Grossa, no Paraná. Jovens de idade entre 12 e 24 anos responderam a um instrumento impresso que continha, dentre outras informações como sobre seu sexo e pertencimento étnico-racial, a consigna “por favor, conte a história do seu país”. As respostas foram sistematizadas a partir de softwares de uso livre para a criação de grafos para análise em rede. A análise de um primeiro grafo, composto por palavras, permitiu o levantamento de hipóteses preliminares e a criação de categorias para marcar os textos com o intuito de criar um segundo grafo, composto por categorias de análise. O campo da Análise de Discurso Crítica (ADC) balizou, junto aos objetivos da pesquisa, a criação das categorias de análise e, posteriormente, a marcação e a análise dos discursos e dos grafos. As categorias são organizadas a partir de três elementos-chave que integram a identidade nacional: identificação, pertencimento e agência. Em um primeiro momento a atenção foi dedicada à análise do conjunto geral, composto pelos 277 discursos. Depois, os discursos foram separados em subconjuntos, um organizado através dos dados sobre o sexo (masculino e feminino), e outro através do pertencimento étnico-racial declarado pelos jovens, esta última girando apenas em torno de brancos e negros, em virtude da pouca expressão quantitativa das demais respostas. Os resultados da análise se dividem em múltiplos níveis, gravitando em torno de três tópicos centrais: o coletivo nacional, a nação e a história. No que diz respeito ao conteúdo, foi possível averiguar que os discursos se concentram no passado, em especial no evento fundador da história do país, que os jovens chamam de “descobrimento”. As diferenças entre os subconjuntos são diversas. Entre os jovens negros e brancos há uma diferença quantitativa: ambos constroem uma história semelhante, mas estes últimos trazem mais nuances. Entre os jovens do sexo feminino e masculino há uma diferença qualitativa: os jovens dão ênfase à história política, e as jovens a aspectos sociais e econômicos, dando mais atenção a coletivos ligados à diversidade e a temas relacionados à exploração. Enquanto os jovens estabelecem uma relação mais intensa com o passado distante, recheado de personagens, as jovens, na ausência de personagens mulheres em sua história, estabelecem relações com o coletivo nacional, dando mais espaço em seu discurso para o presente e a prospecção de futuro. Essas diferenças tensionam a relação de identidade nacional nos termos da identificação, do pertencimento e da agência individual dos jovens, que variam junto à esfera temporal que dá enredo aos discursos.