José Carlos Mariátegui e o fascismo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Bergel, Martín
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Maracanan (Online)
Texto Completo: https://www.e-publicacoes.uerj.br/maracanan/article/view/76556
Resumo: Nas tradições do pensamento das esquerdas latino-americanas, não são abundantes as elaborações sobre as formas dos movimentos de direita. José Carlos Mariátegui constitui uma das poucas exceções nesse panorama geral. Este ensaio, que trata de suas abordagens do fascismo italiano, está dividido em duas seções. Em primeiro lugar, destacam-se três dimensões de análise dos ensaios de Mariátegui sobre as direitas emergentes na Europa do pós-guerra, particularmente nos textos reunidos em sua “Biologia do Fascismo”. Essas três dimensões, argumenta-se, delinearam problemas que foram posteriormente elaborados por autores que se tornaram referências da historiografia contemporânea sobre o fascismo (esse exercício não pensa em Mariátegui em termos de “antecedente” dessa historiografia, mas simplesmente busca destacar algumas de suas intuições). Em segundo lugar, postula-se que Mariátegui fez uma leitura não preconceituosa do fascismo, que buscou entendê-lo em sua lógica própria e atentando às suas novidades. Apesar de situar o fascismo como um movimento contrarrevolucionário que se localizava no campo inimigo do socialismo e do proletariado internacional, Mariátegui extraiu elementos que estavam em harmonia com o clima cultural da época e que poderiam ser readaptados em um projeto socialista. O fascismo foi, em última análise, um laboratório prático que complementou suas leituras de Georges Sorel (em alguns casos antecipando-as) para a elaboração do tema do mito, fator-chave em sua filosofia política.
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