ENTRE PASSADO E FUTURO: MEMÓRIA SOCIAL DO QUILOMBO DO ROSA – MACAPÁ, AMAPÁ

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, David Junior de Souza
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Geo UERJ
Texto Completo: https://www.e-publicacoes.uerj.br/geouerj/article/view/34285
Resumo: O Quilombo do Rosa iniciou, assim como muitas comunidades quilombolas no Amapá, o processo de reconhecimento quilombola e titulação territorial no início do século XXI. Não lhe sendo garantido acesso imediato aos seus direitos constitucionais, a efetivação de sua cidadania depende de uma mobilização política por parte da comunidade. O objetivo da pesquisa é interpretar o significado da memória social da comunidade na sua contemporânea mobilização por reconhecimento de sua cidadania. Busca-se assim interpretar o lugar do passado na construção do futuro da comunidade. A metodologia adotada foi a da etnografia junto à comunidade, mais precisamente a modalidade da “etnografia histórica” (SAHLINS, 1993), e sob o referencial teórico que explica as relações entre memória e espaço (HALBWACHS, 1990). Como resultados, identificamos que o passado é fonte de força política da comunidade, não apenas no sentido de dele emanar a legitimação do direito reivindicado, mas também de dele emanar a motivação, o sentido e a força moral para a luta. No passado recente, o assassinato de Benedito, patriarca da comunidade, produziu o elemento emocional que é a principal fonte de força política da comunidade. Este assassinato está vivo na consciência e na estrutura afetiva dos seus filhos. Diante da dor e do impacto desta injustiça, hoje o sentido de defender o território mistura-se com o sentido de proteção de Maria Geralda, a matriarca, viúva de Benedito. No outro extremo, a memória do passado mais longínquo, alcançado quase que exclusivamente pela imaginação, sua ancestralidade africana, desempenha papel fundamental na sintaxe da luta por direitos, pois é a fonte de legitimidade e de sentido da mais significativa estratégia de territorialização contemporânea da comunidade: sua auto-identificação como quilombola.
id UERJ-21_897fd68b55077f66e96508e6629d4f74
oai_identifier_str oai:ojs.www.e-publicacoes.uerj.br:article/34285
network_acronym_str UERJ-21
network_name_str Geo UERJ
repository_id_str
spelling ENTRE PASSADO E FUTURO: MEMÓRIA SOCIAL DO QUILOMBO DO ROSA – MACAPÁ, AMAPÁBETWEEN PAST AND FUTURE: SOCIAL MEMORY OF QUILOMBO OF ROSA – MACAPÁ, AMAPÁMovimento Quilombola. Cidadania étnica. Conflitos Territoriais. Amapá. Amazônia.Quilombola Movement. Ethnic citizenship. Territorial Conflicts. Amapá. Brazilian Amazon.O Quilombo do Rosa iniciou, assim como muitas comunidades quilombolas no Amapá, o processo de reconhecimento quilombola e titulação territorial no início do século XXI. Não lhe sendo garantido acesso imediato aos seus direitos constitucionais, a efetivação de sua cidadania depende de uma mobilização política por parte da comunidade. O objetivo da pesquisa é interpretar o significado da memória social da comunidade na sua contemporânea mobilização por reconhecimento de sua cidadania. Busca-se assim interpretar o lugar do passado na construção do futuro da comunidade. A metodologia adotada foi a da etnografia junto à comunidade, mais precisamente a modalidade da “etnografia histórica” (SAHLINS, 1993), e sob o referencial teórico que explica as relações entre memória e espaço (HALBWACHS, 1990). Como resultados, identificamos que o passado é fonte de força política da comunidade, não apenas no sentido de dele emanar a legitimação do direito reivindicado, mas também de dele emanar a motivação, o sentido e a força moral para a luta. No passado recente, o assassinato de Benedito, patriarca da comunidade, produziu o elemento emocional que é a principal fonte de força política da comunidade. Este assassinato está vivo na consciência e na estrutura afetiva dos seus filhos. Diante da dor e do impacto desta injustiça, hoje o sentido de defender o território mistura-se com o sentido de proteção de Maria Geralda, a matriarca, viúva de Benedito. No outro extremo, a memória do passado mais longínquo, alcançado quase que exclusivamente pela imaginação, sua ancestralidade africana, desempenha papel fundamental na sintaxe da luta por direitos, pois é a fonte de legitimidade e de sentido da mais significativa estratégia de territorialização contemporânea da comunidade: sua auto-identificação como quilombola.The Quilombo do Rosa started, as well as many quilombola communities in Amapá, the quilombola recognition process and territorial titling at the beginning of the 21st century. Not being guaranteed immediate access to their constitutional rights, the realization of their citizenship depends on a political mobilization on the part of the community. The purpose of the research is to interpret the meaning of the social memory of the community in its contemporary mobilization by recognition of its citizenship. It seeks to interpret the place of the past in the construction of the future of the community. The methodology adopted was that of ethnography with the community, more precisely the mode of "historical ethnography" (Sahlins, 1993), and under the theoretical framework that explains the relations between memory and space (Halbwachs, 1990). As results, we identify that the past is the source of political strength of the community, not only in the sense that it emanates the legitimation of the right claimed, but also of emanating the motivation, meaning and moral force for the struggle. In the recent past, the murder of Benedito, patriarch of the community, produced the emotional element that is the main source of political strength of the community. This murder is alive in the conscience and affective structure of their children. Faced with the pain and the impact of this injustice, today the sense of defending the territory mixes with the sense of protection of Maria Geralda, the matriarch, widow of Benedito. At the other extreme, the memory of the more distant past, almost exclusively achieved by imagination, its African ancestry, plays a fundamental role in the syntax of the struggle for rights, since it is the source of legitimacy and meaning of the most significant strategy of contemporary territorialization of the community : his self-identification as a quilombola.Universidade do Estado do Rio de Janeiro2020-12-30info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.e-publicacoes.uerj.br/geouerj/article/view/3428510.12957/geouerj.2020.34285Geo UERJ; n. 37 (2020): Jul/Dez - Olhares Geográficos sobre o Moçambique; e342851981-90211415-7543reponame:Geo UERJinstname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)instacron:UERJporhttps://www.e-publicacoes.uerj.br/geouerj/article/view/34285/36602Copyright (c) 2020 Geo UERJinfo:eu-repo/semantics/openAccessSilva, David Junior de Souza2022-02-20T22:23:21Zoai:ojs.www.e-publicacoes.uerj.br:article/34285Revistahttps://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/geouerjPUBhttps://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/geouerj/oaitunesregina@gmail.com || ppeuerj@eduerj.uerj.br || geouerj.revista@gmail.com || glauciomarafon@hotmail.com1981-90211415-7543opendoar:2022-02-20T22:23:21Geo UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)false
dc.title.none.fl_str_mv ENTRE PASSADO E FUTURO: MEMÓRIA SOCIAL DO QUILOMBO DO ROSA – MACAPÁ, AMAPÁ
BETWEEN PAST AND FUTURE: SOCIAL MEMORY OF QUILOMBO OF ROSA – MACAPÁ, AMAPÁ
title ENTRE PASSADO E FUTURO: MEMÓRIA SOCIAL DO QUILOMBO DO ROSA – MACAPÁ, AMAPÁ
spellingShingle ENTRE PASSADO E FUTURO: MEMÓRIA SOCIAL DO QUILOMBO DO ROSA – MACAPÁ, AMAPÁ
Silva, David Junior de Souza
Movimento Quilombola. Cidadania étnica. Conflitos Territoriais. Amapá. Amazônia.
Quilombola Movement. Ethnic citizenship. Territorial Conflicts. Amapá. Brazilian Amazon.
title_short ENTRE PASSADO E FUTURO: MEMÓRIA SOCIAL DO QUILOMBO DO ROSA – MACAPÁ, AMAPÁ
title_full ENTRE PASSADO E FUTURO: MEMÓRIA SOCIAL DO QUILOMBO DO ROSA – MACAPÁ, AMAPÁ
title_fullStr ENTRE PASSADO E FUTURO: MEMÓRIA SOCIAL DO QUILOMBO DO ROSA – MACAPÁ, AMAPÁ
title_full_unstemmed ENTRE PASSADO E FUTURO: MEMÓRIA SOCIAL DO QUILOMBO DO ROSA – MACAPÁ, AMAPÁ
title_sort ENTRE PASSADO E FUTURO: MEMÓRIA SOCIAL DO QUILOMBO DO ROSA – MACAPÁ, AMAPÁ
author Silva, David Junior de Souza
author_facet Silva, David Junior de Souza
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Silva, David Junior de Souza
dc.subject.por.fl_str_mv Movimento Quilombola. Cidadania étnica. Conflitos Territoriais. Amapá. Amazônia.
Quilombola Movement. Ethnic citizenship. Territorial Conflicts. Amapá. Brazilian Amazon.
topic Movimento Quilombola. Cidadania étnica. Conflitos Territoriais. Amapá. Amazônia.
Quilombola Movement. Ethnic citizenship. Territorial Conflicts. Amapá. Brazilian Amazon.
description O Quilombo do Rosa iniciou, assim como muitas comunidades quilombolas no Amapá, o processo de reconhecimento quilombola e titulação territorial no início do século XXI. Não lhe sendo garantido acesso imediato aos seus direitos constitucionais, a efetivação de sua cidadania depende de uma mobilização política por parte da comunidade. O objetivo da pesquisa é interpretar o significado da memória social da comunidade na sua contemporânea mobilização por reconhecimento de sua cidadania. Busca-se assim interpretar o lugar do passado na construção do futuro da comunidade. A metodologia adotada foi a da etnografia junto à comunidade, mais precisamente a modalidade da “etnografia histórica” (SAHLINS, 1993), e sob o referencial teórico que explica as relações entre memória e espaço (HALBWACHS, 1990). Como resultados, identificamos que o passado é fonte de força política da comunidade, não apenas no sentido de dele emanar a legitimação do direito reivindicado, mas também de dele emanar a motivação, o sentido e a força moral para a luta. No passado recente, o assassinato de Benedito, patriarca da comunidade, produziu o elemento emocional que é a principal fonte de força política da comunidade. Este assassinato está vivo na consciência e na estrutura afetiva dos seus filhos. Diante da dor e do impacto desta injustiça, hoje o sentido de defender o território mistura-se com o sentido de proteção de Maria Geralda, a matriarca, viúva de Benedito. No outro extremo, a memória do passado mais longínquo, alcançado quase que exclusivamente pela imaginação, sua ancestralidade africana, desempenha papel fundamental na sintaxe da luta por direitos, pois é a fonte de legitimidade e de sentido da mais significativa estratégia de territorialização contemporânea da comunidade: sua auto-identificação como quilombola.
publishDate 2020
dc.date.none.fl_str_mv 2020-12-30
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://www.e-publicacoes.uerj.br/geouerj/article/view/34285
10.12957/geouerj.2020.34285
url https://www.e-publicacoes.uerj.br/geouerj/article/view/34285
identifier_str_mv 10.12957/geouerj.2020.34285
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://www.e-publicacoes.uerj.br/geouerj/article/view/34285/36602
dc.rights.driver.fl_str_mv Copyright (c) 2020 Geo UERJ
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Copyright (c) 2020 Geo UERJ
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade do Estado do Rio de Janeiro
publisher.none.fl_str_mv Universidade do Estado do Rio de Janeiro
dc.source.none.fl_str_mv Geo UERJ; n. 37 (2020): Jul/Dez - Olhares Geográficos sobre o Moçambique; e34285
1981-9021
1415-7543
reponame:Geo UERJ
instname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
instacron:UERJ
instname_str Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
instacron_str UERJ
institution UERJ
reponame_str Geo UERJ
collection Geo UERJ
repository.name.fl_str_mv Geo UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
repository.mail.fl_str_mv tunesregina@gmail.com || ppeuerj@eduerj.uerj.br || geouerj.revista@gmail.com || glauciomarafon@hotmail.com
_version_ 1799317529038946304