a língua da escola: alienadora ou emancipadora?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: masschelein, jan
Data de Publicação: 2017
Outros Autores: simons, maarten
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Childhood & Philosophy (Rio de Janeiro. Online)
Texto Completo: https://www.e-publicacoes.uerj.br/childhood/article/view/28318
Resumo: A escola frequentemente é acusada como uma maquinaria normalizadora, colonizadora e alienante que está mais ou menos impondo e reproduzindo violentamente uma certa ordem social, principalmente mediante a língua usada e (a ser) aprendida. Algumas dessas análises são famosas. Uma delas, a sociolinguística de Basil Bernstein, faz uma distinção entre o uso de um código restrito e um elaborado, e sugere uma clara relação disso com a classe social. Outra delas é o ataque afiado de Illich à maneira pela qual várias autoridades políticas impõem uma língua ‘nacional’, desvalorizando desse modo línguas vernáculas. E outra, obviamente, é a crítica de Paulo Freire à maneira pela qual as ‘palavras’ (língua) do grupo social dominante (os opressores) não somente alienam os oprimidos de suas experiências, mas também operam como um mecanismo que instala e reproduz a injusta ordem social existente. Ainda que reconheçamos a importância e o valor dessas análises, em nossa contribuição argumentaremos, desde uma perspectiva estritamente pedagógica, que a escola sempre implica uma ruptura e um impacto (violentos) nas línguas ‘naturais’ (incluindo, de qualquer forma, também a língua do grupo dominante). E tentaremos indicar que, se a escola de fato opera como uma escola (isto é, não como uma instituição, mas como um tipo muito específico de se reunir pessoas e coisas, o qual espacializa ‘tempo livre’ e gramaticaliza o mundo), então a língua da escola também é uma língua por vir (ou em-form-ação), que invoca também uma comunidade por vir. Por consequência, a língua escolar é sempre artificial e em formação, e precisamente por isso, é também realmente emancipadora.  
id UERJ-22_02165ac9cd913ef54a04505d1293eab3
oai_identifier_str oai:ojs.www.e-publicacoes.uerj.br:article/28318
network_acronym_str UERJ-22
network_name_str Childhood & Philosophy (Rio de Janeiro. Online)
repository_id_str
spelling a língua da escola: alienadora ou emancipadora?the language of the school: alienating or emancipating?la lengua de la escuela: ¿alienadora o emancipadora?escolapedagogiacavernaA escola frequentemente é acusada como uma maquinaria normalizadora, colonizadora e alienante que está mais ou menos impondo e reproduzindo violentamente uma certa ordem social, principalmente mediante a língua usada e (a ser) aprendida. Algumas dessas análises são famosas. Uma delas, a sociolinguística de Basil Bernstein, faz uma distinção entre o uso de um código restrito e um elaborado, e sugere uma clara relação disso com a classe social. Outra delas é o ataque afiado de Illich à maneira pela qual várias autoridades políticas impõem uma língua ‘nacional’, desvalorizando desse modo línguas vernáculas. E outra, obviamente, é a crítica de Paulo Freire à maneira pela qual as ‘palavras’ (língua) do grupo social dominante (os opressores) não somente alienam os oprimidos de suas experiências, mas também operam como um mecanismo que instala e reproduz a injusta ordem social existente. Ainda que reconheçamos a importância e o valor dessas análises, em nossa contribuição argumentaremos, desde uma perspectiva estritamente pedagógica, que a escola sempre implica uma ruptura e um impacto (violentos) nas línguas ‘naturais’ (incluindo, de qualquer forma, também a língua do grupo dominante). E tentaremos indicar que, se a escola de fato opera como uma escola (isto é, não como uma instituição, mas como um tipo muito específico de se reunir pessoas e coisas, o qual espacializa ‘tempo livre’ e gramaticaliza o mundo), então a língua da escola também é uma língua por vir (ou em-form-ação), que invoca também uma comunidade por vir. Por consequência, a língua escolar é sempre artificial e em formação, e precisamente por isso, é também realmente emancipadora.  The school has often been accused of being a normalizing, colonizing and alienating machinery that is more of less violently imposing and reproducing a certain social order and this mainly through the language which is used and (to be) learned. Some of the analyses are famous. The sociolinguistic one of Basil Bernstein making a distinction between the use of a restricted and an elaborated code and suggesting a clear relation to social class. Illich’ sharp attack of the way in which various political authorities imposed one ‘national’ language thereby devaluating vernacular languages. And of course, Paulo Freire’s critique of the way in which the ‘words’ (language) of the dominant social group (the oppressors) not only alienate the oppressed from their experiences but also operates as a mechanism to install and reproduce the existing unjust social order. While recognizing the importance and value of these analyses, in our contribution we will argue from a strictly pedagogical perspective that school always implies a (violent) rupture and impingement on the ‘natural’ language (including however also the language of the dominant group). And we will try to indicate that if the school actually operates as a school (that is not as an institution, but as a very particular kind of gathering of people and things that spatializes ‘free time’ and grammatizes the world), then the language of the school is also always a language to come (or in-form-ation) which invokes also a community to come. And hence, school language is always artificial and in the making and precisely therefore also truly emancipating.La escuela frecuentemente es acusada como una maquinaria normalizadora, colonizadora y alienante que está más o menos imponiendo o reproduciendo violentamente una cierta orden social, principalmente mediante la lengua usada y (a ser) aprendida. Alguno de esos análisis son famosos. Uno de ellos, la socioliguistica de Basil Berntein, hace una distinción entre el uso de un código restricto y uno elaborado y sugiere una clara relación de eso con la clase social. Otra de ellas es el afilado ataque de Illich, la manera por la cual varias autoridades políticas impone una lengua “nacional” desvalorizando de este modo lenguas vernáculas. Y otra, obviamente, es la crítica de Paulo Freire a la manera por la cual las “palabras” (lengua) del grupo social dominante (los opresores) no solamente alienan los oprimidos de sus experiencias, sino también operan como un mecanismo que instala y reproduce la injusta orden social existente. Aunque reconozcamos la importancia y el valor de esos análisis, en nuestra contribución argumentamos, desde una perspectiva estrictamente pedagógica, que la escuela siempre implica una ruptura y un impacto (violento) en las lenguas “naturales” (incluyendo, de cualquier forma, también la lengua del grupo dominante). E intentaremos indicar que, si la escuela de hecho opera como una escuela (esto es, no como una institución, pero como un tipo específico de reunir personas y cosas, lo cual espacializa “tiempo libre” y gramatizaliza el mundo), entonces la lengua de la escuela es también una lengua por venir (o en-forma-ción), que invoca también una comunidad por venir. En consecuencia, la lengua escolar es siempre artificial y en formación, y precisamente por eso, es también realmente emancipadora.Universidade do Estado do Rio de Janeiro2017-04-17info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.e-publicacoes.uerj.br/childhood/article/view/2831810.12957/childphilo.2017.28318childhood & philosophy; Vol. 13 Núm. 27 (2017): mayo/ago.; 193-212childhood & philosophy; v. 13 n. 27 (2017): maio/ago.; 193-212childhood & philosophy; Vol. 13 No. 27 (2017): may/aug.; 193-2121984-5987reponame:Childhood & Philosophy (Rio de Janeiro. Online)instname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)instacron:UERJporhttps://www.e-publicacoes.uerj.br/childhood/article/view/28318/20368masschelein, jansimons, maarteninfo:eu-repo/semantics/openAccess2017-05-01T22:38:00Zoai:ojs.www.e-publicacoes.uerj.br:article/28318Revistahttps://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/childhoodPUBhttps://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/childhood/oaiwokohan@gmail.com || wokohan@gmail.com1984-59871984-5987opendoar:2017-05-01T22:38Childhood & Philosophy (Rio de Janeiro. Online) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)false
dc.title.none.fl_str_mv a língua da escola: alienadora ou emancipadora?
the language of the school: alienating or emancipating?
la lengua de la escuela: ¿alienadora o emancipadora?
title a língua da escola: alienadora ou emancipadora?
spellingShingle a língua da escola: alienadora ou emancipadora?
masschelein, jan
escola
pedagogia
caverna
title_short a língua da escola: alienadora ou emancipadora?
title_full a língua da escola: alienadora ou emancipadora?
title_fullStr a língua da escola: alienadora ou emancipadora?
title_full_unstemmed a língua da escola: alienadora ou emancipadora?
title_sort a língua da escola: alienadora ou emancipadora?
author masschelein, jan
author_facet masschelein, jan
simons, maarten
author_role author
author2 simons, maarten
author2_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv masschelein, jan
simons, maarten
dc.subject.por.fl_str_mv escola
pedagogia
caverna
topic escola
pedagogia
caverna
description A escola frequentemente é acusada como uma maquinaria normalizadora, colonizadora e alienante que está mais ou menos impondo e reproduzindo violentamente uma certa ordem social, principalmente mediante a língua usada e (a ser) aprendida. Algumas dessas análises são famosas. Uma delas, a sociolinguística de Basil Bernstein, faz uma distinção entre o uso de um código restrito e um elaborado, e sugere uma clara relação disso com a classe social. Outra delas é o ataque afiado de Illich à maneira pela qual várias autoridades políticas impõem uma língua ‘nacional’, desvalorizando desse modo línguas vernáculas. E outra, obviamente, é a crítica de Paulo Freire à maneira pela qual as ‘palavras’ (língua) do grupo social dominante (os opressores) não somente alienam os oprimidos de suas experiências, mas também operam como um mecanismo que instala e reproduz a injusta ordem social existente. Ainda que reconheçamos a importância e o valor dessas análises, em nossa contribuição argumentaremos, desde uma perspectiva estritamente pedagógica, que a escola sempre implica uma ruptura e um impacto (violentos) nas línguas ‘naturais’ (incluindo, de qualquer forma, também a língua do grupo dominante). E tentaremos indicar que, se a escola de fato opera como uma escola (isto é, não como uma instituição, mas como um tipo muito específico de se reunir pessoas e coisas, o qual espacializa ‘tempo livre’ e gramaticaliza o mundo), então a língua da escola também é uma língua por vir (ou em-form-ação), que invoca também uma comunidade por vir. Por consequência, a língua escolar é sempre artificial e em formação, e precisamente por isso, é também realmente emancipadora.  
publishDate 2017
dc.date.none.fl_str_mv 2017-04-17
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://www.e-publicacoes.uerj.br/childhood/article/view/28318
10.12957/childphilo.2017.28318
url https://www.e-publicacoes.uerj.br/childhood/article/view/28318
identifier_str_mv 10.12957/childphilo.2017.28318
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://www.e-publicacoes.uerj.br/childhood/article/view/28318/20368
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade do Estado do Rio de Janeiro
publisher.none.fl_str_mv Universidade do Estado do Rio de Janeiro
dc.source.none.fl_str_mv childhood & philosophy; Vol. 13 Núm. 27 (2017): mayo/ago.; 193-212
childhood & philosophy; v. 13 n. 27 (2017): maio/ago.; 193-212
childhood & philosophy; Vol. 13 No. 27 (2017): may/aug.; 193-212
1984-5987
reponame:Childhood & Philosophy (Rio de Janeiro. Online)
instname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
instacron:UERJ
instname_str Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
instacron_str UERJ
institution UERJ
reponame_str Childhood & Philosophy (Rio de Janeiro. Online)
collection Childhood & Philosophy (Rio de Janeiro. Online)
repository.name.fl_str_mv Childhood & Philosophy (Rio de Janeiro. Online) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
repository.mail.fl_str_mv wokohan@gmail.com || wokohan@gmail.com
_version_ 1799317591621107712