UMA ABORDAGEM SOCIOCOGNITIVA DA NARRATIVA FANTÁSTICA
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Abusões |
Texto Completo: | https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/abusoes/article/view/29885 |
Resumo: | O estudo da narrativa fantástica passa, desde seus primórdios, por várias dificuldades metodológicas que podem ser resumidas à estratégia dos pesquisadores de evitar confrontos com sistemas de crenças do mundo real. No entanto, se situarmos o fantástico em seu contexto de consolidação, o Romantismo europeu do século XIX, perceberemos que sua função social é a de defender um sistema de crenças que sustentava um modo de vida originário do neolítico frente a sua destruição por parte da revolução industrial. Essas narrativas, porém, só se tornam inteligíveis na medida em que encontram respaldo na mente humana, a qual evoluiu desde o pleistoceno para detectar padrões no meio ambiente e daí extrair relações de causa e efeito que permitam sua sobrevivência. Uma das conclusões à qual a mente humana chega quando da verificação desses padrões é a agência, ou seja, que alguma entidade invisível intencionalmente agiu, visando um determinado objetivo. Por outro lado os seres humanos enxergam a realidade por meio de narrativas sempre dentro da estrutura universal: Personagem + Problema → Perspectiva de solução do problema; o que lhes permite personalizar eventos de causa desconhecida e torná-los compreensíveis. No entanto, como a noção do real é modificada na medida em que a ciência e a tecnologia progridem, nossa competência de verossimilhança se torna mais exigente e a saída encontrada pelos autores da época foi tratar de temas e motivos populares da Idade Média a partir de um discurso científico e ou estilo jornalístico, conferindo plausibilidade aos eventos narrados. Por essa razão, o estudo da narrativa fantástica depende de uma abordagem que leve em conta tanto os aspectos socioculturais da coletividade em que se manifesta quanto nossa capacidade de enxergar a realidade por meio de estruturas narrativas e dar sentido aos padrões detectados no meio ambiente. Trata-se, portanto, de uma abordagem sociocognitiva.DOI: 10.12957/abusoes.2017.29885 |
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