Da Guerra às Drogas ao Plano Colômbia: uma agenda securitária dos Estados Unidos para a América do Sul
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista Neiba |
Texto Completo: | https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/neiba/article/view/38789 |
Resumo: | Em 1971, o presidente norte-americano Richard Nixon declarou o abuso de drogas como sendo o inimigo público número um dos Estados Unidos. A partir disso, o discurso e a articulação das políticas norte-americanas contra as drogas basearam-se na divisão do mundo entre dois grupos: os países produtores de ilícitos e os países consumidores. Os Estados Unidos, como pertencentes do grupo de países consumidores, se posicionam como “vítimas”, gerando uma retórica de segurança nacional que mais tarde seria estendida para o continente e militarizada nos governos de Ronald Reagan (1981-1989) e George Bush (1989-1993). A utilização de conceitos como narcodemocracia e narcoguerrilha – este que, inclusive, deslegitimava o caráter político dos movimentos insurgentes latino-americanos – por parte dos agentes do governo norte-americano com relação à Colômbia reforçam o narcotráfico e o conflito interno colombiano como ameaças à segurança nacional, regional e continental e impulsionam a um dever “moral” de ação por parte dos Estados Unidos. O objetivo do presente trabalho, portanto, é analisar a securitização do narcotráfico pelos Estados Unidos e o desenvolvimento do Plano Colômbia, em 2000, como um caso de overlay dos interesses norte-americanos. À luz do conceito de securitização, recorre-se a documentos e discursos oficiais para identificar o alinhamento, por meio do aparato discursivo, das políticas de segurança realizadas entre os países. A combinação entre interdição, erradicação e combate às organizações narcotraficantes, subordinados às diretrizes de política de segurança norte-americana, resultou na criação do Plan Colombia: Plan para la paz, la prosperidade y el fortalecimiento del Estado e na internacionalização do conflito interno colombiano. O Plano securitizou a relação bilateral entre Estados Unidos e Colômbia. O aparato discursivo norte-americano moldou uma estratégia repressiva, o overlay dos interesses norte-americanos garantiu uma política cujo eixo central era o caráter bélico, principalmente, após o 11/9 com a campanha militar conhecida como Plano Patriota e a incorporação da guerra às drogas pela guerra ao terror. |
id |
UERJ-25_3786bae2409ada968de50ab0b5e68df1 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:www.e-publicacoes.uerj.br:article/38789 |
network_acronym_str |
UERJ-25 |
network_name_str |
Revista Neiba |
repository_id_str |
|
spelling |
Da Guerra às Drogas ao Plano Colômbia: uma agenda securitária dos Estados Unidos para a América do SulRelações Internacionais; Política InternacionalPolítica ExternaEm 1971, o presidente norte-americano Richard Nixon declarou o abuso de drogas como sendo o inimigo público número um dos Estados Unidos. A partir disso, o discurso e a articulação das políticas norte-americanas contra as drogas basearam-se na divisão do mundo entre dois grupos: os países produtores de ilícitos e os países consumidores. Os Estados Unidos, como pertencentes do grupo de países consumidores, se posicionam como “vítimas”, gerando uma retórica de segurança nacional que mais tarde seria estendida para o continente e militarizada nos governos de Ronald Reagan (1981-1989) e George Bush (1989-1993). A utilização de conceitos como narcodemocracia e narcoguerrilha – este que, inclusive, deslegitimava o caráter político dos movimentos insurgentes latino-americanos – por parte dos agentes do governo norte-americano com relação à Colômbia reforçam o narcotráfico e o conflito interno colombiano como ameaças à segurança nacional, regional e continental e impulsionam a um dever “moral” de ação por parte dos Estados Unidos. O objetivo do presente trabalho, portanto, é analisar a securitização do narcotráfico pelos Estados Unidos e o desenvolvimento do Plano Colômbia, em 2000, como um caso de overlay dos interesses norte-americanos. À luz do conceito de securitização, recorre-se a documentos e discursos oficiais para identificar o alinhamento, por meio do aparato discursivo, das políticas de segurança realizadas entre os países. A combinação entre interdição, erradicação e combate às organizações narcotraficantes, subordinados às diretrizes de política de segurança norte-americana, resultou na criação do Plan Colombia: Plan para la paz, la prosperidade y el fortalecimiento del Estado e na internacionalização do conflito interno colombiano. O Plano securitizou a relação bilateral entre Estados Unidos e Colômbia. O aparato discursivo norte-americano moldou uma estratégia repressiva, o overlay dos interesses norte-americanos garantiu uma política cujo eixo central era o caráter bélico, principalmente, após o 11/9 com a campanha militar conhecida como Plano Patriota e a incorporação da guerra às drogas pela guerra ao terror. Universidade do Estado do Rio de JaneiroFelix Mercadante, Maria Aparecida2019-02-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/neiba/article/view/3878910.12957/neiba.2018.38789Revista Neiba, Cadernos Argentina Brasil; v. 7 (2018): Dossiê: SimpoRI 2018; e38789Revista Neiba, Cadernos Argentina Brasil; v. 7 (2018): Dossiê: SimpoRI 2018; e387892317-3459reponame:Revista Neibainstname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)instacron:UERJporhttps://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/neiba/article/view/38789/27908Direitos autorais 2019 Revista Neiba, Cadernos Argentina Brasilinfo:eu-repo/semantics/openAccess2021-12-08T21:37:00Zoai:www.e-publicacoes.uerj.br:article/38789Revistahttps://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/neiba/indexPUBhttps://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/neiba/oaiuerjneiba@gmail.com ; ppeuerj@gmail.com2317-34592317-3459opendoar:2021-12-08T21:37Revista Neiba - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
Da Guerra às Drogas ao Plano Colômbia: uma agenda securitária dos Estados Unidos para a América do Sul |
title |
Da Guerra às Drogas ao Plano Colômbia: uma agenda securitária dos Estados Unidos para a América do Sul |
spellingShingle |
Da Guerra às Drogas ao Plano Colômbia: uma agenda securitária dos Estados Unidos para a América do Sul Felix Mercadante, Maria Aparecida Relações Internacionais; Política Internacional Política Externa |
title_short |
Da Guerra às Drogas ao Plano Colômbia: uma agenda securitária dos Estados Unidos para a América do Sul |
title_full |
Da Guerra às Drogas ao Plano Colômbia: uma agenda securitária dos Estados Unidos para a América do Sul |
title_fullStr |
Da Guerra às Drogas ao Plano Colômbia: uma agenda securitária dos Estados Unidos para a América do Sul |
title_full_unstemmed |
Da Guerra às Drogas ao Plano Colômbia: uma agenda securitária dos Estados Unidos para a América do Sul |
title_sort |
Da Guerra às Drogas ao Plano Colômbia: uma agenda securitária dos Estados Unidos para a América do Sul |
author |
Felix Mercadante, Maria Aparecida |
author_facet |
Felix Mercadante, Maria Aparecida |
author_role |
author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
|
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Felix Mercadante, Maria Aparecida |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Relações Internacionais; Política Internacional Política Externa |
topic |
Relações Internacionais; Política Internacional Política Externa |
description |
Em 1971, o presidente norte-americano Richard Nixon declarou o abuso de drogas como sendo o inimigo público número um dos Estados Unidos. A partir disso, o discurso e a articulação das políticas norte-americanas contra as drogas basearam-se na divisão do mundo entre dois grupos: os países produtores de ilícitos e os países consumidores. Os Estados Unidos, como pertencentes do grupo de países consumidores, se posicionam como “vítimas”, gerando uma retórica de segurança nacional que mais tarde seria estendida para o continente e militarizada nos governos de Ronald Reagan (1981-1989) e George Bush (1989-1993). A utilização de conceitos como narcodemocracia e narcoguerrilha – este que, inclusive, deslegitimava o caráter político dos movimentos insurgentes latino-americanos – por parte dos agentes do governo norte-americano com relação à Colômbia reforçam o narcotráfico e o conflito interno colombiano como ameaças à segurança nacional, regional e continental e impulsionam a um dever “moral” de ação por parte dos Estados Unidos. O objetivo do presente trabalho, portanto, é analisar a securitização do narcotráfico pelos Estados Unidos e o desenvolvimento do Plano Colômbia, em 2000, como um caso de overlay dos interesses norte-americanos. À luz do conceito de securitização, recorre-se a documentos e discursos oficiais para identificar o alinhamento, por meio do aparato discursivo, das políticas de segurança realizadas entre os países. A combinação entre interdição, erradicação e combate às organizações narcotraficantes, subordinados às diretrizes de política de segurança norte-americana, resultou na criação do Plan Colombia: Plan para la paz, la prosperidade y el fortalecimiento del Estado e na internacionalização do conflito interno colombiano. O Plano securitizou a relação bilateral entre Estados Unidos e Colômbia. O aparato discursivo norte-americano moldou uma estratégia repressiva, o overlay dos interesses norte-americanos garantiu uma política cujo eixo central era o caráter bélico, principalmente, após o 11/9 com a campanha militar conhecida como Plano Patriota e a incorporação da guerra às drogas pela guerra ao terror. |
publishDate |
2019 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2019-02-01 |
dc.type.none.fl_str_mv |
|
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/neiba/article/view/38789 10.12957/neiba.2018.38789 |
url |
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/neiba/article/view/38789 |
identifier_str_mv |
10.12957/neiba.2018.38789 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/neiba/article/view/38789/27908 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
Direitos autorais 2019 Revista Neiba, Cadernos Argentina Brasil info:eu-repo/semantics/openAccess |
rights_invalid_str_mv |
Direitos autorais 2019 Revista Neiba, Cadernos Argentina Brasil |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro |
publisher.none.fl_str_mv |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro |
dc.source.none.fl_str_mv |
Revista Neiba, Cadernos Argentina Brasil; v. 7 (2018): Dossiê: SimpoRI 2018; e38789 Revista Neiba, Cadernos Argentina Brasil; v. 7 (2018): Dossiê: SimpoRI 2018; e38789 2317-3459 reponame:Revista Neiba instname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) instacron:UERJ |
instname_str |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) |
instacron_str |
UERJ |
institution |
UERJ |
reponame_str |
Revista Neiba |
collection |
Revista Neiba |
repository.name.fl_str_mv |
Revista Neiba - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) |
repository.mail.fl_str_mv |
uerjneiba@gmail.com ; ppeuerj@gmail.com |
_version_ |
1797054018051112960 |