“Humanifesto” para a descolonização da Criminologia e da Justiça / Humanifesto of the Decolonization of Criminology and Justice

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Agozino, Biko
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Direito e Práxis
Texto Completo: https://www.e-publicacoes.uerj.br/revistaceaju/article/view/61174
Resumo: DOI:10.1590/2179- 8966/2022/61174.“Humanifesto” para a descolonização da Criminologia e da JustiçaHumanifesto of the Decolonization of Criminology and Justice Biko Agozino11 Virginia Tech, Blacksburg, Virginia, Estados Unidos. E-mail: agozino@vt.edu. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4988-5340. Tradução recebida em 12/05/2022 e aceita em 20/07/2022. Versão original:Agozino, B. (2019). Humanifesto of the Decolonization of Criminology and Justice. Decolonization of Criminology and Justice, 1(1), 5-28. https://doi.org/10.24135/dcj.v1i1.5.***Resumo Sou testemunha, enquanto sobrevivente, de um genocídio orquestrado pelo imperialismo e executado pelas marionetes do neocolonialismo, que disseram que “tudo é justo em estado de guerra” e que “a morte por inanição é uma arma legítima de guerra” - mesmo quando crianças, mulheres e homens inocentes do povo igbo corresponderam à maior parte das 3,1 milhões de pessoas assassinadas em Biafra em 30 meses (ACHEBE, 2012). Eu defendo o conhecimento de povos originários1 desta e de toda terra que seguiram resistindo, apesar de terem sido colonizados, penhorados, racializados, vitimizados, pulverizados, desumanizados, genocidados, proletarizados, lumpenizados, marginalizados e homogeneizados com as ferramentas, entre outras, da criminologia, para o benefício do patriarcado imperialista da supremacia branca. Eu testemunho que somos sobreviventes, dos quais nunca se esperou a sobrevivência, que encontraram uns aos outros para saudar “feliz sobrevivência!”. Dizer que somos sobreviventes não é sugerir que reconstruímos totalmente nossa independência, mas serve para afirmar que, enquanto as forças do imperialismo estiverem entrincheiradas, estamos determinados a resistir. Seguiremos falando a verdade ao poder injusto, assim como nossos ancestrais desafiadoramente colocaram as línguas para fora e mostraram o dedo do meio para forçar os conquistadores a assinar tratados reconhecendo nossa autonomia como seres humanos iguais em beleza, sabedoria, cultura, coragem e originalidade. Este artigo descreve o paradigma da descolonização na criminologia, as justificativas por trás dessa mudança paradigmática, as maiores contribuições para esse paradigma, além de projetar uma agenda futura em prol de um desenvolvimento que é do interesse da humanidade, como propõe a expressão “humanifesto” no título.Palavras-chave: Criminologia; Descolonização; Genocídio; Justiça; Resistência.Abstract I bear witness as a survivor of a genocide orchestrated by imperialism and carried out by neocolonial stooges who proclaimed that “all is fair in warfare” and that “starvation is a legitimate weapon of war” even when Igbo children, women and innocent men made up the bulk of the 3.1 million people killed in Biafra in 30 months (Achebe, 2012). I acknowledge the knowledge of the Indigenous peoples of this land and of every land who were colonized, chattelized, racialized, victimized, pulverized, dehumanized, genocidized, proletarianized, lumpenized, marginalized and homogenized with the tools of criminology, among other tools, for the benefits of white- supremacist imperialist patriarchy but managed to keep on resisting. I testify that we are survivors who were never expected to survive to meet one another and raise our voices to say: Happy Survival! To say that we are survivors is not to suggest that we have completely restored our independence but to state that for as long as the forces of imperialism are entrenched, we are determined to resist. We will keep speaking truth to unjust power the way that our ancestors defiantly stuck out their tongues and flipped their middle fingers to force the conquerors to sign treaties recognizing our autonomy as human beings equal in beauty, wisdom, culture, courage, and originality. This article outlines the decolonization paradigm in criminology, the rationale for this paradigmatic shift, the major contributions to this paradigm, and a projection of the future agenda of the paradigm as a development that is in the interest of humanity, hence the humanifesto in the title.Keywords: Criminology; Decolonization; Genocide; Justice; Resistance.
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Decolonization of Criminology and Justice, 1(1), 5-28. https://doi.org/10.24135/dcj.v1i1.5.***Resumo Sou testemunha, enquanto sobrevivente, de um genocídio orquestrado pelo imperialismo e executado pelas marionetes do neocolonialismo, que disseram que “tudo é justo em estado de guerra” e que “a morte por inanição é uma arma legítima de guerra” - mesmo quando crianças, mulheres e homens inocentes do povo igbo corresponderam à maior parte das 3,1 milhões de pessoas assassinadas em Biafra em 30 meses (ACHEBE, 2012). Eu defendo o conhecimento de povos originários1 desta e de toda terra que seguiram resistindo, apesar de terem sido colonizados, penhorados, racializados, vitimizados, pulverizados, desumanizados, genocidados, proletarizados, lumpenizados, marginalizados e homogeneizados com as ferramentas, entre outras, da criminologia, para o benefício do patriarcado imperialista da supremacia branca. Eu testemunho que somos sobreviventes, dos quais nunca se esperou a sobrevivência, que encontraram uns aos outros para saudar “feliz sobrevivência!”. Dizer que somos sobreviventes não é sugerir que reconstruímos totalmente nossa independência, mas serve para afirmar que, enquanto as forças do imperialismo estiverem entrincheiradas, estamos determinados a resistir. Seguiremos falando a verdade ao poder injusto, assim como nossos ancestrais desafiadoramente colocaram as línguas para fora e mostraram o dedo do meio para forçar os conquistadores a assinar tratados reconhecendo nossa autonomia como seres humanos iguais em beleza, sabedoria, cultura, coragem e originalidade. Este artigo descreve o paradigma da descolonização na criminologia, as justificativas por trás dessa mudança paradigmática, as maiores contribuições para esse paradigma, além de projetar uma agenda futura em prol de um desenvolvimento que é do interesse da humanidade, como propõe a expressão “humanifesto” no título.Palavras-chave: Criminologia; Descolonização; Genocídio; Justiça; Resistência.Abstract I bear witness as a survivor of a genocide orchestrated by imperialism and carried out by neocolonial stooges who proclaimed that “all is fair in warfare” and that “starvation is a legitimate weapon of war” even when Igbo children, women and innocent men made up the bulk of the 3.1 million people killed in Biafra in 30 months (Achebe, 2012). I acknowledge the knowledge of the Indigenous peoples of this land and of every land who were colonized, chattelized, racialized, victimized, pulverized, dehumanized, genocidized, proletarianized, lumpenized, marginalized and homogenized with the tools of criminology, among other tools, for the benefits of white- supremacist imperialist patriarchy but managed to keep on resisting. I testify that we are survivors who were never expected to survive to meet one another and raise our voices to say: Happy Survival! To say that we are survivors is not to suggest that we have completely restored our independence but to state that for as long as the forces of imperialism are entrenched, we are determined to resist. We will keep speaking truth to unjust power the way that our ancestors defiantly stuck out their tongues and flipped their middle fingers to force the conquerors to sign treaties recognizing our autonomy as human beings equal in beauty, wisdom, culture, courage, and originality. This article outlines the decolonization paradigm in criminology, the rationale for this paradigmatic shift, the major contributions to this paradigm, and a projection of the future agenda of the paradigm as a development that is in the interest of humanity, hence the humanifesto in the title.Keywords: Criminology; Decolonization; Genocide; Justice; Resistance.Universidade do Estado do Rio de Janeiro2023-06-07info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionTraduçãoapplication/pdfhttps://www.e-publicacoes.uerj.br/revistaceaju/article/view/61174Direito e Práxis; Vol. 14 Núm. 2 (2023): REVISTA DIREITO E PRÁXIS; 1402-1428Direito e Práxis; Vol. 14 No. 2 (2023): REVISTA DIREITO E PRÁXIS; 1402-1428Revista Direito e Práxis; v. 14 n. 2 (2023): REVISTA DIREITO E PRÁXIS; 1402-14282179-8966reponame:Revista Direito e Práxisinstname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)instacron:UERJporhttps://www.e-publicacoes.uerj.br/revistaceaju/article/view/61174/43810https://www.e-publicacoes.uerj.br/revistaceaju/article/view/61174/47796Copyright (c) 2022 Revista Direito e Práxisinfo:eu-repo/semantics/openAccessAgozino, Biko2023-10-27T00:41:15Zoai:ojs.www.e-publicacoes.uerj.br:article/61174Revistahttps://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistaceaju/indexPUBhttps://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistaceaju/oai||carolvestena@gmail.com|| jr-cunha@uol.com.br|| direitoepraxis@gmail.com2179-89662179-8966opendoar:2023-10-27T00:41:15Revista Direito e Práxis - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)false
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