Njinga Mbandi: do silêncio histórico às recriações ficcionais contemporâneas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Franco, Roberta Guimarães
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Matraga (Online)
Texto Completo: https://www.e-publicacoes.uerj.br/matraga/article/view/42389
Resumo: Figura feminina de destaque para a história de Angola, principalmente, para a história de uma resistência no século XVII, Njinga Mbandi (1582-1663), personalidade incômoda que atrapalhava a interiorização dos portugueses no território angolano, já aparecia em obras de seus contemporâneos, como em Istorica descrizione de tre regni Kongo, Matamba ed Angola (1687), do padre capuchinho Giovanni Antonio Cavazzi de Montecuccolo (1621-1678); e História Geral das Guerras angolanas (1681), do soldado António Oliveira de Cadornega (1623-1690). Embora tais referências mereçam destaque por serem contemporâneas à existência da rainha Njinga Mbandi, percebe-se um apagamento histórico da sua relevância política ao longo dos séculos, talvez relacionado ao prolongamento da situação colonial até 1975. No entanto, este silêncio foi inicialmente interrompido por recriações ficcionais que destacam a liderança exercida por Njinga e reforçam o caráter de resistência do que já seria uma luta anticolonial. Atualmente, a trajetória da rainha tem sido também motivo de maior atenção em trabalhos acadêmicos de várias áreas, especialmente na História. Neste texto, ressaltamos quatro obras que recuperam a personagem histórica da rainha do Ndongo: Nzinga Mbandi (1975), de Manuel Pedro Pacavira; A gloriosa família: o tempo dos flamengos (1997), de Pepetela; A rainha Ginga (2014), de José Eduardo Agualusa; e ainda o filme Njinga, rainha de Angola (2013), dirigido por Sérgio Graciano. Essas obras recriam a vida dessa personalidade da história, não só angolana, mas centro-africana, ressignificando-a como um mito na luta anticolonial.
id UERJ-9_235b17f0e79aaea4b89c989730da492a
oai_identifier_str oai:ojs.www.e-publicacoes.uerj.br:article/42389
network_acronym_str UERJ-9
network_name_str Matraga (Online)
repository_id_str
spelling Njinga Mbandi: do silêncio histórico às recriações ficcionais contemporâneasNjinga Mbandi: From Historical Silence to Contemporary Fictional RecreationsLiteratura angolanaHistória angolanaNjinga Mbandi.Angolan LiteratureAngolan HistoryNjinga Mbandi.Figura feminina de destaque para a história de Angola, principalmente, para a história de uma resistência no século XVII, Njinga Mbandi (1582-1663), personalidade incômoda que atrapalhava a interiorização dos portugueses no território angolano, já aparecia em obras de seus contemporâneos, como em Istorica descrizione de tre regni Kongo, Matamba ed Angola (1687), do padre capuchinho Giovanni Antonio Cavazzi de Montecuccolo (1621-1678); e História Geral das Guerras angolanas (1681), do soldado António Oliveira de Cadornega (1623-1690). Embora tais referências mereçam destaque por serem contemporâneas à existência da rainha Njinga Mbandi, percebe-se um apagamento histórico da sua relevância política ao longo dos séculos, talvez relacionado ao prolongamento da situação colonial até 1975. No entanto, este silêncio foi inicialmente interrompido por recriações ficcionais que destacam a liderança exercida por Njinga e reforçam o caráter de resistência do que já seria uma luta anticolonial. Atualmente, a trajetória da rainha tem sido também motivo de maior atenção em trabalhos acadêmicos de várias áreas, especialmente na História. Neste texto, ressaltamos quatro obras que recuperam a personagem histórica da rainha do Ndongo: Nzinga Mbandi (1975), de Manuel Pedro Pacavira; A gloriosa família: o tempo dos flamengos (1997), de Pepetela; A rainha Ginga (2014), de José Eduardo Agualusa; e ainda o filme Njinga, rainha de Angola (2013), dirigido por Sérgio Graciano. Essas obras recriam a vida dessa personalidade da história, não só angolana, mas centro-africana, ressignificando-a como um mito na luta anticolonial.A noteworthy female character in Angolan history, especially for the history of resistance in the XVII century, Njinga Mbandi already appeared as a troublesome figure that made it difficult for the Portuguese to enter Angolan territory in works by her contemporaries, such as Istorica descrizione de tre regni Kongo, Matamba ed Angola (1687), by the priest Giovanni Antonio Cavazzi da Montecuccolo (1621-1678), and História Geral das Guerras angolanas [General History of the Angolan Wars] (1680), by the soldier Antonio Oliveira Cadornega (1623-1690). Even though such references are worthy of attention due to their being contemporary to the existence of Queen Njinga Mbandi, the historical erasure of her relevance throughout the centuries is also noticeable, perhaps due to the extension of the colonial situation up until 1975. However, this silence was initially interrupted by fictional recreations that highlight Njinga’s leadership and reinforce the resistance aspect of what was already an anticolonial struggle. Nowadays, the Queen’s life has also gained more attention in the academic research of various fields, especially History. In this paper, we emphasize four works of literature that recover the historical figure of the Ndongo Queen: Nzinga Mbandi (1975), by Manuel Pedro Pacavira; A gloriosa família: o tempo dos flamengos [The Glorious Family: The time of the Flemings] (1997), by Pepetela; A rainha Ginga [Queen Ginga] (2014), by José Eduardo Agualusa, and the movie Njinga, rainha de Angola [Njinga, Queen of Angola] (2013), directed by Sérgio Graciano. These recreate her life not only in Angola, but also in Central Africa as the resignification of a myth in the anticolonial struggle.Universidade do Estado do Rio de Janeiro2020-01-28info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionartigo de literaturaartigos de literaturaapplication/pdfhttps://www.e-publicacoes.uerj.br/matraga/article/view/4238910.12957/matraga.2019.42389Matraga - Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ; v. 26 n. 48 (2019): Literaturas Africanas e da Diáspora Africana; 688-704MATRAGA - Journal published by the Graduate Program in Letters at Rio de Janeiro State University (UERJ); Vol. 26 No. 48 (2019): African and African Diaspora Literatures; 688-7042446-69051414-7165reponame:Matraga (Online)instname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)instacron:UERJporhttps://www.e-publicacoes.uerj.br/matraga/article/view/42389/32135Franco, Roberta Guimarãesinfo:eu-repo/semantics/openAccess2020-02-03T17:02:49Zoai:ojs.www.e-publicacoes.uerj.br:article/42389Revistahttps://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/matragaPUBhttps://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/matraga/oai||letrasmatraga@uerj.br2446-69051414-7165opendoar:2020-02-03T17:02:49Matraga (Online) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)false
dc.title.none.fl_str_mv Njinga Mbandi: do silêncio histórico às recriações ficcionais contemporâneas
Njinga Mbandi: From Historical Silence to Contemporary Fictional Recreations
title Njinga Mbandi: do silêncio histórico às recriações ficcionais contemporâneas
spellingShingle Njinga Mbandi: do silêncio histórico às recriações ficcionais contemporâneas
Franco, Roberta Guimarães
Literatura angolana
História angolana
Njinga Mbandi.
Angolan Literature
Angolan History
Njinga Mbandi.
title_short Njinga Mbandi: do silêncio histórico às recriações ficcionais contemporâneas
title_full Njinga Mbandi: do silêncio histórico às recriações ficcionais contemporâneas
title_fullStr Njinga Mbandi: do silêncio histórico às recriações ficcionais contemporâneas
title_full_unstemmed Njinga Mbandi: do silêncio histórico às recriações ficcionais contemporâneas
title_sort Njinga Mbandi: do silêncio histórico às recriações ficcionais contemporâneas
author Franco, Roberta Guimarães
author_facet Franco, Roberta Guimarães
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Franco, Roberta Guimarães
dc.subject.por.fl_str_mv Literatura angolana
História angolana
Njinga Mbandi.
Angolan Literature
Angolan History
Njinga Mbandi.
topic Literatura angolana
História angolana
Njinga Mbandi.
Angolan Literature
Angolan History
Njinga Mbandi.
description Figura feminina de destaque para a história de Angola, principalmente, para a história de uma resistência no século XVII, Njinga Mbandi (1582-1663), personalidade incômoda que atrapalhava a interiorização dos portugueses no território angolano, já aparecia em obras de seus contemporâneos, como em Istorica descrizione de tre regni Kongo, Matamba ed Angola (1687), do padre capuchinho Giovanni Antonio Cavazzi de Montecuccolo (1621-1678); e História Geral das Guerras angolanas (1681), do soldado António Oliveira de Cadornega (1623-1690). Embora tais referências mereçam destaque por serem contemporâneas à existência da rainha Njinga Mbandi, percebe-se um apagamento histórico da sua relevância política ao longo dos séculos, talvez relacionado ao prolongamento da situação colonial até 1975. No entanto, este silêncio foi inicialmente interrompido por recriações ficcionais que destacam a liderança exercida por Njinga e reforçam o caráter de resistência do que já seria uma luta anticolonial. Atualmente, a trajetória da rainha tem sido também motivo de maior atenção em trabalhos acadêmicos de várias áreas, especialmente na História. Neste texto, ressaltamos quatro obras que recuperam a personagem histórica da rainha do Ndongo: Nzinga Mbandi (1975), de Manuel Pedro Pacavira; A gloriosa família: o tempo dos flamengos (1997), de Pepetela; A rainha Ginga (2014), de José Eduardo Agualusa; e ainda o filme Njinga, rainha de Angola (2013), dirigido por Sérgio Graciano. Essas obras recriam a vida dessa personalidade da história, não só angolana, mas centro-africana, ressignificando-a como um mito na luta anticolonial.
publishDate 2020
dc.date.none.fl_str_mv 2020-01-28
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
artigo de literatura
artigos de literatura
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://www.e-publicacoes.uerj.br/matraga/article/view/42389
10.12957/matraga.2019.42389
url https://www.e-publicacoes.uerj.br/matraga/article/view/42389
identifier_str_mv 10.12957/matraga.2019.42389
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://www.e-publicacoes.uerj.br/matraga/article/view/42389/32135
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade do Estado do Rio de Janeiro
publisher.none.fl_str_mv Universidade do Estado do Rio de Janeiro
dc.source.none.fl_str_mv Matraga - Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ; v. 26 n. 48 (2019): Literaturas Africanas e da Diáspora Africana; 688-704
MATRAGA - Journal published by the Graduate Program in Letters at Rio de Janeiro State University (UERJ); Vol. 26 No. 48 (2019): African and African Diaspora Literatures; 688-704
2446-6905
1414-7165
reponame:Matraga (Online)
instname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
instacron:UERJ
instname_str Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
instacron_str UERJ
institution UERJ
reponame_str Matraga (Online)
collection Matraga (Online)
repository.name.fl_str_mv Matraga (Online) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
repository.mail.fl_str_mv ||letrasmatraga@uerj.br
_version_ 1799318494279368704