No Brasil, quem não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte , ou, A figura do canalha nas tragédias cariocas de Nelson Rodrigues
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2006 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ |
Texto Completo: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/6502 |
Resumo: | A presente dissertação de mestrado analisa a figura do canalha enquanto um tipo social inevitavelmente associado à estrutura cultural brasileira e, como diz seu título, no interior de um ciclo específico da obra dramatúrgica de Nelson Rodrigues: as ditas tragédias cariocas . De fato, ela divide-se em duas partes. Na primeira, põem-se em questão os méritos deste rótulo, tragédias cariocas , apontando, assim, para as implicações ditadas menos por motivos exegéticos do que editoriais de tal classificação. Também nesta primeira parte, figura a tese de que foi Nelson Rodrigues, a partir de A falecida (1953) sua primeira peça a receber esta classificação , um introdutor sui generis dos motivos do nacional-populismo no gênero dramático do país. Tal posição vai de encontro ao que afirma uma quase hegemônica corrente de opinião crítica que busca canonizar a versão de que o pioneirismo da tipificação social dos segmentos populares no drama nacional é patrimônio da geração politizada que capitaneada pelo Teatro de Arena quando do lançamento de Eles não usam black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri, em 1958 viria a conferir um conteúdo programático e eivado de implicações ideológicas a este teatro que priorizaria sobretudo a cor local da vida brasileira. A segunda parte enfoca propriamente o objeto que a dissertação se propõe a analisar: o canalha. Nela, a trágica relação dialética entre sujeito e objeto, segundo Georg Simmel, e a problemática da divergência, em Robert Merton, fornecem o suporte teórico necessário para o viés sociológico aqui adotado. A abordagem mais detida sobre a tragédia carioca Otto Lara Resende ou Bonitinha, mas ordinária (1963), acaba por ganhar o estatuto de um autêntico estudo de caso, por situar em primeiro plano questões referentes ao problema ético. Ainda na segunda parte, uma distinção entre os projetos dramáticos rodrigueano e o da geração engajada que se distinguiu no Brasil a partir do final dos anos 1950, no que tange à caracterização de personagens que primam pela falta de escrúpulos, faz-se necessária para a compreensão da concepção de cada qual a respeito da índole do brasileiro médio, no que isto tem de revelador quanto às perspectivas assumidas com relação a nossa identidade nacional |
id |
UERJ_5adaebf82ddacc02c21372b79203e425 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:www.bdtd.uerj.br:1/6502 |
network_acronym_str |
UERJ |
network_name_str |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ |
repository_id_str |
2903 |
spelling |
No Brasil, quem não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte , ou, A figura do canalha nas tragédias cariocas de Nelson RodriguesNelson RodriguesRodrigues, Nelson, 1912-1980 - Crítica e interpretaçãoCNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LETRAS::LITERATURA BRASILEIRAA presente dissertação de mestrado analisa a figura do canalha enquanto um tipo social inevitavelmente associado à estrutura cultural brasileira e, como diz seu título, no interior de um ciclo específico da obra dramatúrgica de Nelson Rodrigues: as ditas tragédias cariocas . De fato, ela divide-se em duas partes. Na primeira, põem-se em questão os méritos deste rótulo, tragédias cariocas , apontando, assim, para as implicações ditadas menos por motivos exegéticos do que editoriais de tal classificação. Também nesta primeira parte, figura a tese de que foi Nelson Rodrigues, a partir de A falecida (1953) sua primeira peça a receber esta classificação , um introdutor sui generis dos motivos do nacional-populismo no gênero dramático do país. Tal posição vai de encontro ao que afirma uma quase hegemônica corrente de opinião crítica que busca canonizar a versão de que o pioneirismo da tipificação social dos segmentos populares no drama nacional é patrimônio da geração politizada que capitaneada pelo Teatro de Arena quando do lançamento de Eles não usam black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri, em 1958 viria a conferir um conteúdo programático e eivado de implicações ideológicas a este teatro que priorizaria sobretudo a cor local da vida brasileira. A segunda parte enfoca propriamente o objeto que a dissertação se propõe a analisar: o canalha. Nela, a trágica relação dialética entre sujeito e objeto, segundo Georg Simmel, e a problemática da divergência, em Robert Merton, fornecem o suporte teórico necessário para o viés sociológico aqui adotado. A abordagem mais detida sobre a tragédia carioca Otto Lara Resende ou Bonitinha, mas ordinária (1963), acaba por ganhar o estatuto de um autêntico estudo de caso, por situar em primeiro plano questões referentes ao problema ético. Ainda na segunda parte, uma distinção entre os projetos dramáticos rodrigueano e o da geração engajada que se distinguiu no Brasil a partir do final dos anos 1950, no que tange à caracterização de personagens que primam pela falta de escrúpulos, faz-se necessária para a compreensão da concepção de cada qual a respeito da índole do brasileiro médio, no que isto tem de revelador quanto às perspectivas assumidas com relação a nossa identidade nacionalThis Master s thesis analyses the figure of the rascal as a social type inevitably associated to the Brazilian cultural settings and, as the title announces it, within a specific cycle of Nelson Rodrigues s dramatic work: the so-called Rio de Janeiro tragedies . In fact, this paper is divided into two parts. In the first, the label Rio de Janeiro tragedies is called into question to point to implications dictated less by exegetic reasons than by publishing reasons. This first part also brings up the thesis that it was Nelson Rodrigues, starting with A Falecida (1953) his first play to receive that class tag he who first made a sui generis introduction of the national-populism motifs in the country s dramatic genre. This position clashes head-front with most mainstream criticism, which endeavors to canonize the version that it is the politically-oriented generation led by Teatro de Arena upon the opening of Gianfrancesco Guarnieri s Eles não usam black-tie, in 1958 that pioneered social typing of subaltern segments in the national drama, imparting a full ideological program to the on-going dramatic standards, which would make a privilege of local color in Brazilian life. The second part focuses on the object this thesis sets out to analyze: the rascal proper. Here, the tragic dialectics between subject and object, according to Georg Simmel, and the problem of divergence, in Robert Merton, provide the theoretical frameworks to the sociological perspectives adopted. The thorough approach of the Rio de Janeiro tragedy Otto Lara Resende ou Bonitinha, mas ordinária (1963), ends up as a case study on its own, as it places moral issues right up in the foreground. Still in the second part, there is a mandatory distinction between the Rodrigues s drama projects and those of the engaged generation, as for their treatment of those characters marked by lack of principles and the consequent relation each characterization bears to different conceptions of the nature of the average Brazilian and to the light it sheds onto the understanding of our national identityUniversidade do Estado do Rio de JaneiroCentro de Educação e Humanidades::Instituto de LetrasBRUERJPrograma de Pós-Graduação em LetrasPereira, Victor Hugo Adlerhttp://lattes.cnpq.br/2786245063030657Pontes Junior, Geraldo Ramoshttp://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4784878Y9Bulhões-carvalho, Ana Maria dehttp://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=E858911Branco, Lucio Allemand2021-01-05T15:07:46Z2012-10-312006-03-20info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfBRANCO, Lucio Allemand. No Brasil, quem não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte , ou, A figura do canalha nas tragédias cariocas de Nelson Rodrigues. 2006. 123 f. Dissertação (Mestrado em Literaturas de Língua Inglesa; Literatura Brasileira; Literatura Portuguesa; Língua Portuguesa; Ling) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/6502porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJinstname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)instacron:UERJ2024-02-27T19:16:05Zoai:www.bdtd.uerj.br:1/6502Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.bdtd.uerj.br/PUBhttps://www.bdtd.uerj.br:8443/oai/requestbdtd.suporte@uerj.bropendoar:29032024-02-27T19:16:05Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
No Brasil, quem não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte , ou, A figura do canalha nas tragédias cariocas de Nelson Rodrigues |
title |
No Brasil, quem não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte , ou, A figura do canalha nas tragédias cariocas de Nelson Rodrigues |
spellingShingle |
No Brasil, quem não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte , ou, A figura do canalha nas tragédias cariocas de Nelson Rodrigues Branco, Lucio Allemand Nelson Rodrigues Rodrigues, Nelson, 1912-1980 - Crítica e interpretação CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LETRAS::LITERATURA BRASILEIRA |
title_short |
No Brasil, quem não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte , ou, A figura do canalha nas tragédias cariocas de Nelson Rodrigues |
title_full |
No Brasil, quem não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte , ou, A figura do canalha nas tragédias cariocas de Nelson Rodrigues |
title_fullStr |
No Brasil, quem não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte , ou, A figura do canalha nas tragédias cariocas de Nelson Rodrigues |
title_full_unstemmed |
No Brasil, quem não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte , ou, A figura do canalha nas tragédias cariocas de Nelson Rodrigues |
title_sort |
No Brasil, quem não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte , ou, A figura do canalha nas tragédias cariocas de Nelson Rodrigues |
author |
Branco, Lucio Allemand |
author_facet |
Branco, Lucio Allemand |
author_role |
author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
Pereira, Victor Hugo Adler http://lattes.cnpq.br/2786245063030657 Pontes Junior, Geraldo Ramos http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4784878Y9 Bulhões-carvalho, Ana Maria de http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=E858911 |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Branco, Lucio Allemand |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Nelson Rodrigues Rodrigues, Nelson, 1912-1980 - Crítica e interpretação CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LETRAS::LITERATURA BRASILEIRA |
topic |
Nelson Rodrigues Rodrigues, Nelson, 1912-1980 - Crítica e interpretação CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LETRAS::LITERATURA BRASILEIRA |
description |
A presente dissertação de mestrado analisa a figura do canalha enquanto um tipo social inevitavelmente associado à estrutura cultural brasileira e, como diz seu título, no interior de um ciclo específico da obra dramatúrgica de Nelson Rodrigues: as ditas tragédias cariocas . De fato, ela divide-se em duas partes. Na primeira, põem-se em questão os méritos deste rótulo, tragédias cariocas , apontando, assim, para as implicações ditadas menos por motivos exegéticos do que editoriais de tal classificação. Também nesta primeira parte, figura a tese de que foi Nelson Rodrigues, a partir de A falecida (1953) sua primeira peça a receber esta classificação , um introdutor sui generis dos motivos do nacional-populismo no gênero dramático do país. Tal posição vai de encontro ao que afirma uma quase hegemônica corrente de opinião crítica que busca canonizar a versão de que o pioneirismo da tipificação social dos segmentos populares no drama nacional é patrimônio da geração politizada que capitaneada pelo Teatro de Arena quando do lançamento de Eles não usam black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri, em 1958 viria a conferir um conteúdo programático e eivado de implicações ideológicas a este teatro que priorizaria sobretudo a cor local da vida brasileira. A segunda parte enfoca propriamente o objeto que a dissertação se propõe a analisar: o canalha. Nela, a trágica relação dialética entre sujeito e objeto, segundo Georg Simmel, e a problemática da divergência, em Robert Merton, fornecem o suporte teórico necessário para o viés sociológico aqui adotado. A abordagem mais detida sobre a tragédia carioca Otto Lara Resende ou Bonitinha, mas ordinária (1963), acaba por ganhar o estatuto de um autêntico estudo de caso, por situar em primeiro plano questões referentes ao problema ético. Ainda na segunda parte, uma distinção entre os projetos dramáticos rodrigueano e o da geração engajada que se distinguiu no Brasil a partir do final dos anos 1950, no que tange à caracterização de personagens que primam pela falta de escrúpulos, faz-se necessária para a compreensão da concepção de cada qual a respeito da índole do brasileiro médio, no que isto tem de revelador quanto às perspectivas assumidas com relação a nossa identidade nacional |
publishDate |
2006 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2006-03-20 2012-10-31 2021-01-05T15:07:46Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/masterThesis |
format |
masterThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
BRANCO, Lucio Allemand. No Brasil, quem não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte , ou, A figura do canalha nas tragédias cariocas de Nelson Rodrigues. 2006. 123 f. Dissertação (Mestrado em Literaturas de Língua Inglesa; Literatura Brasileira; Literatura Portuguesa; Língua Portuguesa; Ling) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006. http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/6502 |
identifier_str_mv |
BRANCO, Lucio Allemand. No Brasil, quem não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte , ou, A figura do canalha nas tragédias cariocas de Nelson Rodrigues. 2006. 123 f. Dissertação (Mestrado em Literaturas de Língua Inglesa; Literatura Brasileira; Literatura Portuguesa; Língua Portuguesa; Ling) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006. |
url |
http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/6502 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras BR UERJ Programa de Pós-Graduação em Letras |
publisher.none.fl_str_mv |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras BR UERJ Programa de Pós-Graduação em Letras |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ instname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) instacron:UERJ |
instname_str |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) |
instacron_str |
UERJ |
institution |
UERJ |
reponame_str |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ |
collection |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ |
repository.name.fl_str_mv |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) |
repository.mail.fl_str_mv |
bdtd.suporte@uerj.br |
_version_ |
1818990592737148928 |