NARRATIVAS DE FRONTEIRAS NAS ESCRITAS DE JORGE POZZOBON E RUY DUARTE DE CARVALHO

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: LiberatoTettamanzy, Ana Lúcia
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Communitas
Texto Completo: https://periodicos.ufac.br/index.php/COMMUNITAS/article/view/4938
Resumo: As escritas do brasileiro Jorge Pozzobon em Vocês, brancos, não têm alma (2013) e do angolano naturalizado Ruy Duarte de Carvalho no conto “As águas do Capembáua” (2008) possuem muitas confluências. Sendo ambos antropólogos, em sua textualidade narrativa articulam experiências de estar em campo com exercícios de alteridade: o primeiro esteve junto dos Maku, etnia nativa amazônica na tríplice fronteira Brasil/Colômbia/Venezuela, durante e após suas pesquisas de pós-graduação; o segundo passou anos de sua vida na companhia dos pastores Kuvale ao sul de Angola. Para além de investigar “os outros”, a descrição científica neles cede espaço para gêneros e formatos compósitos e para a auto-etnografia (PRATT, 2005). No caso do brasileiro, conto, crônica e roteiro de cinema fazem deslizar os limites do que é etnográfico, na tentativa de dar conta da relação com o ancião Nyaam Hi, uma travessia por limites e fronteiras a partir do encontro (LAPLANTINE, 2003). Já o angolano emprega na sua “meia ficção” (CARVALHO, 2005) recursos como a multiplicidade de vozes e a metalinguagem, colocando em perspectiva temporalidades e cosmovisões tradicionais, que o colonialismo buscou apagar. As passagens entre mundos simultaneamente contestam os valores dualistas da modernidade e afirmam a ontologia relacional (ESCOBAR, 2014) ao dispor complexas formas de intersubjetividades que compartilham territórios e a pluriversidade. Essa modalidade de mundos ou ontologias de entidades biofísicas, humanas e sobre-humanas com vínculos de continuidade e comunidade entre si opõe-se à separação entre natureza e cultura sustentada pelos valores ocidentais de indivíduo, racionalidade, propriedade privada e mercado.
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spelling NARRATIVAS DE FRONTEIRAS NAS ESCRITAS DE JORGE POZZOBON E RUY DUARTE DE CARVALHOJorge Pozzobon; Ruy Duarte de Carvalho; fronteiras; ontologia relacional; alteridade.As escritas do brasileiro Jorge Pozzobon em Vocês, brancos, não têm alma (2013) e do angolano naturalizado Ruy Duarte de Carvalho no conto “As águas do Capembáua” (2008) possuem muitas confluências. Sendo ambos antropólogos, em sua textualidade narrativa articulam experiências de estar em campo com exercícios de alteridade: o primeiro esteve junto dos Maku, etnia nativa amazônica na tríplice fronteira Brasil/Colômbia/Venezuela, durante e após suas pesquisas de pós-graduação; o segundo passou anos de sua vida na companhia dos pastores Kuvale ao sul de Angola. Para além de investigar “os outros”, a descrição científica neles cede espaço para gêneros e formatos compósitos e para a auto-etnografia (PRATT, 2005). No caso do brasileiro, conto, crônica e roteiro de cinema fazem deslizar os limites do que é etnográfico, na tentativa de dar conta da relação com o ancião Nyaam Hi, uma travessia por limites e fronteiras a partir do encontro (LAPLANTINE, 2003). Já o angolano emprega na sua “meia ficção” (CARVALHO, 2005) recursos como a multiplicidade de vozes e a metalinguagem, colocando em perspectiva temporalidades e cosmovisões tradicionais, que o colonialismo buscou apagar. As passagens entre mundos simultaneamente contestam os valores dualistas da modernidade e afirmam a ontologia relacional (ESCOBAR, 2014) ao dispor complexas formas de intersubjetividades que compartilham territórios e a pluriversidade. Essa modalidade de mundos ou ontologias de entidades biofísicas, humanas e sobre-humanas com vínculos de continuidade e comunidade entre si opõe-se à separação entre natureza e cultura sustentada pelos valores ocidentais de indivíduo, racionalidade, propriedade privada e mercado.Los escritos del brasileño Jorge Pozzobon en “Vocês, brancos, não têm alma” (2013) y el angoleño naturalizado Ruy Duarte de Carvalho en el cuento “As águas do Capembáua” (2008) tienen muchas confluencias. Ambos siendo antropólogos, en su textualidad narrativa articulan experiencias de estar en el campo con ejercicios de alteridad: el primero fue con los Maku, una etnia nativa amazónica en la triple frontera Brasil / Colombia / Venezuela, durante y después de su investigación de posgrado; el segundo pasó años de su vida en compañía de los pastores  Kuvale en el sur de Angola. Además de indagar en “los otros”, la descripción científica en ellos da paso a géneros y formatos compuestos y a la autoetnografía (PRATT, 2005).  En el caso de lo brasileño, los cuentos, las crónicas y los guiones cinematográficos traspasan los límites de lo etnográfico, en un intento de dar cuenta de la relación con el mayor Nyaam Hi, un cruce de límites y fronteras desde el encuentro (LAPLANTINE, 2003). El angoleño, en cambio, utiliza en su “mitad ficción” (CARVALHO, 2005) recursos como la multiplicidad de voces y el metalenguaje poniendo en perspectiva los marcos temporales y cosmovisiones tradicionales, que buscaba el colonialismo borrar. Los cruces entre mundos simultáneamente desafían los valores dualistas de la modernidad y afirman la ontología relacional (ESCOBAR, 2014) al proporcionar formas complejas de intersubjetividades que comparten territorios y pluriversidad. Esta modalidad de mundos u ontologías de entidades biofísicas, humanas y sobrehumanas con vínculos de continuidad y comunidad entre ellas se opone a la separación entre naturaleza y cultura sustentada en los valores occidentales del individuo, la racionalidad, la propiedad privada y el mercado.Editora da Universidade Federal do Acre - EDUFAC2021-08-02info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://periodicos.ufac.br/index.php/COMMUNITAS/article/view/4938Communitas; v. 5 n. 10 (2021): OS SABERES AUSENTES DA CIDADE LETRADA NO SÉCULO XXI; 133-151Communitas; Vol. 5 No. 10 (2021): OS SABERES AUSENTES DA CIDADE LETRADA NO SÉCULO XXI; 133-151Revista Communitas; ##issue.vol## 5 ##issue.no## 10 (2021): OS SABERES AUSENTES DA CIDADE LETRADA NO SÉCULO XXI; 133-1512526-5970reponame:Communitasinstname:Universidade Federal do Acre (UFAC)instacron:UFACporhttps://periodicos.ufac.br/index.php/COMMUNITAS/article/view/4938/2839Copyright (c) 2021 Communitashttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessLiberatoTettamanzy, Ana Lúcia2021-08-02T21:25:44Zoai:ojs.pkp.sfu.ca:article/4938Revistahttps://periodicos.ufac.br/revista/index.php/COMMUNITASPUBhttps://periodicos.ufac.br/revista/index.php/COMMUNITAS/oairevistas@ufac.br || rafael.goncalves@ufac.br2526-59702526-5970opendoar:2021-08-02T21:25:44Communitas - Universidade Federal do Acre (UFAC)false
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