Trabalho & Imprensa: as Celebrações do 1º de Maio na Imprensa Amazonense (1890-1930)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Richard Kennedy Nascimento Candido
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Relatório
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFAM
Texto Completo: http://riu.ufam.edu.br/handle/prefix/4271
Resumo: Em nossas pesquisas sobre a História Operária no Amazonas temos reforçado que os operários amazonenses da virada do século XIX para o XX expressaram em seu processo associativo diversas posturas políticas que se alinhavam, em maior ou menor grau, às três grandes tendências do movimento operário nacional, com forte presença do Reformismo em meio a participações menores de adeptos do Anarquismo e do Socialismo. Este projeto busca, dentre outros objetivos, explorar essa percepção, partindo do princípio de que as comemorações do 1º de Maio externavam de maneira contundente essas contradições. Com efeito, data maior da classe trabalhadora em todo o mundo e carregada de simbolismo, o 1o de Maio reporta-se originalmente ao massacre de trabalhadores em Chicago (1886), expressa com veemência o desejo de emancipação operária. A data foi resultado de escolha consciente da Associação Internacional dos Trabalhadores, em Congresso realizado em Paris no ano de 1889. Como nos lembra Michelle Perrot, o 1o de Maio tinha o claro objetivo de dar à classe operária consciência de si mesma através da realização de gestos idênticos num amplo espaço e de impressionar a opinião pública com tal espetáculo . Comemorado pela primeira vez na Europa em 1890, no ano seguinte já era celebrado e defendido pelos trabalhadores Amazonenses, demonstrando a existência de efetivo intercâmbio entre as lideranças e organizações operárias em todo o Mundo. Se o sucesso do 1o de Maio foi imediato, logo cedo as correntes políticas que orientavam o movimento operário passaram a divergir sobre o sentido da data e as formas de sua comemoração. Impossibilitados de conter a vontade dos trabalhadores de comemorar a data, as classes dominantes tentaram transformá-lo em festa do trabalho , com brindes, jogos, danças e bebidas, numa clara tentativa de esvaziar seu conteúdo reivindicatório e de luta política. Enquanto os trabalhadores desorganizados e sob o controle patronal tenderam a participar dos festejos despolitizados, os grupos organizados em torno dos Anarquistas e Socialistas, denunciando a estratégia de cooptação patronal, reivindicavam o retorno a um 1o de Maio de luta , com passeatas, protestos e comícios. A difusão do 1o de Maio em Manaus foi inicialmente patrocinada pelos redatores do Gutenberg, um dos primeiros jornais operários editados no Amazonas, mas nos anos seguintes diversos órgãos da Imprensa Amazonense operários ou não passaram a se reportar ao evento, jogando luz sobre o ainda pouco conhecido Mundo do Trabalho amazonense, suas configurações e contradições e, como não podia deixar de ser, assumindo posições nesse debate. Partindo deste pressuposto o projeto em tela, articulando trabalho & imprensa, objetiva especialmente analisar as múltiplas configurações assumidas pelas celebrações do 1o de Maio tanto no interior das lutas operárias quanto no campo das representações produzidas pela imprensa amazonense.
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