Insulamento e Identidade: a presença da Amazônia na lírica de Mário de Andrade

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fabio Fadul de Moura
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Relatório
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFAM
Texto Completo: http://riu.ufam.edu.br/handle/prefix/2352
Resumo: Muito embora o Modernismo brasileiro seja mais reconhecido como um processo de rompimento com os modelos estabelecidos pela literatura de fins do Séc. XIX, no que diz respeito à poesia lírica, há, em alguns casos, uma abrangência de temas e abordagens que carecem de reflexão. É nesse contexto que uma série de poemas publicados por Mário de Andrade nos livros Clã do Jabuti (1927) e Remate de Males (1930) se inserem. Tal inserção diz respeito, nesse projeto de iniciação científica, ao modo pelo qual o poeta paulistano aborda temas próprios à Amazônia brasileira. É necessário reconhecer que à época da publicação dos dois livros, não havia grande proximidade entre o Norte do Brasil e as demais regiões senão a partir de Belém do Pará. Muito provavelmente, o fluxo de nortistas para o estado de São Paulo, por exemplo, fosse menor que na segunda metade do Séc. XX. A compreensão de que havia um Brasil não reconhecido (ou não descoberto pelos demais brasileiros) provoca em Mário de Andrade a vontade de conhecer e aprender sobre o Brasil. Dessa vontade nasce o livro Turista Aprendiz e alguns dos poemas que tratam de temas amazônicos como por exemplo Descobrimento e Lenda das mulheres de peito chato . De certa forma, é Mário de Andrade o poeta modernista que melhor interpretará as distâncias que separam o Brasil e, ao mesmo tempo, é o poeta que une esteticamente as várias faces do país. Essa unidade estética se adensa nos poemas em que os temas amazônicos surgem uma vez que eram conhecidos especialmente por historiadores e antropólogos, mas não por estudiosos da literatura e pelo público leitor. Advém daí o reconhecimento e o estabelecimento de uma identidade mais ampla que não se dá apenas pela língua portuguesa, mas pela compreensão (ou epifania?) de que entre o homem de letras (o próprio Mário de Andrade) e o homem amazônico (um seringueiro) há uma conexão que o insulamento e a distância não podem quebrar.
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