Valéria, uma arqueologia ancestral: protagonismo mítico matriarcal na Serra de Parintins, Amazonas
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAM |
Texto Completo: | https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/8137 |
Resumo: | Este estudo assume o propósito de verificar os rastros e vestígios da existência da mulher Valéria que possivelmente viveu nos idos de 1920 na Serra de Parintins, dando especial destaque à sua história de vida, trabalho, protagonismo e liderança em um contexto de caris androcêntrico, no sentido de compreender o protagonismo das mulheres que a sucederam no tempo contemporâneo. A Serra de Parintins recebe o nome Valéria em homenagem a uma mulher que teria dividido e doado essas terras a colonos, seringueiros, agricultores e outros povos tradicionais que eram destituídos de terra e local de moradia, formando a Região da Valéria, uma área rural do município de Parintins localizada entre os Estados do Amazonas e Pará. Os rastros e vestígios encontrados revelam a criação do mito Valéria por parte dos moradores da localidade que necessitavam de uma história para contar aos outros sobre as terras que foram doadas e, ao longo da nucleação, foram assentadas cinco comunidades formando um complexo ou uma plêiade de casas. O nome de uma mulher confere sororização e afetividade ao mito matriarcal, cuja aura pode ser encontrada na própria vida das mulheres, por meio de suas diversas práticas sociais. As mulheres estabelecem uma relação de cuidado com a natureza e com a vida em suas múltiplas dimensões. Essa relação é marcada tanto pela materialidade como pelo simbolismo que entrelaça a mulher e a natureza numa mística de pertencimento e reciprocidade. A tríade terra, floresta e água é o referencial de vida dessas mulheres que tem no princípio feminino ou no espírito feminino o ponto central que guia o seu protagonismo e luta diária. Suas práticas sociais são um marcador de sua cidadania e de sua inscrição no planeta. A pesquisa foi desenvolvida nas Comunidades Tradicionais São Paulo e Santa Rita de Cássia, Região da Valéria, sendo inspirada nas abordagens rizomáticas num diálogo interdisciplinar entre a Antropologia, História, a Filosofia e as Artes. Dentre os múltiplos aspectos constatados é patente o fato de que a Valéria é o princípio feminino que habita a Amazônia, cuja aura pode ser percebida nos arquétipos dos colibris, das corredeiras, das cabeceiras e dos lagos que tem na Pachamama, sua fonte de inspiração. A Valéria é uma ancestralidade feminina, mulher mítica, energia que dá força, protagoniza e direciona a vida das mulheres no tempo contemporâneo nessa localidade amazônica. Deve-se reconhecer, enfim, que as narrativas da oralidade na região da Valéria põem em relevo um mito que se funda numa perspectiva de matriarcado, num contexto amazônico de exacerbação do patriarcado. |
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Valéria, uma arqueologia ancestral: protagonismo mítico matriarcal na Serra de Parintins, AmazonasValéria, an ancestral archeology: mythical matriarchal protagonism in the Serra de Parintins, AmazonasSerra de ParintinsAncestralidade femininaMatriarcadoParintins (AM)Mulheres - Protagonismo político-socialCIÊNCIAS HUMANASMito do MatriarcadoGêneroRegião da ValériaParintinsEste estudo assume o propósito de verificar os rastros e vestígios da existência da mulher Valéria que possivelmente viveu nos idos de 1920 na Serra de Parintins, dando especial destaque à sua história de vida, trabalho, protagonismo e liderança em um contexto de caris androcêntrico, no sentido de compreender o protagonismo das mulheres que a sucederam no tempo contemporâneo. A Serra de Parintins recebe o nome Valéria em homenagem a uma mulher que teria dividido e doado essas terras a colonos, seringueiros, agricultores e outros povos tradicionais que eram destituídos de terra e local de moradia, formando a Região da Valéria, uma área rural do município de Parintins localizada entre os Estados do Amazonas e Pará. Os rastros e vestígios encontrados revelam a criação do mito Valéria por parte dos moradores da localidade que necessitavam de uma história para contar aos outros sobre as terras que foram doadas e, ao longo da nucleação, foram assentadas cinco comunidades formando um complexo ou uma plêiade de casas. O nome de uma mulher confere sororização e afetividade ao mito matriarcal, cuja aura pode ser encontrada na própria vida das mulheres, por meio de suas diversas práticas sociais. As mulheres estabelecem uma relação de cuidado com a natureza e com a vida em suas múltiplas dimensões. Essa relação é marcada tanto pela materialidade como pelo simbolismo que entrelaça a mulher e a natureza numa mística de pertencimento e reciprocidade. A tríade terra, floresta e água é o referencial de vida dessas mulheres que tem no princípio feminino ou no espírito feminino o ponto central que guia o seu protagonismo e luta diária. Suas práticas sociais são um marcador de sua cidadania e de sua inscrição no planeta. A pesquisa foi desenvolvida nas Comunidades Tradicionais São Paulo e Santa Rita de Cássia, Região da Valéria, sendo inspirada nas abordagens rizomáticas num diálogo interdisciplinar entre a Antropologia, História, a Filosofia e as Artes. Dentre os múltiplos aspectos constatados é patente o fato de que a Valéria é o princípio feminino que habita a Amazônia, cuja aura pode ser percebida nos arquétipos dos colibris, das corredeiras, das cabeceiras e dos lagos que tem na Pachamama, sua fonte de inspiração. A Valéria é uma ancestralidade feminina, mulher mítica, energia que dá força, protagoniza e direciona a vida das mulheres no tempo contemporâneo nessa localidade amazônica. Deve-se reconhecer, enfim, que as narrativas da oralidade na região da Valéria põem em relevo um mito que se funda numa perspectiva de matriarcado, num contexto amazônico de exacerbação do patriarcado.This study assumes or purpose of verifying the traces and vestiges of the existence of Mulher Valéria that possibly lived in 1920 in the Serra de Parintins, giving special emphasis to his history of life, work, prominence and leadership in a context of androcentric character, not sense of understanding or prominence of women who happen not in contemporary time. A Serra de Parintins received or named Valéria in homage to a woman who divided and gave these lands to settlers, rubber tappers, farmers and other traditional povos who were destitute from terra and local de Mora, forming Região da Valéria, a rural area of Municipality of Parintins located between the States of Amazonas and Pará. The traces and vestiges found revealed the creation of the Valéria myth by two inhabitants of the locality that needed a history to tell other years on the terrains that formed, over a long period of nucleation, formed five communities forming a complex or a plurality of houses. O nome of a woman confer sororization and affectivity to the matriarchal myth, whose aura can be found in her own life of women, through her various social practices. As women establish a relationship of care with nature and with life in its multiple dimensions. This relationship is marked by both the materiality and the symbolism that intertwines the woman and the mystical nature of belonging and reciprocity. A triad of terra, forest and water is the referential of life dessas mulheres that has no feminine principle or no feminine spirit or central point that guides or its protagonism and daily struggle. Your social practices are a marker of your citizenship and your registration on the planet. A research was developed in the Traditional Communities São Paulo and Santa Rita de Cássia, Valéria Region, being inspired by rhizomatic approaches in an interdisciplinary dialogue between Anthropology, History, Philosophy and Arts. Among the multiple aspects established, it is patent or fact that Valéria is the feminine principle that inhabits Amazônia, whose aura can be perceived in the archetypes of two hummingbirds, two runners, two heads and two lakes that have Pachamama, its source of inspiration. Valéria is a feminine ancestrality, a mythical woman, an energy that gives force, stars and directs the lives of women in no contemporary time nessa localidade amazônica. It must be recognized, emphatically, that the narratives of orality in the Valéria region take over from a myth that is based on a matriarchy perspective, in an Amazonian context of exacerbation of patriarchy.Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas - FAPEAMUniversidade Federal do AmazonasInstituto de Filosofia, Ciências Humanas e SociaisBrasilUFAMPrograma de Pós-graduação em Sociedade e Cultura na AmazôniaTorres, Iraildes Caldashttp://lattes.cnpq.br/2677966121712850Mazzone, Antonellahttp://lattes.cnpq.br/9366631530625423Rossini, Rosa Esterhttp://lattes.cnpq.br/9844025111996256Silva, Júlio Cláudio dahttp://lattes.cnpq.br/4009362157043989Dias, Naia Maria Guerreirohttp://lattes.cnpq.br/51480448342402812021-02-23T14:16:03Z2020-12-28info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfDIAS, Naia Maria Guerreiro. Valéria, uma arqueologia ancestral: protagonismo mítico matriarcal na Serra de Parintins, Amazonas. 2020. 232 f. Tese (Doutorado em Sociedade e Cultura na Amazônia) - Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2020.https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/8137porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAMinstname:Universidade Federal do Amazonas (UFAM)instacron:UFAM2021-02-24T05:04:00Zoai:https://tede.ufam.edu.br/handle/:tede/8137Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://200.129.163.131:8080/PUBhttp://200.129.163.131:8080/oai/requestddbc@ufam.edu.br||ddbc@ufam.edu.bropendoar:65922021-02-24T05:04Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAM - Universidade Federal do Amazonas (UFAM)false |
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