Ecologia e manejo da pesca comercial do tucunaré Cichla vazzoleri no Reservatório da Usina Hidrelétrica de Balbina, Amazonas, Brasil

• Autor(a) principal: Inomata, Sandrelly Oliveira
• Data de Publicação: 2019
• Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/5095187382909916, https://orcid.org/0000-0002-3489-1089
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAM
• Texto Completo: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/7131
• topic: Socioeconomia pesqueira; Gestão participativa; Barragem; Sustentabilidade; Modelagem ecossistêmica; Fisheries socioeconomics; Participative management; Dam; Sustainability; Ecosystem modeling; CIÊNCIAS AGRÁRIAS: RECURSOS PESQUEIROS E ENGENHARIA DE PESCA

Os empreendimentos hidrelétricos afetam cerca de um terço da biodiversidade de água doce do mundo e centenas de milhões de pessoas que dependem dos serviços ecossistêmicos associados, como a atividade pesqueira. Este cenário é particularmente preocupante quando se trata da Amazônia, pois essa região possui um dos maiores consumos de peixe per capita do mundo, sustentado por pescarias de pequena escala amplamente difundidas e que envolve milhares de pessoas. Entretanto, informações importantes para nortear a gestão da atividade em reservatórios ainda são incipientes. Nesse contexto, esta tese analisou a pesca comercial do tucunaré Cichla vazzoleri no Reservatório da Usina Hidrelétrica de Balbina, através da caracterização e análise dos aspectos estruturais e socioeconômicos e modelagem ecossistêmica da atividade. Foram realizadas entrevistas com pescadores residentes em comunidades do ramal Rumo Certo e na vila de Balbina. A maioria dos pescadores era do sexo masculino, o nível de instrução era baixo e todos estavam filiados a alguma entidade de classe. Os pescadores eram os proprietários das embarcações de pequeno porte, dos apetrechos e os próprios financiadores das pescarias. A complementação de renda foi muito importante, pois os rendimentos provenientes apenas da pesca foram baixos e variáveis, sendo sujeitos ao comportamento sazonal do nível do reservatório e a fixação do preço de comercialização estabelecido pelos atravessadores. Grande parte dos pescadores foi capaz de informar do que se trata o acordo de pesca vigente. Eles perceberam mudanças nos últimos anos, principalmente em relação ao aumento do tamanho e quantidade dos peixes, e declararam que a fiscalização precisava ser mais intensa, pois havia pescadores que não estavam respeitando as regras estabelecidas. No Rumo Certo, durante a estação cheia a captura foi influenciada pela idade, gênero e potência do motor, e durante a seca foi influenciada pela idade e tempo de pesca. Em Balbina, no período de cheia a captura foi influenciada por outra atividade econômica, e durante a seca não houveram variáveis significativas. Os custos, durante a cheia em ambas as localidades, foram influenciados por todas as variáveis, exceto a potência do motor, e na seca foram influenciados por todas as variáveis. Na cheia, os pescadores do Rumo Certo teriam que realizar duas viagens por semana para maximizar o lucro, e em Balbina realizar mais que uma viagem por semana, possivelmente, não seria viável. Na seca, eles teriam algum lucro somente a partir da sétima e décima viagem, Rumo Certo e Balbina, respectivamente. E, por fim, foram simulados dois cenários para verificar o comportamento do estoque: i) considerou a redução nos valores de reposição de estoque para metade dos valores iniciais, um aumento de 50% no esforço de pesca, taxa de mortalidade natural, custos fixos e variáveis, preço médio do peixe, número de viagens mensais e a pesca comercial liberada o ano todo, e; ii) analisou o efeito da proibição da pesca comercial. O cenário I se mostrou o mais adequado economicamente, porém, essa simulação seria péssima do ponto de vista ecológico, em virtude de eliminar o acordo de pesca, e o cenário II teve pouca diferença em relação ao BaU, portanto, proibir totalmente a pesca não se mostrou a melhor alternativa. Contudo, é importante que as pescarias continuem sendo monitoradas de maneira participativa, tanto pelos usuários como pelos gerentes dos recursos pesqueiros. Espera-se que os resultados apresentados estimulem o discurso e o esforço para melhorar a gestão, e que possam subsidiar os pescadores nas suas demandas de inclusão socioambiental em políticas que atendam seus interesses.