O Clima Ritma a Vida: o Território do Médio Rio Juruá, a Mudança Climática e os Sistemas Socioecológicos Ribeirinhos

• Autor(a) principal: Guimarães, David Franklin da Silva
• Data de Publicação: 2022
• Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/5505567867578844, https://orcid.org/0000-0002-4569-6000
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAM
• Texto Completo: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/9104
• topic: Ciências Ambientais; Mudança climática; Vulnerabilidade; Ritmanálise; Sistemas socioecológicos; Adaptação

A mudança climática é um tema muito discutido em vários espaços, campos e lugares. Entretanto, grande concentração dos esforços estão em medidas mitigadoras à mudança climática enquanto seus efeitos já são sentidos por populações em todo o mundo, inclusive na Amazônia. Logo, como forma de contribuir com essa discussão, amplificar as vozes dos atores locais e gerar subsídios para a tomada de decisão política, esta pesquisa foi desenvolvida a partir da premissa de que o processo histórico de adaptação dos sistemas socioecológicos ribeirinhos não teve tempo para se adequar aos padrões hidroclimatológicos devido à maior intensidade e frequência de eventos extremos. Como objetivo para a comprovação desta tese, será analisada a capacidade adaptativa dos sistemas socioecológicos frente aos eventos extremos hidroclimatológicos em Carauari/AM. Como episteme principal para este estudo, foi utilizada a ritmanálise como instrumento de coleta e interpretação dos resultados. A coleta de dados secundários e de campo ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas, pesquisa documental, processamento estatístico e revisão bibliográfica. O município de Carauari possui um processo histórico de produção do seu espaço marcado pelas lutas sociais em defesa do território e garantia de direitos, partindo da exploração do trabalho no apogeu da borracha ao estabelecimento de unidades de conservação. A região do rio Juruá já sofre enormes alterações dos ritmos climáticos da região com o aumento da temperatura máxima, maior quantidade de precipitação, maior frequência de desastres fluviais com a ocorrência de eventos extremos climáticos. A vulnerabilidade socioambiental foi desvelada na região com o desastre de inundação de 2021, perfazendo uma enorme perda de produção. Os atores locais percebem uma maior frequência de eventos severos de chuvas, temporais, cheias e secas, mas, sobretudo, do aumento da temperatura na região – todos esses ritmos físicos geram importantes implicações nos sistemas socioecológicos. As comunidades já desenvolveram uma série de estratégias adaptativas para conviver com a sazonalidade climática, entretanto, existe uma enorme dificuldade de adaptação devido à rapidez da mudança climática. Os ritmos climáticos regem o ritmo da vida na região do Médio Juruá. A continuidade dessas comunidades nos sistemas socioecológicos estabelecidos irá depender do desenvolvimento de estratégias autônomas, mas, sobretudo, de medidas governamentais para fornecer o suporte necessário as populações ribeirinhas que já sofrem enormes impactos sociais, econômicas e ambientais da crise climática.