Organização político-cultural e interculturalidade na gestão dos territórios indígenas para o Bem viver no Rio Negro-AM

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Cruz, Jocilene Gomes da
Data de Publicação: 2015
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/0406382937787743
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAM
Texto Completo: http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/5388
Resumo: A presente tese analisa a mobilização/organização político-cultural das lideranças indígenas do rio Negro, membros das associações filiadas à Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), entidade representativa dos povos indígenas dessa região, em torno da elaboração de propostas visando à gestão/cuidado e a sustentabilidade/bem viver dos territórios indígenas. Os dados foram coletados com o uso de multimétodos, na perspectiva da pesquisa qualitativa, com a realização de entrevistas semiestruturadas feitas com os membros das associações vinculadas à FOIRN; por meio de entrevistas narrativas com as lideranças que participaram da criação do movimento indígena no rio Negro e da Federação; pela pesquisa documental e pela observação em eventos como as assembleias indígenas. A análise dos dados deu-se a partir da codificação e categorização das informações, procedendo-se a análise descritiva, teórica e interpretativa de conteúdo. Os resultados da pesquisa apontam que as propostas elaboradas pelas lideranças indígenas colocam como premissa a interculturalidade, por essência, diálogos entre saberes, demandando múltiplos percursos e parcerias entre agentes sociais e instituições que atravessam as fronteiras nacionais. A aliança de saberes reafirma a identidade étnica e promove a ressignificação do que está presente na região e que, a despeito de não ser indígena, em virtude da história de contado e de dominação, passa a fazer parte da vida dos povos indígenas, a exemplo, as demandas por escolarização formal, a bens tecnológicos e de informação, a alternativas de renda e outros que coexistem com as práticas indígenas tradicionais e não podem ser vistos como “diluidores” de suas culturas. A singularidade da proposta de gestão dos territórios, estruturada pelas lideranças que atuam nas associações indígenas e na FOIRN, consiste em ter viabilidade ao longo dos anos, estabelecendo o diálogo entre epistemologias distintas (e mesmo conflitantes), consolidando projetos que intercambiaram e traduziram saberes, cosmovisões e atitudes frente às questões sociais, econômicas, ambientais, políticas e outras no rio Negro. Os projetos de valorização da cultura indígena, proteção dos territórios, fortalecimento das organizações indígenas e de alternativas sustentáveis de renda são parte constituinte da proposta indígena de gestão dos territórios, delineadas desde a oficialização da demarcação das cinco terras localizadas no alto e médio rio Negro, em 1998, data que marca a mobilização/organização dessas lideranças, pautados nos pressupostos da autonomia e do protagonismo como condição necessária à consolidação de uma gestão indígena mobilizada por saberes indígenas, num processo que não exclui o diálogo com outros saberes advindos das relações interétnicas no passado e no presente, pois são essas perspectivas que projetam o futuro dos povos indígenas do rio Negro.
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spelling Organização político-cultural e interculturalidade na gestão dos territórios indígenas para o Bem viver no Rio Negro-AMLideranças indígenasGestão territorialSustentabilidadeInterculturalidadeCIÊNCIAS AGRÁRIAS: RECURSOS FLORESTAIS E ENGENHARIA FLORESTALA presente tese analisa a mobilização/organização político-cultural das lideranças indígenas do rio Negro, membros das associações filiadas à Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), entidade representativa dos povos indígenas dessa região, em torno da elaboração de propostas visando à gestão/cuidado e a sustentabilidade/bem viver dos territórios indígenas. Os dados foram coletados com o uso de multimétodos, na perspectiva da pesquisa qualitativa, com a realização de entrevistas semiestruturadas feitas com os membros das associações vinculadas à FOIRN; por meio de entrevistas narrativas com as lideranças que participaram da criação do movimento indígena no rio Negro e da Federação; pela pesquisa documental e pela observação em eventos como as assembleias indígenas. A análise dos dados deu-se a partir da codificação e categorização das informações, procedendo-se a análise descritiva, teórica e interpretativa de conteúdo. Os resultados da pesquisa apontam que as propostas elaboradas pelas lideranças indígenas colocam como premissa a interculturalidade, por essência, diálogos entre saberes, demandando múltiplos percursos e parcerias entre agentes sociais e instituições que atravessam as fronteiras nacionais. A aliança de saberes reafirma a identidade étnica e promove a ressignificação do que está presente na região e que, a despeito de não ser indígena, em virtude da história de contado e de dominação, passa a fazer parte da vida dos povos indígenas, a exemplo, as demandas por escolarização formal, a bens tecnológicos e de informação, a alternativas de renda e outros que coexistem com as práticas indígenas tradicionais e não podem ser vistos como “diluidores” de suas culturas. A singularidade da proposta de gestão dos territórios, estruturada pelas lideranças que atuam nas associações indígenas e na FOIRN, consiste em ter viabilidade ao longo dos anos, estabelecendo o diálogo entre epistemologias distintas (e mesmo conflitantes), consolidando projetos que intercambiaram e traduziram saberes, cosmovisões e atitudes frente às questões sociais, econômicas, ambientais, políticas e outras no rio Negro. Os projetos de valorização da cultura indígena, proteção dos territórios, fortalecimento das organizações indígenas e de alternativas sustentáveis de renda são parte constituinte da proposta indígena de gestão dos territórios, delineadas desde a oficialização da demarcação das cinco terras localizadas no alto e médio rio Negro, em 1998, data que marca a mobilização/organização dessas lideranças, pautados nos pressupostos da autonomia e do protagonismo como condição necessária à consolidação de uma gestão indígena mobilizada por saberes indígenas, num processo que não exclui o diálogo com outros saberes advindos das relações interétnicas no passado e no presente, pois são essas perspectivas que projetam o futuro dos povos indígenas do rio Negro.The thesis makes an analysis on the mobilization / political-cultural organization of indigenous from Rio Negro leaders, members of associations affiliated to the Federation of Indigenous Organizations of Rio Negro (FOIRN), the body representing indigenous peoples of this region, around the making of proposals for the management / care and sustainability / good living of indigenous territories. These datas and files were collected using multimethod from the perspective of qualitative research, with the conduction of semi-structured interviews with members of associations linked to FOIRN; through narrative interviews with leaders who participated in the creation of the indigenous movement in the rio Negro and the Federation; the documentary research and observation in events as native assemblies. The data analysis occurred from the coding and categorization of information, carrying out a descriptive, theoretical and interpretive content analysis. The research results indicate that the proposals made by indigenous leaders have interculturalism as premise, in essence the knowledge dialogues, requiring multiple pathways and partnerships between social agents and institutions that cross national borders. The knowledge alliance reaffirms the ethnic identity and promotes redefinition of what is present in the region, even though is not indigenous, but because of the history of cash and domination, becomes part of the lives of indigenous people, including the demand for formal schooling; the technology assets and information; the income and other alternatives that coexist with traditional indigenous practices and cannot be seen as "extenders" of their cultures. The uniqueness of the proposed management of territories, structured by leaders who work in indigenous associations and FOIRN, is to have viability over the years, the different epistemologies dialogue, and even conflicting, consolidating projects and exchanged translated knowledge, worldviews and attitudes the social, economic, environmental, political and other in the rio Negro. The valuation projects of indigenous culture; protection of territories; strengthening of indigenous organizations and sustainable alternative sources of income are constituent part of the Indian proposal for management of territories, outlined since the official demarcation of the five lands in the upper rio Negro, in 1998, which marks the mobilization / organization of these leaders, guided by the assumptions of autonomy and role as a necessary condition for the consolidation of an indigenous management, mobilized by indigenous knowledge in a process that does not exclude dialogue with other knowledge arising from inter-ethnic relations in the past and present, once those are prospects which project the future of indigenous peoples of the rio Negro.FAPEAM - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do AmazonasUniversidade Federal do AmazonasFaculdade de Ciências AgráriasBrasilUFAMPrograma de Pós-graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na AmazôniaSayago, Doris Aleida Villamizarhttp://lattes.cnpq.br/3571450875581106Cruz, Jocilene Gomes dahttp://lattes.cnpq.br/04063829377877432016-12-15T19:11:09Z2015-05-29info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfCRUZ, Jocilene Gomes da. Organização político-cultural e interculturalidade na gestão dos territórios indígenas para o Bem viver no Rio Negro-AM. 2015. 228 f. Tese (Doutorado em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia) - Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2015.http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/5388porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAMinstname:Universidade Federal do Amazonas (UFAM)instacron:UFAM2017-05-03T14:40:19Zoai:https://tede.ufam.edu.br/handle/:tede/5388Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://200.129.163.131:8080/PUBhttp://200.129.163.131:8080/oai/requestddbc@ufam.edu.br||ddbc@ufam.edu.bropendoar:65922017-05-03T14:40:19Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAM - Universidade Federal do Amazonas (UFAM)false
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