Convivência contínua com esgotos a céu aberto: modos de subjetivação de habitantes de Parintins-Amazonas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Archanjo, Paulo César Vieira
Data de Publicação: 2016
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/0898957946961995
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAM
Texto Completo: http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/5240
Resumo: Em Parintins-AM, em função de sua precariedade no esgotamento sanitário, há um grande volume de águas servidas nas vias e que, posteriormente, são lançadas sem tratamento no entorno hídrico da cidade, situação que impacta negativamente na qualidade de vida de seus residentes. A aparente tolerância na convivência com o esgoto a céu aberto foi o ponto de partida deste estudo para analisar as subjetivações de moradores residentes em três bairros em cuja ruas havia ocorrência de esgoto a céu aberto. O estudo desenvolvido a partir da estratégia de multimétodos que incluiu um estudo documental da história da formação de hábitos urbanos, a descrição física do lugar e entrevistas semiestruturadas como outras técnicas associadas, revelou um cenário socioambiental complexo. No processo histórico, a medicina social como estratégia biopolítica foi importante para compreender a higienização da sociedade em nome da modernidade e a consequente influência na constituição dos modos de subjetivações dos sujeitos. A revolução olfativa do século XVIII contribui para entender os odores, que foram redefinidos com o tempo, e com eles seus limites de tolerância. Redefinidos no espaço e no tempo também foram os conceitos de sujo/limpo que permitiram problematizar como esses moradores lidam com o lançamento de águas servidas nas vias e o desejado distanciamento dado ao que se considera sujo, constituindo elementos de socialidade espacial. Os dados revelam que para muitos dos entrevistados lançar esgoto a céu aberto nas ruas é um costume local difícil de ser mudado, que ora pode ser percebido como problema e ora como algo parte de uma paisagem constituída pelos costumes locais, mas sobretudo, passivamente vivido pelo “outro”, cuja tolerância é justificada pela continuidade do estado lastimável dos esgotos a céu aberto. Anos de convivência com o esgoto a céu aberto produziu um fenômeno de aparente passividade e tolerância diante do problema do esgotamento sanitário doméstico. Essa aparente permissividade tende a potencializar o problema de insustentabilidade ambiental, em decorrência do contínuo lançamento de águas servidas sem qualquer tratamento, seja nas ruas ou nos rios que margeiam a cidade. Assume-se neste estudo, que apesar de estratégias que intentavam higienizar costumes entre os moradores de Parintins, desde o início do século XX, algumas posturas estimadas pelos preceitos da modernidade como anti-higiênicas persistem na atualidade, sobretudo o costume de lançar águas servidas nas vias. Tal comportamento nos permitiu considerar que se trata de um ato de soberania, auto-subjetivação destes moradores ante as investidas civilizatórias, resultando em uma modernidade incompleta.
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O estudo desenvolvido a partir da estratégia de multimétodos que incluiu um estudo documental da história da formação de hábitos urbanos, a descrição física do lugar e entrevistas semiestruturadas como outras técnicas associadas, revelou um cenário socioambiental complexo. No processo histórico, a medicina social como estratégia biopolítica foi importante para compreender a higienização da sociedade em nome da modernidade e a consequente influência na constituição dos modos de subjetivações dos sujeitos. A revolução olfativa do século XVIII contribui para entender os odores, que foram redefinidos com o tempo, e com eles seus limites de tolerância. Redefinidos no espaço e no tempo também foram os conceitos de sujo/limpo que permitiram problematizar como esses moradores lidam com o lançamento de águas servidas nas vias e o desejado distanciamento dado ao que se considera sujo, constituindo elementos de socialidade espacial. Os dados revelam que para muitos dos entrevistados lançar esgoto a céu aberto nas ruas é um costume local difícil de ser mudado, que ora pode ser percebido como problema e ora como algo parte de uma paisagem constituída pelos costumes locais, mas sobretudo, passivamente vivido pelo “outro”, cuja tolerância é justificada pela continuidade do estado lastimável dos esgotos a céu aberto. Anos de convivência com o esgoto a céu aberto produziu um fenômeno de aparente passividade e tolerância diante do problema do esgotamento sanitário doméstico. Essa aparente permissividade tende a potencializar o problema de insustentabilidade ambiental, em decorrência do contínuo lançamento de águas servidas sem qualquer tratamento, seja nas ruas ou nos rios que margeiam a cidade. Assume-se neste estudo, que apesar de estratégias que intentavam higienizar costumes entre os moradores de Parintins, desde o início do século XX, algumas posturas estimadas pelos preceitos da modernidade como anti-higiênicas persistem na atualidade, sobretudo o costume de lançar águas servidas nas vias. Tal comportamento nos permitiu considerar que se trata de um ato de soberania, auto-subjetivação destes moradores ante as investidas civilizatórias, resultando em uma modernidade incompleta.In Parintins city in Amazon State in function the precarious service in its sanitary sewage there is a large volume of served water on the streets and then it has been thrown by the people through sewer system without any treatment and this situation causes impact on a negative way in the life quality about its population. The apparent tolerance in the population’s convivence to open sewer was the starting this study to analyze the selves subjectivities about resident people who belong to three districts in which there was occurrence of open sewer on their respective streets. The study was developed from the multimethod strategies that included a documental study about urban formation habits history, the local physical description and semi structured interviews like other associated techniques revealed a complex environmental social picture. In the historical process, the social medicine was an important factor used like a biopolitical strategy to understand the social hygiene action of this society in name of the modernity and the consequent influence in the constitution of ways about people’s selves subjectivities. The olfactive revolution of the XVIII century contributed to understand the odours that were redefinited along the time and with this revolution the tolerance limit kept joyned themselves. The concept about dirty/cleaning were redefined in the space and in the time too, which contributed to detect the problems about how the people who live in these three districts get dealing to water problem that is served on the streets and the given distancement wish about of what is considered dirty that constitute spacial sociable elements. The data reveal the answers about many interviewed people when they said that use open sewer on the streets is a many people’s local habit that is difficult to get changed it, which is accepted by the other people on a passive way and this tolerance is justified by the deplorable situation about open sewer in the city. In the many people’s covivence to open sewer for many year produced a phenomenon of tolerance and passivity apparent in front of household sanitary increasing. This apparent permission convivence about open sewer use tend to raise to power the environment unsustainability problem in function of continuous growing of served water without any treatment whatever be this consume from the streets or from the rivers which are around the city. It assumes itself in this study that even had been used new strategies that intended to hygiene new habits for the people who live in Parintins, realized itself that this behaving come from the beginning of XX century and some postures have been estimated by the precept of modernity like an antihygienical precept and it continues for today, above of all the behaving of throwing water on the streets. This kind of behaving allowed us consider that it treat itself of a sovereignty act of these people, their selves subjectivities in face of the civilization investing which results in an incomplete modernity.FAPEAM - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do AmazonasUniversidade Federal do AmazonasFaculdade de Ciências AgráriasBrasilUFAMPrograma de Pós-graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na AmazôniaHiguchi, Maria Inês Gasparettohttp://lattes.cnpq.br/8607852207828061Archanjo, Paulo César Vieirahttp://lattes.cnpq.br/08989579469619952016-11-23T13:32:47Z2016-03-30info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfARCHANJO, Paulo César Vieira. Convivência contínua com esgotos a céu aberto: modos de subjetivação de habitantes de Parintins-Amazonas. 2016. 260 f. Tese (Doutorado em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia) - Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2016.http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/5240porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAMinstname:Universidade Federal do Amazonas (UFAM)instacron:UFAM2017-05-03T19:44:40Zoai:https://tede.ufam.edu.br/handle/:tede/5240Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://200.129.163.131:8080/PUBhttp://200.129.163.131:8080/oai/requestddbc@ufam.edu.br||ddbc@ufam.edu.bropendoar:65922017-05-03T19:44:40Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAM - Universidade Federal do Amazonas (UFAM)false
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