Mulheres impressas: amor, honra e violência no cotidiano das mulheres em Manaus

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Isabel Saraiva
Data de Publicação: 2016
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/9430702884625002
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAM
Texto Completo: http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/6023
Resumo: Este estudo analisa histórias de mulheres que viveram em Manaus no período de 1932 a 1962, presentes em processos judiciais ligados, sobretudo, a crimes passionais e de defloramento/sedução. Tais histórias revelaram como amor, honra e violência se entrelaçavam no cotidiano feminino, desvelando o quanto as vontades femininas ficavam em segundo plano na prevalência de um afeto masculino dominador que culminava em um sentimento de posse e exclusividade, até mesmo nas relações informais, privando as mulheres, por diversas vezes, do direito de escolha. No tocante à honra, ela aparece com o duplo status de sentimento e fato social, ditando o valor de uma pessoa. Para o homem estava assentada em sua relação com o trabalho; para a mulher, em sua pureza sexual. Das solteiras, exigia-se a virgindade; das casadas, a extrema fidelidade ao marido. Mas não apenas isso: uma mulher honrada deveria reportar-se ao espaço privado, estar sob a vigilância da família e cultivar a submissão e a docilidade. Ao enquadrar-se nestes padrões, ela recebia o título de honesta, merecendo toda proteção por parte da sociedade. O contrário da mulher honesta era a mulher pública ou prostituta, comumente marginalizada, indigna de respeito e consideração. Para as transgressoras: infiéis, prostitutas, teimosas, ousadas, trabalhadoras, empregavam-se punições que passavam pelo escárnio, o assédio e até agressões físicas. De acordo com a mentalidade reinante no período, cabia aos homens da família (pai, irmãos, tios, esposo) disciplinar e controlar as mulheres, sendo legítimo o uso da força. Esta premissa justificava a violência doméstica, vista como questão de ordem privada, na qual o Estado só deveria intervir em casos extremos. Destarte, a ideologia patriarcal banalizava a violência contra a mulher ocorrida no espaço do lar e procurava justificativas para alguns episódios em que ela ocorria também no espaço público. Para historicizar os casos encontrados foi basilar um diálogo com trabalhos já existentes sobre os temas abordados, além de outras fontes como os jornais e escritos de renomados juristas da época.
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Mas não apenas isso: uma mulher honrada deveria reportar-se ao espaço privado, estar sob a vigilância da família e cultivar a submissão e a docilidade. Ao enquadrar-se nestes padrões, ela recebia o título de honesta, merecendo toda proteção por parte da sociedade. O contrário da mulher honesta era a mulher pública ou prostituta, comumente marginalizada, indigna de respeito e consideração. Para as transgressoras: infiéis, prostitutas, teimosas, ousadas, trabalhadoras, empregavam-se punições que passavam pelo escárnio, o assédio e até agressões físicas. De acordo com a mentalidade reinante no período, cabia aos homens da família (pai, irmãos, tios, esposo) disciplinar e controlar as mulheres, sendo legítimo o uso da força. Esta premissa justificava a violência doméstica, vista como questão de ordem privada, na qual o Estado só deveria intervir em casos extremos. Destarte, a ideologia patriarcal banalizava a violência contra a mulher ocorrida no espaço do lar e procurava justificativas para alguns episódios em que ela ocorria também no espaço público. Para historicizar os casos encontrados foi basilar um diálogo com trabalhos já existentes sobre os temas abordados, além de outras fontes como os jornais e escritos de renomados juristas da época.This study analyzes the histories of women who lived in Manaus from 1932 to 1962, who are present in judicial processes linked, above all, to a passive and defloration / seduction crime. Such stories revealed how love, honor, and violence intertwined not in the everyday feminine, revealing how much female wishes were in the background in the prevalence of a dominant male right that culminated in a sense of ownership and exclusivity, even in informal relationships, depriving women, for several occasions, the right to choose. With respect to honor, it has double status of feeling and social fact, dictating the value of a person. For man is based on his relation with work; for a woman, in her sexual purity. For unmarried ones, virginity was required; of the married, the extreme fidelity to the husband. But not only this: an honorable woman should refer to the private space, be under the surveillance of the family and cultivate submission and docility. By conforming to these standards, she would receive the title of honest, deserves all protection from society. The opposite of the honest woman was the public woman or prostitute, commonly marginalized, unworthy of respect and consideration. For the transgressors: infidels, prostitutes, stubborn, daring, hardworking, they used punishments that went through scorn, harassment and even physical aggressions. According to the prevailing mentality in the period, it was up to the men of the family (father, brothers, uncles, husband) to discipline and control women, and the use of force was legitimate. This premise justified domestic violence, seen as a matter of private order, in which the State should intervene only in extreme cases. Hence, patriarchal ideology trivialized violence against women occurring in the home space and sought justifications for some episodes in which it also occurred in the public space. To historicize the cases found was to base a dialogue with existing works on the topics covered, as well as other sources such as the newspapers and writings of renowned jurists of the time.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorUniversidade Federal do AmazonasInstituto de Ciências Humanas e LetrasBrasilUFAMPrograma de Pós-graduação em HistóriaPinheiro, Maria Luiza Ugartehttp://lattes.cnpq.br/6153623094043758Silva, Isabel Saraivahttp://lattes.cnpq.br/94307028846250022017-11-21T15:20:56Z2016-09-23info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfSILVA, Isabel Saraiva. Mulheres impressas: amor, honra e violência no cotidiano das mulheres em Manaus. 2016. 118 f. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2017.http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/6023porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAMinstname:Universidade Federal do Amazonas (UFAM)instacron:UFAM2017-11-22T05:04:36Zoai:https://tede.ufam.edu.br/handle/:tede/6023Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://200.129.163.131:8080/PUBhttp://200.129.163.131:8080/oai/requestddbc@ufam.edu.br||ddbc@ufam.edu.bropendoar:65922017-11-22T05:04:36Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAM - Universidade Federal do Amazonas (UFAM)false
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