Efeito da hipóxia aguda na Respiração Superficial Aquática (RSA) e na fisiologia da arraia cururu, Potamotrygon wallacei (Carvalho, Rosa e Araújo, 2016)

• Autor(a) principal: Silva, Lara de Jesus da
• Data de Publicação: 2023
• Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/7469808998140542
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAM
• Texto Completo: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/9551
• topic: Elasmobrânquios; Peixes de água doce - Pesquisa; Arraia (Peixe) - Respiração - Pesquisa; CIENCIAS BIOLOGICAS: FISIOLOGIA; Comportamento respiratório; Elasmobrânquios de água doce; Resposta ventilatória; Eritrograma; Metabólitos plasmáticos

O presente estudo analisou as respostas fisiológicas e o comportamento da respiração superficial aquática (RSA) em uma espécie de arraia de água doce, Potamotrygon wallacei, exposta às condições de normóxia e hipóxia aguda. Para isso, as arraias foram previamente aclimatadas em laboratório em condições normóxicas por 15 dias para elaboração do etograma da RSA e por 30 dias para as análises fisiológicas. Durante esse período, foram alimentadas diariamente com pedaços de peixe fresco, minhoca e camarão vivos até a saciedade. Ao término da aclimatação, as arraias foram distribuídas aleatoriamente em aquários individuais e submetidos a duas condições distintas durante 16 horas consecutivas: i) normóxia, com número amostral de 4 indivíduos para elaboração do etograma e 8 indivíduos para análise de dados fisiológicos. Nessa condição, a concentração de oxigênio dissolvido (O2) foi mantida em 74% de saturação (~6,0 mg/L) durante todo o experimento; ii) hipóxia aguda (n = 4 para o etograma e n = 8 para análise de dados fisiológicos). Nessa condição, a concentração de O2 diminuiu de valores normóxicos até pelo menos 18% de saturação (1,5 mg/L) nas primeiras oito horas (pela injeção de nitrogênio gasoso), sendo então mantida por mais oito horas consecutivas. Todos os ensaios experimentais realizados em ambos, normóxia e hipóxia aguda, tiveram início às 16:00h e término às 08:00h do dia seguinte, totalizando 16 horas de duração. Para o registro da RSA em ambos os grupos experimentais, as arraias foram filmadas durante todo o período com câmeras de visualização noturna (infravermelho) acopladas a um sistema de gravação Digital Video Recorder. Além disso, foram avaliados os parâmetros fisiológicos como a frequência dos movimentos espiraculares (FE), o eritrograma (hematócrito, concentração de hemoglobina, número de eritrócitos e índices hematimétricos), a concentração de glicose e lactato no plasma e de corpos cetônicos (β-hidroxibutirato) no sangue. Para a obtenção das amostras de sangue, as arraias foram anestesiadas com eugenol 75 mg/L. As arraias expostas à hipóxia aguda com aclimatação de 30 dias não manifestaram a RSA. Acredita-se que o longo tempo de aclimatação em condições de normóxia, que não necessariamente acontecem no ambiente natural, especialmente durante o período noturno no qual situações de hipóxia são comumente observadas, podem ter modificado essa resposta comportamental. Por outro lado, arraias recém-chegadas e mantidas em aclimatação por até 15 dias, realizaram a RSA. Em relação aos parâmetros fisiológicos, houve um aumento na FE em resposta ao tempo de exposição à hipóxia aguda (de 38 para 89 beats/min), quando comparados com aqueles mantidos em normóxia, que se manteve estável (entre 40 e 60 beats/min) até o final do experimento. Por outro lado, não foram observadas alterações no eritrograma, bem como nas concentrações de glicose, lactato e de corpos cetônicos no grupo de arraias expostas à hipóxia aguda, quando comparadas com aquelas mantidas em normóxia. Nosso estudo demonstra que P. wallacei se ajusta à hipóxia aguda com a hiperventilação sem deprimir o metabolismo, ativar a via anaeróbica, ou utilizar estoques energéticos para obter glicose.