“A canoa da cura ninguém nunca rema só” o se ingerar e os processos de adoecer e curar na cidade de Parintins (AM)
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2017 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAM |
Texto Completo: | http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/5759 |
Resumo: | A tese socializa os resultados da pesquisa etnográfica sobre as práticas não biomédicas de cura na zona urbana de Parintins (AM), desenvolvida de 2014 a 2016. O contato com esse universo permitiu o acesso a um conjunto diversificado de saberes sobre os processos de adoecer e curar do/no Baixo Amazonas. O diálogo entre a filosofia ameríndia e o pensamento filosófico dos “pós-modermos” permitiu o desvelamento de várias categorias nativas. Dentre elas, o se ingerar emergiu como um importante dispositivo na construção dos corpos, na instituição de acordos diplomáticos e de regras cosmopolíticas que asseguram a sociabilidade, a coabitação e a coexistência entre os/as gentes de cima e os bichos do fundo. Os(as) curadores(as) sacaca são os(as) escolhidos(as) pelos bichos para frequentar a escola da cura localizada no fundo. O processo de aprendizagem, ou ser amansado(a), capacita o(a) curador(a) sacaca a se ingerar e a capturar a potência (habilidades e capacidades) de seres animados e não animados para diagnosticar e tratar graves processos de adoecimento. O ingeramento, nesse sentido, é compreendido como dispositivo que captura do outro ou do meio em torno de si potencialidades; não como dispositivo apenas de transformação, mas de geração/propulsão de potencialidades; agenciador de devir e vetor de apreensão de afecções e afetamentos. Logo, dinamizador de alteridades ontológicas em fluxo. Neste estudo, o ingeramento é analisado como um dispositivo cosmo-ontológico, imanente ao modo de vida do povos do Baixo Amazonas, capaz de assegurar a complexificação das atualizações das diferentes culturas indígenas, e não indígenas, instituindo cosmo-logias e onto-logias em fluxo, por meio de desterritorializações, reterritorializações e devires |
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“A canoa da cura ninguém nunca rema só” o se ingerar e os processos de adoecer e curar na cidade de Parintins (AM)AntropologiaCosmologiaCIÊNCIAS HUMANAS: ANTROPOLOGIAA tese socializa os resultados da pesquisa etnográfica sobre as práticas não biomédicas de cura na zona urbana de Parintins (AM), desenvolvida de 2014 a 2016. O contato com esse universo permitiu o acesso a um conjunto diversificado de saberes sobre os processos de adoecer e curar do/no Baixo Amazonas. O diálogo entre a filosofia ameríndia e o pensamento filosófico dos “pós-modermos” permitiu o desvelamento de várias categorias nativas. Dentre elas, o se ingerar emergiu como um importante dispositivo na construção dos corpos, na instituição de acordos diplomáticos e de regras cosmopolíticas que asseguram a sociabilidade, a coabitação e a coexistência entre os/as gentes de cima e os bichos do fundo. Os(as) curadores(as) sacaca são os(as) escolhidos(as) pelos bichos para frequentar a escola da cura localizada no fundo. O processo de aprendizagem, ou ser amansado(a), capacita o(a) curador(a) sacaca a se ingerar e a capturar a potência (habilidades e capacidades) de seres animados e não animados para diagnosticar e tratar graves processos de adoecimento. O ingeramento, nesse sentido, é compreendido como dispositivo que captura do outro ou do meio em torno de si potencialidades; não como dispositivo apenas de transformação, mas de geração/propulsão de potencialidades; agenciador de devir e vetor de apreensão de afecções e afetamentos. Logo, dinamizador de alteridades ontológicas em fluxo. Neste estudo, o ingeramento é analisado como um dispositivo cosmo-ontológico, imanente ao modo de vida do povos do Baixo Amazonas, capaz de assegurar a complexificação das atualizações das diferentes culturas indígenas, e não indígenas, instituindo cosmo-logias e onto-logias em fluxo, por meio de desterritorializações, reterritorializações e deviresThe thesis socializes the results of the ethnographic research on the non biomedical healing practices in the urban area of Parintins (AM), developed from 2014 to 2016. Contact with this universe allowed the access to a diversified group of knowledges about the ways of becoming ill and healing from a meeting of cosmologies from/at the Lower Amazon Region. The dialogue between the amerindian philosophy and the “postmodern” philosophical thinking allowed the unveiling of several native categories. Among them, the se ingerar emerged as an important device in the bodies constitution, in the institution of diplomatic agreements and in the cosmopolitics rules that assure the sociability, the cohabitation and the coexistence between os/as gentes de cima and os bichos do fundo. The healers sacaca are the chosen ones for the bichos to attende the cure school located in the fundo. The learning process, or ser amansado(a) qualifies sacaca se ingerar and achieve the potenciality (abilities and capacities) of animate beings and non-animate beings to diagnose and treat serious disease processes. The ingeramento, therefore, is understood as the way to achieve the potentialities from the other or the middle around; not only as a transformation device, but as a power generation / propulsion of potentialities; the becoming agent and conductor of affections apprehension and affection. Thus, encouragement of ontological alterities in flow. In this study, the ingeramento, is analyzed as a device cosmos-ontological immanent to the way of life of the people from Lower Amazon region, capable to assure the complexity of the modernizations of the different indigenous and not indigenous cultures, instituting cosmologies and ontologies in flow, by means desterritorializations, reterritorializations and becomingsFAPEAM - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do AmazonasUniversidade Federal do AmazonasMuseu AmazônicoBrasilUFAMPrograma de Pós-graduação em Antropologia SocialMontardo, Deise Lucy Oliveirahttp://lattes.cnpq.br/6344437017920336Cordeiro, Maria Audirene de Souzahttp://lattes.cnpq.br/40653366108562142017-08-08T18:15:04Z2017-04-29info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfCORDEIRO, Maria Audirene de Souza. “A canoa da cura ninguém nunca rema só” o se ingerar e os processos de adoecer e curar na cidade de Parintins (AM). 2017. 282 f. Tese (Doutorado em Antropologia Social) - Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2017.http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/5759porhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAMinstname:Universidade Federal do Amazonas (UFAM)instacron:UFAM2017-08-09T05:03:50Zoai:https://tede.ufam.edu.br/handle/:tede/5759Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://200.129.163.131:8080/PUBhttp://200.129.163.131:8080/oai/requestddbc@ufam.edu.br||ddbc@ufam.edu.bropendoar:65922017-08-09T05:03:50Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAM - Universidade Federal do Amazonas (UFAM)false |
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