A ESCOLA DO TRABALHO SOVIÉTICA DE PISTRAK: DOIS PASSOS À FRENTE, UM PASSO ATRÁS?
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Germinal: Marxismo e Educação em Debate |
Texto Completo: | https://periodicos.ufba.br/index.php/revistagerminal/article/view/17837 |
Resumo: | O presente texto pretende investigar a materialidade da proposta marxiana presente no projeto educacional soviético da Escola do Trabalho, em especial, as bases fundamentais dessa escola e seu desenvolvimento na realidade nos primeiros anos da revolução soviética. Nossos objetivos específicos foram: apresentar os elementos essenciais do referencial materialista histórico-dialético para compreensão do objeto de estudo; revisar a produção teórica sobre Pistrak e sua Escola do Trabalho disponível no Brasil; expor os princípios, os fundamentos e a estrutura da Escola do Trabalho soviética; apontar a contribuição da Escola do Trabalho soviética para o processo de constituição do socialismo e de efetivação da emancipação humana; analisar os limites da Escola do Trabalho, considerando o contexto adverso da Revolução Russa e todos os seus condicionantes. No que se referem às formulações teóricas de Pistrak, nos interessou especialmente, a apropriação das categorias fundamentais da Escola do Trabalho, a auto-organização dos alunos e as relações com a atualidade, bem como o desenvolvimento das mesmas naquele contexto. Para isso, analisamos as obras Fundamentos da Escola do Trabalho e A Escola Comuna. Para referenciarmos nossa análise na obra marxiana tivemos que considerar o grande volume da obra de Marx e Engels e o fato de que os teóricos alemães não se propuseram a escrever um tratado específico sobre formação humana. No entanto, ao fundarem o materialismo histórico dialético, através de suas análises críticas da sociabilidade capitalista e de toda sua base de sustentação – histórica e teórica –, eles acabaram por perscrutar a formação do ser social, e por consequência, a formação humana. Diante desse panorama, optamos por analisar mais detidamente A Ideologia Alemã por ser uma obra de grande maturidade teórica, já que surge após o trabalho desses teóricos em várias obras anteriores de Marx e Engels, e possui a base de sustentação de toda a análise do capital feita posteriormente por Marx. Além disso, A Ideologia Alemã é um marco na história da filosofia por trazer a perspectiva materialista da histórica confrontando o idealismo vigente à sua época. Com a finalização desse percurso podemos afirmar que a Escola do Trabalho deu passos importantes na constituição de um novo modus operandi educacional. Em relação aos avanços, a relação entre professores e alunos no processo de organização da escola e de seus conteúdos ao modelo dos sovietes; a perspectiva internacionalista que a Escola do Trabalho assumiu na direção de formar lutadores contra o imperialismo a partir das relações com a atualidade; podemos dizer que deu dois passos na direção da emancipação humana na formulação material e histórica das categorias: relação com a atualidade e auto-organização dos alunos. Mas, considerando as contradições do próprio processo de constituição da nova forma de sociabilidade e as dificuldades postas pela inexperiência dos jovens pedagogos com relação à elaboração da nova proposta educacional, há elementos, que estão presentes na própria crítica de Pistrak em 1934, que apontam passos para trás no processo de construção da emancipação humana. Trata-se do rebaixamento do papel da teoria ou da sobreposição do método ao conteúdo. |
id |
UFBA-10_7a0f55065a1f8734c7e7e2ccc8d05e69 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:ojs.periodicos.ufba.br:article/17837 |
network_acronym_str |
UFBA-10 |
network_name_str |
Germinal: Marxismo e Educação em Debate |
repository_id_str |
|
spelling |
A ESCOLA DO TRABALHO SOVIÉTICA DE PISTRAK: DOIS PASSOS À FRENTE, UM PASSO ATRÁS?Educação SoviéticaEscola do TrabalhoPistrak.O presente texto pretende investigar a materialidade da proposta marxiana presente no projeto educacional soviético da Escola do Trabalho, em especial, as bases fundamentais dessa escola e seu desenvolvimento na realidade nos primeiros anos da revolução soviética. Nossos objetivos específicos foram: apresentar os elementos essenciais do referencial materialista histórico-dialético para compreensão do objeto de estudo; revisar a produção teórica sobre Pistrak e sua Escola do Trabalho disponível no Brasil; expor os princípios, os fundamentos e a estrutura da Escola do Trabalho soviética; apontar a contribuição da Escola do Trabalho soviética para o processo de constituição do socialismo e de efetivação da emancipação humana; analisar os limites da Escola do Trabalho, considerando o contexto adverso da Revolução Russa e todos os seus condicionantes. No que se referem às formulações teóricas de Pistrak, nos interessou especialmente, a apropriação das categorias fundamentais da Escola do Trabalho, a auto-organização dos alunos e as relações com a atualidade, bem como o desenvolvimento das mesmas naquele contexto. Para isso, analisamos as obras Fundamentos da Escola do Trabalho e A Escola Comuna. Para referenciarmos nossa análise na obra marxiana tivemos que considerar o grande volume da obra de Marx e Engels e o fato de que os teóricos alemães não se propuseram a escrever um tratado específico sobre formação humana. No entanto, ao fundarem o materialismo histórico dialético, através de suas análises críticas da sociabilidade capitalista e de toda sua base de sustentação – histórica e teórica –, eles acabaram por perscrutar a formação do ser social, e por consequência, a formação humana. Diante desse panorama, optamos por analisar mais detidamente A Ideologia Alemã por ser uma obra de grande maturidade teórica, já que surge após o trabalho desses teóricos em várias obras anteriores de Marx e Engels, e possui a base de sustentação de toda a análise do capital feita posteriormente por Marx. Além disso, A Ideologia Alemã é um marco na história da filosofia por trazer a perspectiva materialista da histórica confrontando o idealismo vigente à sua época. Com a finalização desse percurso podemos afirmar que a Escola do Trabalho deu passos importantes na constituição de um novo modus operandi educacional. Em relação aos avanços, a relação entre professores e alunos no processo de organização da escola e de seus conteúdos ao modelo dos sovietes; a perspectiva internacionalista que a Escola do Trabalho assumiu na direção de formar lutadores contra o imperialismo a partir das relações com a atualidade; podemos dizer que deu dois passos na direção da emancipação humana na formulação material e histórica das categorias: relação com a atualidade e auto-organização dos alunos. Mas, considerando as contradições do próprio processo de constituição da nova forma de sociabilidade e as dificuldades postas pela inexperiência dos jovens pedagogos com relação à elaboração da nova proposta educacional, há elementos, que estão presentes na própria crítica de Pistrak em 1934, que apontam passos para trás no processo de construção da emancipação humana. Trata-se do rebaixamento do papel da teoria ou da sobreposição do método ao conteúdo.Universidade Federal da Bahia2016-12-29info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionPesquisaapplication/pdfhttps://periodicos.ufba.br/index.php/revistagerminal/article/view/17837Germinal: marxismo e educação em debate; v. 8 n. 2 (2016): LUTA PELA TERRA E EDUCAÇÃO DO CAMPO; 206-2082175-5604reponame:Germinal: Marxismo e Educação em Debateinstname:Universidade Federal da Bahia (UFBA)instacron:UFBAporhttps://periodicos.ufba.br/index.php/revistagerminal/article/view/17837/13217Copyright (c) 2018 Germinal: Marxismo e Educação em Debateinfo:eu-repo/semantics/openAccessCunha, Marcelo Lima2017-10-19T15:53:32Zoai:ojs.periodicos.ufba.br:article/17837Revistahttps://periodicos.ufba.br/index.php/revistagerminal/PUBhttps://periodicos.ufba.br/index.php/revistagerminal/oairevistagerminal@ufba.br2175-56042175-5604opendoar:2017-10-19T15:53:32Germinal: Marxismo e Educação em Debate - Universidade Federal da Bahia (UFBA)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
A ESCOLA DO TRABALHO SOVIÉTICA DE PISTRAK: DOIS PASSOS À FRENTE, UM PASSO ATRÁS? |
title |
A ESCOLA DO TRABALHO SOVIÉTICA DE PISTRAK: DOIS PASSOS À FRENTE, UM PASSO ATRÁS? |
spellingShingle |
A ESCOLA DO TRABALHO SOVIÉTICA DE PISTRAK: DOIS PASSOS À FRENTE, UM PASSO ATRÁS? Cunha, Marcelo Lima Educação Soviética Escola do Trabalho Pistrak. |
title_short |
A ESCOLA DO TRABALHO SOVIÉTICA DE PISTRAK: DOIS PASSOS À FRENTE, UM PASSO ATRÁS? |
title_full |
A ESCOLA DO TRABALHO SOVIÉTICA DE PISTRAK: DOIS PASSOS À FRENTE, UM PASSO ATRÁS? |
title_fullStr |
A ESCOLA DO TRABALHO SOVIÉTICA DE PISTRAK: DOIS PASSOS À FRENTE, UM PASSO ATRÁS? |
title_full_unstemmed |
A ESCOLA DO TRABALHO SOVIÉTICA DE PISTRAK: DOIS PASSOS À FRENTE, UM PASSO ATRÁS? |
title_sort |
A ESCOLA DO TRABALHO SOVIÉTICA DE PISTRAK: DOIS PASSOS À FRENTE, UM PASSO ATRÁS? |
author |
Cunha, Marcelo Lima |
author_facet |
Cunha, Marcelo Lima |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Cunha, Marcelo Lima |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Educação Soviética Escola do Trabalho Pistrak. |
topic |
Educação Soviética Escola do Trabalho Pistrak. |
description |
O presente texto pretende investigar a materialidade da proposta marxiana presente no projeto educacional soviético da Escola do Trabalho, em especial, as bases fundamentais dessa escola e seu desenvolvimento na realidade nos primeiros anos da revolução soviética. Nossos objetivos específicos foram: apresentar os elementos essenciais do referencial materialista histórico-dialético para compreensão do objeto de estudo; revisar a produção teórica sobre Pistrak e sua Escola do Trabalho disponível no Brasil; expor os princípios, os fundamentos e a estrutura da Escola do Trabalho soviética; apontar a contribuição da Escola do Trabalho soviética para o processo de constituição do socialismo e de efetivação da emancipação humana; analisar os limites da Escola do Trabalho, considerando o contexto adverso da Revolução Russa e todos os seus condicionantes. No que se referem às formulações teóricas de Pistrak, nos interessou especialmente, a apropriação das categorias fundamentais da Escola do Trabalho, a auto-organização dos alunos e as relações com a atualidade, bem como o desenvolvimento das mesmas naquele contexto. Para isso, analisamos as obras Fundamentos da Escola do Trabalho e A Escola Comuna. Para referenciarmos nossa análise na obra marxiana tivemos que considerar o grande volume da obra de Marx e Engels e o fato de que os teóricos alemães não se propuseram a escrever um tratado específico sobre formação humana. No entanto, ao fundarem o materialismo histórico dialético, através de suas análises críticas da sociabilidade capitalista e de toda sua base de sustentação – histórica e teórica –, eles acabaram por perscrutar a formação do ser social, e por consequência, a formação humana. Diante desse panorama, optamos por analisar mais detidamente A Ideologia Alemã por ser uma obra de grande maturidade teórica, já que surge após o trabalho desses teóricos em várias obras anteriores de Marx e Engels, e possui a base de sustentação de toda a análise do capital feita posteriormente por Marx. Além disso, A Ideologia Alemã é um marco na história da filosofia por trazer a perspectiva materialista da histórica confrontando o idealismo vigente à sua época. Com a finalização desse percurso podemos afirmar que a Escola do Trabalho deu passos importantes na constituição de um novo modus operandi educacional. Em relação aos avanços, a relação entre professores e alunos no processo de organização da escola e de seus conteúdos ao modelo dos sovietes; a perspectiva internacionalista que a Escola do Trabalho assumiu na direção de formar lutadores contra o imperialismo a partir das relações com a atualidade; podemos dizer que deu dois passos na direção da emancipação humana na formulação material e histórica das categorias: relação com a atualidade e auto-organização dos alunos. Mas, considerando as contradições do próprio processo de constituição da nova forma de sociabilidade e as dificuldades postas pela inexperiência dos jovens pedagogos com relação à elaboração da nova proposta educacional, há elementos, que estão presentes na própria crítica de Pistrak em 1934, que apontam passos para trás no processo de construção da emancipação humana. Trata-se do rebaixamento do papel da teoria ou da sobreposição do método ao conteúdo. |
publishDate |
2016 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2016-12-29 |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article info:eu-repo/semantics/publishedVersion Pesquisa |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://periodicos.ufba.br/index.php/revistagerminal/article/view/17837 |
url |
https://periodicos.ufba.br/index.php/revistagerminal/article/view/17837 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
https://periodicos.ufba.br/index.php/revistagerminal/article/view/17837/13217 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
Copyright (c) 2018 Germinal: Marxismo e Educação em Debate info:eu-repo/semantics/openAccess |
rights_invalid_str_mv |
Copyright (c) 2018 Germinal: Marxismo e Educação em Debate |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Federal da Bahia |
publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Federal da Bahia |
dc.source.none.fl_str_mv |
Germinal: marxismo e educação em debate; v. 8 n. 2 (2016): LUTA PELA TERRA E EDUCAÇÃO DO CAMPO; 206-208 2175-5604 reponame:Germinal: Marxismo e Educação em Debate instname:Universidade Federal da Bahia (UFBA) instacron:UFBA |
instname_str |
Universidade Federal da Bahia (UFBA) |
instacron_str |
UFBA |
institution |
UFBA |
reponame_str |
Germinal: Marxismo e Educação em Debate |
collection |
Germinal: Marxismo e Educação em Debate |
repository.name.fl_str_mv |
Germinal: Marxismo e Educação em Debate - Universidade Federal da Bahia (UFBA) |
repository.mail.fl_str_mv |
revistagerminal@ufba.br |
_version_ |
1798313517169770496 |