Trabalhadores, associativismo e política no sul da Bahia (Ilhéus e Itabuna, 1918-1934)
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFBA |
Texto Completo: | http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/18786 |
Resumo: | O principal objetivo desta tese é analisar a relação entre os trabalhadores, o associativismo e a política no sul da Bahia – Ilhéus e Itabuna – entre 1918 e 1934. Desde o final da década de 1910, o contingente de trabalhadores se tornou numeroso e heterogêneo nas duas principais cidades do sul do estado. Preocupados em fugir da pobreza extrema, artistas, operários, estivadores e caixeiros desenvolveram associações de classe, cujos objetivos eram o auxílio mútuo, a beneficência e a assistência. Estas sociedades expressavam os modos pelos quais o operariado enxergava a si próprio e o mundo ao seu redor. Em busca de reconhecimento social e de atenção dos poderes públicos, estas categorias profissionais cunhavam uma identidade baseada na ética positiva do trabalho para demonstrarem-se cidadãos laboriosos e honestos. Desta forma, pretendiam não apenas se distinguir do restante da população pobre e miserável – vista de forma pejorativa pelas autoridades como classes perigosas. Por acréscimo, as associações se tornaram também um palco para a política de convivência e reciprocidade entre trabalhadores e chefes políticos das oligarquias. O envolvimento dos de baixo com deputados, coronéis e partidos a partir destas agremiações nos permite por em os limites da participação política na I República. Em paralelo, os grêmios mutualistas não ficaram restritos apenas à prática do assistencialismo. Nos anos 1920, eles foram também protagonistas de campanhas e de protestos por direitos e contra a exploração de patrões, tocando em questões como jornada de 8 horas, caixa de aposentadoria e pensões, férias e demissão arbitrária. O saldo da cultura associativa de trabalhadores que se desenvolveu na I República se depara com o pós-1930, tempo em que o Estado interfere na questão social. Tornando-se um ator social coletivo emergente, as sociedades operárias vivenciaram de diferentes formas a política de sindicalização das classes e da criação de leis trabalhistas durante o Governo Provisório. Portanto, amparada em pesquisas de jornais, atas, relatórios, correspondências, boletins e fontes judiciais, coletadas em arquivos da Bahia e de outros estados, este trabalho se propõe a investigar como trabalhadores do interior da Bahia formaram suas próprias agremiações, atuaram nas franjas de uma República oligárquica, coronelista e excludente, encamparam a defesa de seus interesses e emergiram como sujeitos históricos em Ilhéus e Itabuna. Palavras – chave: Trabalhadores, associativismo e política. T r a b a l h a d o r e s , a s s o c i a t i v i s m o e p o l í t i c a n o s u l d a B a h i a ( I l h é u s e I t a b u n a , 1 9 1 8 - 1 9 3 4 ) P á g i n a | 4 ABSTRACT The main objective of this thesis is to analyze the relationship between workers, associations and politics in southern Bahia - Ilheus and Itabuna - between 1918 and 1934. Since the late 1910s, the number of workers has become large and heterogeneous in two major cities in the southern state. Anxious to escape from extreme poverty, artists, workers, longshoremen and clerks developed associations, whose objectives were mutual aid, beneficence and assistance. These companies expressed the ways in which the working class could see himself and the world around them. In search of social recognition and attention of the authorities, these professional categories coined an identity based on positive work ethic to show up industrious and honest citizens. Thus, they intended not only to distinguish from the poor and miserable people - view pejoratively by the authorities as dangerous classes. By extension, the associations have also become a stage for the coexistence and reciprocity policy between workers and political leaders of the oligarchies. The involvement with congressman, warlords and parties from these associations allows us to put in the limits of political participation in the 1st Republic. In parallel, mutual unions were not restricted only to the practice of welfare. In the 1920s, they were also protagonists of campaigns and protests for rights and against the exploitation of bosses, touching on issues such as 8-hour workday, retirement housing and pensions, holidays and arbitrary dismissal. The balance of the associative culture workers that developed in the First Republic faces the post-1930 period in which the state interferes in social issues. Becoming an emerging collective social actor, workers' societies experienced in different ways unionization policy of classes and the creation of labor laws during the Provisional Government. Therefore, based on research papers, minutes, reports, correspondence, newsletters and judicial sources, collected in Bahia’s archives and other states, this study aims to investigate how the interior of Bahia workers formed their own associations, they acted on the fringes of an oligarchic Republic, landowner and exclusionary, have embraced the defense of their interests and emerged as historical subjects in Ilheus and Itabuna. O principal objetivo desta tese é analisar a relação entre os trabalhadores, o associativismo e a política no sul da Bahia – Ilhéus e Itabuna – entre 1918 e 1934. Desde o final da década de 1910, o contingente de trabalhadores se tornou numeroso e heterogêneo nas duas principais cidades do sul do estado. Preocupados em fugir da pobreza extrema, artistas, operários, estivadores e caixeiros desenvolveram associações de classe, cujos objetivos eram o auxílio mútuo, a beneficência e a assistência. Estas sociedades expressavam os modos pelos quais o operariado enxergava a si próprio e o mundo ao seu redor. Em busca de reconhecimento social e de atenção dos poderes públicos, estas categorias profissionais cunhavam uma identidade baseada na ética positiva do trabalho para demonstrarem-se cidadãos laboriosos e honestos. Desta forma, pretendiam não apenas se distinguir do restante da população pobre e miserável – vista de forma pejorativa pelas autoridades como classes perigosas. Por acréscimo, as associações se tornaram também um palco para a política de convivência e reciprocidade entre trabalhadores e chefes políticos das oligarquias. O envolvimento dos de baixo com deputados, coronéis e partidos a partir destas agremiações nos permite por em os limites da participação política na I República. Em paralelo, os grêmios mutualistas não ficaram restritos apenas à prática do assistencialismo. Nos anos 1920, eles foram também protagonistas de campanhas e de protestos por direitos e contra a exploração de patrões, tocando em questões como jornada de 8 horas, caixa de aposentadoria e pensões, férias e demissão arbitrária. O saldo da cultura associativa de trabalhadores que se desenvolveu na I República se depara com o pós-1930, tempo em que o Estado interfere na questão social. Tornando-se um ator social coletivo emergente, as sociedades operárias vivenciaram de diferentes formas a política de sindicalização das classes e da criação de leis trabalhistas durante o Governo Provisório. Portanto, amparada em pesquisas de jornais, atas, relatórios, correspondências, boletins e fontes judiciais, coletadas em arquivos da Bahia e de outros estados, este trabalho se propõe a investigar como trabalhadores do interior da Bahia formaram suas próprias agremiações, atuaram nas franjas de uma República oligárquica, coronelista e excludente, encamparam a defesa de seus interesses e emergiram como sujeitos históricos em Ilhéus e Itabuna. Palavras – chave: Trabalhadores, associativismo e política. T r a b a l h a d o r e s , a s s o c i a t i v i s m o e p o l í t i c a n o s u l d a B a h i a ( I l h é u s e I t a b u n a , 1 9 1 8 - 1 9 3 4 ) P á g i n a | 4 ABSTRACT The main objective of this thesis is to analyze the relationship between workers, associations and politics in southern Bahia - Ilheus and Itabuna - between 1918 and 1934. Since the late 1910s, the number of workers has become large and heterogeneous in two major cities in the southern state. Anxious to escape from extreme poverty, artists, workers, longshoremen and clerks developed associations, whose objectives were mutual aid, beneficence and assistance. These companies expressed the ways in which the working class could see himself and the world around them. In search of social recognition and attention of the authorities, these professional categories coined an identity based on positive work ethic to show up industrious and honest citizens. Thus, they intended not only to distinguish from the poor and miserable people - view pejoratively by the authorities as dangerous classes. By extension, the associations have also become a stage for the coexistence and reciprocity policy between workers and political leaders of the oligarchies. The involvement with congressman, warlords and parties from these associations allows us to put in the limits of political participation in the 1st Republic. In parallel, mutual unions were not restricted only to the practice of welfare. In the 1920s, they were also protagonists of campaigns and protests for rights and against the exploitation of bosses, touching on issues such as 8-hour workday, retirement housing and pensions, holidays and arbitrary dismissal. The balance of the associative culture workers that developed in the First Republic faces the post-1930 period in which the state interferes in social issues. Becoming an emerging collective social actor, workers' societies experienced in different ways unionization policy of classes and the creation of labor laws during the Provisional Government. Therefore, based on research papers, minutes, reports, correspondence, newsletters and judicial sources, collected in Bahia’s archives and other states, this study aims to investigate how the interior of Bahia workers formed their own associations, they acted on the fringes of an oligarchic Republic, landowner and exclusionary, have embraced the defense of their interests and emerged as historical subjects in Ilheus and Itabuna |
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Em busca de reconhecimento social e de atenção dos poderes públicos, estas categorias profissionais cunhavam uma identidade baseada na ética positiva do trabalho para demonstrarem-se cidadãos laboriosos e honestos. Desta forma, pretendiam não apenas se distinguir do restante da população pobre e miserável – vista de forma pejorativa pelas autoridades como classes perigosas. Por acréscimo, as associações se tornaram também um palco para a política de convivência e reciprocidade entre trabalhadores e chefes políticos das oligarquias. O envolvimento dos de baixo com deputados, coronéis e partidos a partir destas agremiações nos permite por em os limites da participação política na I República. Em paralelo, os grêmios mutualistas não ficaram restritos apenas à prática do assistencialismo. Nos anos 1920, eles foram também protagonistas de campanhas e de protestos por direitos e contra a exploração de patrões, tocando em questões como jornada de 8 horas, caixa de aposentadoria e pensões, férias e demissão arbitrária. O saldo da cultura associativa de trabalhadores que se desenvolveu na I República se depara com o pós-1930, tempo em que o Estado interfere na questão social. Tornando-se um ator social coletivo emergente, as sociedades operárias vivenciaram de diferentes formas a política de sindicalização das classes e da criação de leis trabalhistas durante o Governo Provisório. Portanto, amparada em pesquisas de jornais, atas, relatórios, correspondências, boletins e fontes judiciais, coletadas em arquivos da Bahia e de outros estados, este trabalho se propõe a investigar como trabalhadores do interior da Bahia formaram suas próprias agremiações, atuaram nas franjas de uma República oligárquica, coronelista e excludente, encamparam a defesa de seus interesses e emergiram como sujeitos históricos em Ilhéus e Itabuna. Palavras – chave: Trabalhadores, associativismo e política. T r a b a l h a d o r e s , a s s o c i a t i v i s m o e p o l í t i c a n o s u l d a B a h i a ( I l h é u s e I t a b u n a , 1 9 1 8 - 1 9 3 4 ) P á g i n a | 4 ABSTRACT The main objective of this thesis is to analyze the relationship between workers, associations and politics in southern Bahia - Ilheus and Itabuna - between 1918 and 1934. Since the late 1910s, the number of workers has become large and heterogeneous in two major cities in the southern state. Anxious to escape from extreme poverty, artists, workers, longshoremen and clerks developed associations, whose objectives were mutual aid, beneficence and assistance. These companies expressed the ways in which the working class could see himself and the world around them. In search of social recognition and attention of the authorities, these professional categories coined an identity based on positive work ethic to show up industrious and honest citizens. Thus, they intended not only to distinguish from the poor and miserable people - view pejoratively by the authorities as dangerous classes. By extension, the associations have also become a stage for the coexistence and reciprocity policy between workers and political leaders of the oligarchies. The involvement with congressman, warlords and parties from these associations allows us to put in the limits of political participation in the 1st Republic. In parallel, mutual unions were not restricted only to the practice of welfare. In the 1920s, they were also protagonists of campaigns and protests for rights and against the exploitation of bosses, touching on issues such as 8-hour workday, retirement housing and pensions, holidays and arbitrary dismissal. The balance of the associative culture workers that developed in the First Republic faces the post-1930 period in which the state interferes in social issues. Becoming an emerging collective social actor, workers' societies experienced in different ways unionization policy of classes and the creation of labor laws during the Provisional Government. Therefore, based on research papers, minutes, reports, correspondence, newsletters and judicial sources, collected in Bahia’s archives and other states, this study aims to investigate how the interior of Bahia workers formed their own associations, they acted on the fringes of an oligarchic Republic, landowner and exclusionary, have embraced the defense of their interests and emerged as historical subjects in Ilheus and Itabuna. O principal objetivo desta tese é analisar a relação entre os trabalhadores, o associativismo e a política no sul da Bahia – Ilhéus e Itabuna – entre 1918 e 1934. Desde o final da década de 1910, o contingente de trabalhadores se tornou numeroso e heterogêneo nas duas principais cidades do sul do estado. Preocupados em fugir da pobreza extrema, artistas, operários, estivadores e caixeiros desenvolveram associações de classe, cujos objetivos eram o auxílio mútuo, a beneficência e a assistência. Estas sociedades expressavam os modos pelos quais o operariado enxergava a si próprio e o mundo ao seu redor. Em busca de reconhecimento social e de atenção dos poderes públicos, estas categorias profissionais cunhavam uma identidade baseada na ética positiva do trabalho para demonstrarem-se cidadãos laboriosos e honestos. Desta forma, pretendiam não apenas se distinguir do restante da população pobre e miserável – vista de forma pejorativa pelas autoridades como classes perigosas. Por acréscimo, as associações se tornaram também um palco para a política de convivência e reciprocidade entre trabalhadores e chefes políticos das oligarquias. O envolvimento dos de baixo com deputados, coronéis e partidos a partir destas agremiações nos permite por em os limites da participação política na I República. Em paralelo, os grêmios mutualistas não ficaram restritos apenas à prática do assistencialismo. Nos anos 1920, eles foram também protagonistas de campanhas e de protestos por direitos e contra a exploração de patrões, tocando em questões como jornada de 8 horas, caixa de aposentadoria e pensões, férias e demissão arbitrária. O saldo da cultura associativa de trabalhadores que se desenvolveu na I República se depara com o pós-1930, tempo em que o Estado interfere na questão social. Tornando-se um ator social coletivo emergente, as sociedades operárias vivenciaram de diferentes formas a política de sindicalização das classes e da criação de leis trabalhistas durante o Governo Provisório. Portanto, amparada em pesquisas de jornais, atas, relatórios, correspondências, boletins e fontes judiciais, coletadas em arquivos da Bahia e de outros estados, este trabalho se propõe a investigar como trabalhadores do interior da Bahia formaram suas próprias agremiações, atuaram nas franjas de uma República oligárquica, coronelista e excludente, encamparam a defesa de seus interesses e emergiram como sujeitos históricos em Ilhéus e Itabuna. Palavras – chave: Trabalhadores, associativismo e política. T r a b a l h a d o r e s , a s s o c i a t i v i s m o e p o l í t i c a n o s u l d a B a h i a ( I l h é u s e I t a b u n a , 1 9 1 8 - 1 9 3 4 ) P á g i n a | 4 ABSTRACT The main objective of this thesis is to analyze the relationship between workers, associations and politics in southern Bahia - Ilheus and Itabuna - between 1918 and 1934. Since the late 1910s, the number of workers has become large and heterogeneous in two major cities in the southern state. Anxious to escape from extreme poverty, artists, workers, longshoremen and clerks developed associations, whose objectives were mutual aid, beneficence and assistance. These companies expressed the ways in which the working class could see himself and the world around them. In search of social recognition and attention of the authorities, these professional categories coined an identity based on positive work ethic to show up industrious and honest citizens. Thus, they intended not only to distinguish from the poor and miserable people - view pejoratively by the authorities as dangerous classes. By extension, the associations have also become a stage for the coexistence and reciprocity policy between workers and political leaders of the oligarchies. The involvement with congressman, warlords and parties from these associations allows us to put in the limits of political participation in the 1st Republic. In parallel, mutual unions were not restricted only to the practice of welfare. In the 1920s, they were also protagonists of campaigns and protests for rights and against the exploitation of bosses, touching on issues such as 8-hour workday, retirement housing and pensions, holidays and arbitrary dismissal. The balance of the associative culture workers that developed in the First Republic faces the post-1930 period in which the state interferes in social issues. Becoming an emerging collective social actor, workers' societies experienced in different ways unionization policy of classes and the creation of labor laws during the Provisional Government. Therefore, based on research papers, minutes, reports, correspondence, newsletters and judicial sources, collected in Bahia’s archives and other states, this study aims to investigate how the interior of Bahia workers formed their own associations, they acted on the fringes of an oligarchic Republic, landowner and exclusionary, have embraced the defense of their interests and emerged as historical subjects in Ilheus and ItabunaSubmitted by Oliveira Santos Dilzaná (dilznana@yahoo.com.br) on 2016-03-15T13:46:47Z No. of bitstreams: 1 TESE DE PHILIPE MURILLO SANTANA DE CARVALHO.pdf: 3341202 bytes, checksum: 8e76e67610f1e75ec27b972b53c801c8 (MD5)Approved for entry into archive by Ana Portela (anapoli@ufba.br) on 2016-03-28T19:23:54Z (GMT) No. of bitstreams: 1 TESE DE PHILIPE MURILLO SANTANA DE CARVALHO.pdf: 3341202 bytes, checksum: 8e76e67610f1e75ec27b972b53c801c8 (MD5)Made available in DSpace on 2016-03-28T19:23:54Z (GMT). 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O principal objetivo desta tese é analisar a relação entre os trabalhadores, o associativismo e a política no sul da Bahia – Ilhéus e Itabuna – entre 1918 e 1934. Desde o final da década de 1910, o contingente de trabalhadores se tornou numeroso e heterogêneo nas duas principais cidades do sul do estado. Preocupados em fugir da pobreza extrema, artistas, operários, estivadores e caixeiros desenvolveram associações de classe, cujos objetivos eram o auxílio mútuo, a beneficência e a assistência. Estas sociedades expressavam os modos pelos quais o operariado enxergava a si próprio e o mundo ao seu redor. Em busca de reconhecimento social e de atenção dos poderes públicos, estas categorias profissionais cunhavam uma identidade baseada na ética positiva do trabalho para demonstrarem-se cidadãos laboriosos e honestos. Desta forma, pretendiam não apenas se distinguir do restante da população pobre e miserável – vista de forma pejorativa pelas autoridades como classes perigosas. Por acréscimo, as associações se tornaram também um palco para a política de convivência e reciprocidade entre trabalhadores e chefes políticos das oligarquias. O envolvimento dos de baixo com deputados, coronéis e partidos a partir destas agremiações nos permite por em os limites da participação política na I República. Em paralelo, os grêmios mutualistas não ficaram restritos apenas à prática do assistencialismo. Nos anos 1920, eles foram também protagonistas de campanhas e de protestos por direitos e contra a exploração de patrões, tocando em questões como jornada de 8 horas, caixa de aposentadoria e pensões, férias e demissão arbitrária. O saldo da cultura associativa de trabalhadores que se desenvolveu na I República se depara com o pós-1930, tempo em que o Estado interfere na questão social. Tornando-se um ator social coletivo emergente, as sociedades operárias vivenciaram de diferentes formas a política de sindicalização das classes e da criação de leis trabalhistas durante o Governo Provisório. Portanto, amparada em pesquisas de jornais, atas, relatórios, correspondências, boletins e fontes judiciais, coletadas em arquivos da Bahia e de outros estados, este trabalho se propõe a investigar como trabalhadores do interior da Bahia formaram suas próprias agremiações, atuaram nas franjas de uma República oligárquica, coronelista e excludente, encamparam a defesa de seus interesses e emergiram como sujeitos históricos em Ilhéus e Itabuna. Palavras – chave: Trabalhadores, associativismo e política. T r a b a l h a d o r e s , a s s o c i a t i v i s m o e p o l í t i c a n o s u l d a B a h i a ( I l h é u s e I t a b u n a , 1 9 1 8 - 1 9 3 4 ) P á g i n a | 4 ABSTRACT The main objective of this thesis is to analyze the relationship between workers, associations and politics in southern Bahia - Ilheus and Itabuna - between 1918 and 1934. Since the late 1910s, the number of workers has become large and heterogeneous in two major cities in the southern state. Anxious to escape from extreme poverty, artists, workers, longshoremen and clerks developed associations, whose objectives were mutual aid, beneficence and assistance. These companies expressed the ways in which the working class could see himself and the world around them. In search of social recognition and attention of the authorities, these professional categories coined an identity based on positive work ethic to show up industrious and honest citizens. Thus, they intended not only to distinguish from the poor and miserable people - view pejoratively by the authorities as dangerous classes. By extension, the associations have also become a stage for the coexistence and reciprocity policy between workers and political leaders of the oligarchies. The involvement with congressman, warlords and parties from these associations allows us to put in the limits of political participation in the 1st Republic. In parallel, mutual unions were not restricted only to the practice of welfare. In the 1920s, they were also protagonists of campaigns and protests for rights and against the exploitation of bosses, touching on issues such as 8-hour workday, retirement housing and pensions, holidays and arbitrary dismissal. The balance of the associative culture workers that developed in the First Republic faces the post-1930 period in which the state interferes in social issues. Becoming an emerging collective social actor, workers' societies experienced in different ways unionization policy of classes and the creation of labor laws during the Provisional Government. Therefore, based on research papers, minutes, reports, correspondence, newsletters and judicial sources, collected in Bahia’s archives and other states, this study aims to investigate how the interior of Bahia workers formed their own associations, they acted on the fringes of an oligarchic Republic, landowner and exclusionary, have embraced the defense of their interests and emerged as historical subjects in Ilheus and Itabuna. O principal objetivo desta tese é analisar a relação entre os trabalhadores, o associativismo e a política no sul da Bahia – Ilhéus e Itabuna – entre 1918 e 1934. Desde o final da década de 1910, o contingente de trabalhadores se tornou numeroso e heterogêneo nas duas principais cidades do sul do estado. Preocupados em fugir da pobreza extrema, artistas, operários, estivadores e caixeiros desenvolveram associações de classe, cujos objetivos eram o auxílio mútuo, a beneficência e a assistência. Estas sociedades expressavam os modos pelos quais o operariado enxergava a si próprio e o mundo ao seu redor. Em busca de reconhecimento social e de atenção dos poderes públicos, estas categorias profissionais cunhavam uma identidade baseada na ética positiva do trabalho para demonstrarem-se cidadãos laboriosos e honestos. Desta forma, pretendiam não apenas se distinguir do restante da população pobre e miserável – vista de forma pejorativa pelas autoridades como classes perigosas. Por acréscimo, as associações se tornaram também um palco para a política de convivência e reciprocidade entre trabalhadores e chefes políticos das oligarquias. O envolvimento dos de baixo com deputados, coronéis e partidos a partir destas agremiações nos permite por em os limites da participação política na I República. Em paralelo, os grêmios mutualistas não ficaram restritos apenas à prática do assistencialismo. Nos anos 1920, eles foram também protagonistas de campanhas e de protestos por direitos e contra a exploração de patrões, tocando em questões como jornada de 8 horas, caixa de aposentadoria e pensões, férias e demissão arbitrária. O saldo da cultura associativa de trabalhadores que se desenvolveu na I República se depara com o pós-1930, tempo em que o Estado interfere na questão social. Tornando-se um ator social coletivo emergente, as sociedades operárias vivenciaram de diferentes formas a política de sindicalização das classes e da criação de leis trabalhistas durante o Governo Provisório. Portanto, amparada em pesquisas de jornais, atas, relatórios, correspondências, boletins e fontes judiciais, coletadas em arquivos da Bahia e de outros estados, este trabalho se propõe a investigar como trabalhadores do interior da Bahia formaram suas próprias agremiações, atuaram nas franjas de uma República oligárquica, coronelista e excludente, encamparam a defesa de seus interesses e emergiram como sujeitos históricos em Ilhéus e Itabuna. Palavras – chave: Trabalhadores, associativismo e política. T r a b a l h a d o r e s , a s s o c i a t i v i s m o e p o l í t i c a n o s u l d a B a h i a ( I l h é u s e I t a b u n a , 1 9 1 8 - 1 9 3 4 ) P á g i n a | 4 ABSTRACT The main objective of this thesis is to analyze the relationship between workers, associations and politics in southern Bahia - Ilheus and Itabuna - between 1918 and 1934. Since the late 1910s, the number of workers has become large and heterogeneous in two major cities in the southern state. Anxious to escape from extreme poverty, artists, workers, longshoremen and clerks developed associations, whose objectives were mutual aid, beneficence and assistance. These companies expressed the ways in which the working class could see himself and the world around them. In search of social recognition and attention of the authorities, these professional categories coined an identity based on positive work ethic to show up industrious and honest citizens. Thus, they intended not only to distinguish from the poor and miserable people - view pejoratively by the authorities as dangerous classes. By extension, the associations have also become a stage for the coexistence and reciprocity policy between workers and political leaders of the oligarchies. The involvement with congressman, warlords and parties from these associations allows us to put in the limits of political participation in the 1st Republic. In parallel, mutual unions were not restricted only to the practice of welfare. In the 1920s, they were also protagonists of campaigns and protests for rights and against the exploitation of bosses, touching on issues such as 8-hour workday, retirement housing and pensions, holidays and arbitrary dismissal. The balance of the associative culture workers that developed in the First Republic faces the post-1930 period in which the state interferes in social issues. Becoming an emerging collective social actor, workers' societies experienced in different ways unionization policy of classes and the creation of labor laws during the Provisional Government. Therefore, based on research papers, minutes, reports, correspondence, newsletters and judicial sources, collected in Bahia’s archives and other states, this study aims to investigate how the interior of Bahia workers formed their own associations, they acted on the fringes of an oligarchic Republic, landowner and exclusionary, have embraced the defense of their interests and emerged as historical subjects in Ilheus and Itabuna |
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