Condições de nascimento e o cuidado à criança no cárcere
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFBA |
Texto Completo: | https://repositorio.ufba.br/handle/ri/34911 |
Resumo: | O número de crianças que nascem e crescem no contexto do cárcere tem aumentado proporcionalmente ao de mulheres em idade fértil, que vivenciam situação de prisão no país. Este estudo teve como objetivo geral analisar os cuidados prestados às crianças de 0 a 6 meses que vivenciaram o ambiente prisional. Os objetivos específicos consistiram em: caracterizar sociodemograficamente gestantes e lactantes, que encontram-se no contexto prisional no estado da Bahia; descrever as condições de nascimento de crianças no contexto prisional; apreender os cuidados prestados às crianças de 0 a 6 meses por mães, profissionais de saúde e agentes penitenciárias; e, identificar os fatores que interferem no cuidado prestado à criança de 0 a 6 meses no contexto prisional. Pesquisa qualitativa de natureza descritiva exploratória, com abordagem etnográfica. O estudo foi desenvolvido em duas unidades prisionais femininas no estado da Bahia, que possuíam unidade de berçário. Os sujeitos da pesquisa foram seis mães em privação de liberdade, nove agentes penitenciárias e 15 profissionais de saúde. A pesquisa obteve aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), sob o protocolo nº 2.876.907. Para coleta de dados, utilizou-se formulário, entrevista semiestruturada e observação participativa. Os dados foram analisados segundo a técnica de “análise de conteúdo”, constituindo cinco categorias temáticas: 1) A criança no contexto de vulnerabilidade do cárcere; 2) Mulheres em período gravídico puerperal – situação de vulnerabilidade no cárcere; 3) Condições de gestar, parir e nascer no contexto do sistema prisional; 4) O cuidado à criança no cárcere – percepções dos profissionais de saúde; e, 5) Atenção à criança no contexto prisional – um olhar das agentes penitenciárias. Os resultados demonstraram que o cárcere é um local de vulnerabilidade e violação de direitos da criança. Em relação ao perfil das mulheres que vivenciaram a maternidade no cárcere, foi identificado que são jovens, negras, pobres e de baixa escolaridade. Em relação às condições de nascimento das crianças no sistema prisional, foram evidenciadas situações precárias de infraestrutura da unidade prisional, dificuldades no transporte das gestantes durante o trabalho de parto, e as dificuldades para as mães prestarem os cuidados a seus filhos após retorno à prisão – devido à escassez de insumos e de instalação. Com relação aos cuidados às crianças prestados pelos profissionais no contexto prisional, foram descritos os cuidados cotidianos realizados na prisão, cuidados durante as intercorrências infantis e os desafios para prestação dos cuidados à criança no cárcere. Por fim, foi revelado que o sistema de vigilância e a realização das práticas disciplinares na prisão trazem impactos para a vida dos bebês. Com este estudo, permitimos que as mães, profissionais de saúde e agentes penitenciárias revelassem o cuidado à criança dentro do sistema prisional, evidenciando as principais dificuldades para o desenvolvimento da assistência à criança. Os dados desta pesquisa apontam para a necessidade de elaboração de políticas públicas, que garantam às crianças e suas mães, que vivem no contexto prisional, um cuidado integral e congruente à sua situação de vulnerabilidade. |
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2022-03-21T15:59:32Z2020-07-172022-03-21T15:59:32Z2020-07-17https://repositorio.ufba.br/handle/ri/34911O número de crianças que nascem e crescem no contexto do cárcere tem aumentado proporcionalmente ao de mulheres em idade fértil, que vivenciam situação de prisão no país. Este estudo teve como objetivo geral analisar os cuidados prestados às crianças de 0 a 6 meses que vivenciaram o ambiente prisional. Os objetivos específicos consistiram em: caracterizar sociodemograficamente gestantes e lactantes, que encontram-se no contexto prisional no estado da Bahia; descrever as condições de nascimento de crianças no contexto prisional; apreender os cuidados prestados às crianças de 0 a 6 meses por mães, profissionais de saúde e agentes penitenciárias; e, identificar os fatores que interferem no cuidado prestado à criança de 0 a 6 meses no contexto prisional. Pesquisa qualitativa de natureza descritiva exploratória, com abordagem etnográfica. O estudo foi desenvolvido em duas unidades prisionais femininas no estado da Bahia, que possuíam unidade de berçário. Os sujeitos da pesquisa foram seis mães em privação de liberdade, nove agentes penitenciárias e 15 profissionais de saúde. A pesquisa obteve aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), sob o protocolo nº 2.876.907. Para coleta de dados, utilizou-se formulário, entrevista semiestruturada e observação participativa. Os dados foram analisados segundo a técnica de “análise de conteúdo”, constituindo cinco categorias temáticas: 1) A criança no contexto de vulnerabilidade do cárcere; 2) Mulheres em período gravídico puerperal – situação de vulnerabilidade no cárcere; 3) Condições de gestar, parir e nascer no contexto do sistema prisional; 4) O cuidado à criança no cárcere – percepções dos profissionais de saúde; e, 5) Atenção à criança no contexto prisional – um olhar das agentes penitenciárias. Os resultados demonstraram que o cárcere é um local de vulnerabilidade e violação de direitos da criança. Em relação ao perfil das mulheres que vivenciaram a maternidade no cárcere, foi identificado que são jovens, negras, pobres e de baixa escolaridade. Em relação às condições de nascimento das crianças no sistema prisional, foram evidenciadas situações precárias de infraestrutura da unidade prisional, dificuldades no transporte das gestantes durante o trabalho de parto, e as dificuldades para as mães prestarem os cuidados a seus filhos após retorno à prisão – devido à escassez de insumos e de instalação. Com relação aos cuidados às crianças prestados pelos profissionais no contexto prisional, foram descritos os cuidados cotidianos realizados na prisão, cuidados durante as intercorrências infantis e os desafios para prestação dos cuidados à criança no cárcere. Por fim, foi revelado que o sistema de vigilância e a realização das práticas disciplinares na prisão trazem impactos para a vida dos bebês. Com este estudo, permitimos que as mães, profissionais de saúde e agentes penitenciárias revelassem o cuidado à criança dentro do sistema prisional, evidenciando as principais dificuldades para o desenvolvimento da assistência à criança. Os dados desta pesquisa apontam para a necessidade de elaboração de políticas públicas, que garantam às crianças e suas mães, que vivem no contexto prisional, um cuidado integral e congruente à sua situação de vulnerabilidade.The number of children who are born and raised in the context of prison has increased proportionally to that of women of childbearing age, who experience a situation of prison in the country. This study aimed to analyze the care provided to children from 0 to 6 months of age who experienced the prison environment. The specific objectives were: to characterize sociodemographically pregnant and lactating women, who are in the prison context in the state of Bahia; describe the birth conditions of children in the prison context; apprehending the care provided to children aged 0 to 6 months by mothers, health professionals and prison officers; and, to identify the factors that interfere in the care provided to children from 0 to 6 months in the prison context. Qualitative research of exploratory descriptive nature, with an ethnographic approach. The study was carried out in two female prison units in the state of Bahia, which had a nursery unit. The research subjects were six deprived mothers, nine prison officers and 15 health professionals. The research was approved by the Ethics and Research Committee (CEP) of the Federal University of Bahia (UFBA), under protocol No. 2,876,907. For data collection, a form, semi-structured interview and participatory observation were used. The data were analyzed according to the “content analysis” technique, constituting five thematic categories: 1) The child in the context of vulnerability in prison; 2) Women in puerperal pregnancy - situation of vulnerability in prison; 3) Conditions for gestating, giving birth and being born in the context of the prison system; 4) Child care in prison - perceptions of health professionals; and, 5) Attention to the child in the prison context - a look from the prison staff. The results showed that prison is a place of vulnerability and violation of children's rights. Regarding the profile of women who experienced motherhood in prison, it was identified that they are young, black, poor and with low education. In relation to the birth conditions of children in the prison system, there were evidences of precarious situations of infrastructure in the prison unit, difficulties in transporting pregnant women during labor, and difficulties for mothers to provide care for their children after returning to prison - due to the scarcity of inputs and installation. Regarding the care for children provided by professionals in the prison context, daily care performed in prison, care during child complications and the challenges in providing care to children in prison were described. Finally, it was revealed that the surveillance system and the conduct of disciplinary practices in prison have an impact on the lives of babies. With this study, we allowed mothers, health professionals and prison staff to reveal child care within the prison system, highlighting the main difficulties for the development of child care. The data of this research point to the need for the elaboration of public policies, which guarantee children and their mothers, who live in the prison context, comprehensive care and congruent to their situation of vulnerabilitySubmitted by Mendes Márcia (marciinhamendes@gmail.com) on 2022-03-19T00:48:22Z No. of bitstreams: 1 Tese Doutorado Denise (2).pdf: 2008652 bytes, checksum: 873a5c072711129dccd788b68195fc0d (MD5)Approved for entry into archive by Delba Rosa (delba@ufba.br) on 2022-03-21T15:59:32Z (GMT) No. of bitstreams: 1 Tese Doutorado Denise (2).pdf: 2008652 bytes, checksum: 873a5c072711129dccd788b68195fc0d (MD5)Made available in DSpace on 2022-03-21T15:59:32Z (GMT). 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O número de crianças que nascem e crescem no contexto do cárcere tem aumentado proporcionalmente ao de mulheres em idade fértil, que vivenciam situação de prisão no país. Este estudo teve como objetivo geral analisar os cuidados prestados às crianças de 0 a 6 meses que vivenciaram o ambiente prisional. Os objetivos específicos consistiram em: caracterizar sociodemograficamente gestantes e lactantes, que encontram-se no contexto prisional no estado da Bahia; descrever as condições de nascimento de crianças no contexto prisional; apreender os cuidados prestados às crianças de 0 a 6 meses por mães, profissionais de saúde e agentes penitenciárias; e, identificar os fatores que interferem no cuidado prestado à criança de 0 a 6 meses no contexto prisional. Pesquisa qualitativa de natureza descritiva exploratória, com abordagem etnográfica. O estudo foi desenvolvido em duas unidades prisionais femininas no estado da Bahia, que possuíam unidade de berçário. Os sujeitos da pesquisa foram seis mães em privação de liberdade, nove agentes penitenciárias e 15 profissionais de saúde. A pesquisa obteve aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), sob o protocolo nº 2.876.907. Para coleta de dados, utilizou-se formulário, entrevista semiestruturada e observação participativa. Os dados foram analisados segundo a técnica de “análise de conteúdo”, constituindo cinco categorias temáticas: 1) A criança no contexto de vulnerabilidade do cárcere; 2) Mulheres em período gravídico puerperal – situação de vulnerabilidade no cárcere; 3) Condições de gestar, parir e nascer no contexto do sistema prisional; 4) O cuidado à criança no cárcere – percepções dos profissionais de saúde; e, 5) Atenção à criança no contexto prisional – um olhar das agentes penitenciárias. Os resultados demonstraram que o cárcere é um local de vulnerabilidade e violação de direitos da criança. Em relação ao perfil das mulheres que vivenciaram a maternidade no cárcere, foi identificado que são jovens, negras, pobres e de baixa escolaridade. Em relação às condições de nascimento das crianças no sistema prisional, foram evidenciadas situações precárias de infraestrutura da unidade prisional, dificuldades no transporte das gestantes durante o trabalho de parto, e as dificuldades para as mães prestarem os cuidados a seus filhos após retorno à prisão – devido à escassez de insumos e de instalação. Com relação aos cuidados às crianças prestados pelos profissionais no contexto prisional, foram descritos os cuidados cotidianos realizados na prisão, cuidados durante as intercorrências infantis e os desafios para prestação dos cuidados à criança no cárcere. Por fim, foi revelado que o sistema de vigilância e a realização das práticas disciplinares na prisão trazem impactos para a vida dos bebês. Com este estudo, permitimos que as mães, profissionais de saúde e agentes penitenciárias revelassem o cuidado à criança dentro do sistema prisional, evidenciando as principais dificuldades para o desenvolvimento da assistência à criança. Os dados desta pesquisa apontam para a necessidade de elaboração de políticas públicas, que garantam às crianças e suas mães, que vivem no contexto prisional, um cuidado integral e congruente à sua situação de vulnerabilidade. |
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