Qualidade de vida relacionada a saúde de pacientes HIV + em terapia antirretroviral: estudo de coorte

• Autor(a) principal: Dutra, Brenda Soares
• Data de Publicação: 2018
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
• Texto Completo: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/35852
• topic: CNPQ::CIENCIAS DA SAUDE::MEDICINA; Qualidade de vida relacionada à saúde; HIV; AIDS; Terapia antirretroviral

Introdução: A infecção por HIV/AIDS adquiriu um caráter crônico após a ampla distribuição da terapia antirretroviral (TARV). Apesar de suprimir a replicação do HIV, a TARV pode provocar efeitos colaterais que afetam as atividades diárias e, consequentemente, a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) de indivíduos HIV positivos. Objetivo: Descrever a QVRS em indivíduos HIV positivos após um ano de TARV. Métodos: Trata-se de estudo de coorte prospectiva no período de maio de 2016 a julho de 2018. Foram coletados dados sobre características clínicas e sociodemográficas de 91 pacientes infectados pelo HIV, antes do início da TARV e após um ano de tratamento. Todos os participantes responderam ao questionários 36-Item Short Form Health Survey (SF-36) e ao HIV/AIDS-Targeted Quality of Life (HAT-QoL) nos dois períodos. Foram incluídos no estudo indivíduos assintomáticos com idade ≥ 18 anos. Os dados de variáveis contínuas foram analisados com medidas de tendência central e dispersão e expressos como médias e desvio-padrão. Os dados de variáveis categóricas foram analisados com medidas de frequência e expressos como porcentagens. Foi realizado o teste estatístico Shapiro-Wilk, para avaliar a normalidade das variáveis, e o teste t-Student para amostras pareadas, para comparar as diferenças entre os grupos antes e após a terapia antirretroviral. O teste do qui-quadrado de McNemar foi usado para comparar proporções entre variáveis dependentes e independentes. A associação de variáveis preditoras da QVRS física e mental foram analisadas por meio da análise de regressão linear múltipla. O nível de significância estatística empregado foi de α≤ 0,05. Resultados: Participaram da avaliação inicial do estudo 100 pacientes, havendo descontinuidade de seguimento de nove indivíduos. A amostra final foi composta por 91 indivíduos com média de idade de 35,3±10,74. Dos 91 pacientes, a maioria era do sexo masculino (78%), sem relação estável (80,2%) e sem comorbidades (73,6%). Quarenta e um indivíduos (45%) recebiam menos de um salário mínimo e 32 (35,2%) moravam sozinhos. A maioria dos domínios do SF-36 foram significantemente maiores após um ano, particularmente Capacidade funcional (p=0,0001), Estado geral de saúde (p=0.0001), Aspectos sociais (p=0,0001) e Saúde mental (p=0,001), assim como o Componente de saúde mental (p=0.004). Os domínios do HAT-QoL foram significantemente maiores na Função geral (p=0,0001), Satisfação com a vida (p=0,0001), Confiança no profissional (p=0,001) e Função sexual (p=0,0001). A associação de variáveis preditoras com os Componentes físico e mental do SF-36 foi explorada utilizando-se análise de regressão multivariada. Sexo (p=0,032), idade (p=0,001; p=0,029), renda (P=0,007) e ter relação estável (p=0,007) foram variáveis preditores do Componente de saúde física. As variáveis sexo (p=0,002) e relação estável (p=0,038) foram preditoras do Componente de saúde mental. O Domínio Capacidade funcional do SF36 e Função geral do HAT-QoL apresentaram forte correlação (r=0,73). Conclusões: A TARV melhorou a QVRS depois de um ano de uso. Os instrumentos HAT-QoL e SF-36 são boas ferramentas para avaliar a QVRS de pacientes HIV positivos, mas as mesmas mensuram diferentes aspectos. O uso de ambas escalas é recomendado para uma avaliação mais acurada da QVRS em pacientes HIV positivos.