Análise dos gastos do tratamento da osteonecrose do quadril: terapia celular e artroplastia total em pessoas com anemia falciforme na perspectiva do SUS

• Autor(a) principal: Botelho, Valéria Lima
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
• Texto Completo: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/34324
• topic: Saúde Coletiva; Gastos em Saúde; Anemia Falciforme; Osteinecrose da Cabeça do Fêmur; Artroplastia de Quadril; Terapia Celular; Doenças Raras; Tecnologia em Saúde

A Doença Falciforme é definida como uma alteração autossômica recessiva caracterizada pela presença de hemoglobina S anormal. A Doença Falciforme é originária do continente africano. Devido ao longo processo histórico de intensa escravização dos povos africanos e colonização do Brasil, a população negra é a mais afetada. O gene S apresenta maior prevalência na Bahia e em Salvador. Aproximadamente 50% dos pacientes com Doença Falciforme apresentam necrose avascular, que acomete principalmente a cabeça do fêmur. O tratamento da osteonecrose da cabeça femoral é considerado um desafio. Tradicionalmente, a terapêutica empregada é a artroplastia total de quadril, que corresponde a um procedimento invasivo com altos índices de morbimortalidade e resultados insatisfatórios após 5 a 10 anos. A terapia celular, com a utilização de células-tronco, revela-se como importante alternativa a ser incorporada ao SUS no tratamento da osteonecrose de quadril. Os pacientes com Doença Falciforme ostentam melhores prognósticos com a terapia celular, apresentando índice de 5% de insucesso. Considerando a eficiência da terapia celular, o objetivo do presente trabalho foi de realizar uma análise do gasto efetivo com a referida terapia na osteonecrose do quadril em pessoas com Doença Falciforme, no âmbito do SUS. Para isso, foi realizado um estudo descritivo, comparativo e transversal, de pessoas atendidas no Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos, portadoras de osteonecrose de quadril secundária a Doença Falciforme e submetidas a terapia celular, na faixa etária de 18 a 40 anos de idade, no período compreendido entre 2015 a 2019. A partir dos prontuários médicos dos pacientes, foram estimados os gastos da terapia celular e da artroplastia total de quadril, para fins de análise e comparação. Para avaliação dos gastos em saúde aplicou-se a metodologia do microcusteio e foi utilizada a perspectiva do SUS como órgão comprador de serviços públicos e privados de saúde. Todos os gastos diretos foram computados com base na cobertura das tabelas de reembolso dos procedimentos do SUS. Ademais, foram consultados dados do DATASUS. Com relação a terapia celular na osteonecrose do quadril no período de 2015 a 2019, foram tendidos 74 pacientes, sendo realizados 88 procedimentos cirúrgicos. Os resultados demonstraram que os gastos obtidos com cada procedimento foram de R$ 3.265,22 referente a terapia celular e R$ 4.764,08 relativo a artroplastia total de quadril. Com base nas evidências científicas, a soltura das próteses referentes a artroplastia total primária na Doença Falciforme, onde o valor de R$ 4.764,08 tem a vida útil em média de 5 a 10 anos, exige a realização de uma artroplastia total de revisão, procedimento com gastos estimados de R$ 6.365,18. Portanto, os gastos são ainda maiores comparado a terapia celular, tendo um acréscimo de R$7.864,04 por procedimento. Nesse contexto, a partir da avaliação dos gastos considerando os 74 pacientes analisados, verificou-se que, enquanto a terapia celular gerou um gasto de R$ 287.339,36, caso fosse adotado o método tradicional, o valor despendido seria de R$ 979.374,88. Logo, através da análise realizada, a terapia celular demonstrou ser mais econômica, sendo um tratamento que possibilita tratar mais pessoas em menos tempo.