Epidemia, narratividade e produção de sentidos na mídia impressa: o caso do Benzenismo no COPEC, 1990 - 1991.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Maria Ligia Rangel
Data de Publicação: 2001
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/26924
Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo desvendar os sentidos produzidos nas narrativas de quatro jornais de Salvador, Bahia, acerca da epidemia de benzenismo que ocorreu no Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia, nos anos de 1990 e 1991. Orientado pela moderna Antropologia Interpretativa e pelo Interacionismo Simbólico, o estudo desvela os sentidos da epidemia a partir da análise da inovação semântica do enredo, das metáforas e do esquematismo do texto jornalístico, sobre um universo de 217 notícias publicadas naquela ocasião. Estas são articuladas em narrativas sobre as quais se conjectura acerca dos sentidos que são validados por meio do confronto das interpretações. A análise focaliza também a simbólica textual e a linguagem utilizadas pelos jornais para darem sentido ao texto e buscarem identificação com seu público. As múltiplas vozes que compõem o texto jornalístico são analisadas quanto ao alinhamento em que são postas e as imagens públicas que constróem para os diferentes atores sociais envolvidos no drama da epidemia que acomete trabalhadores do Polo Petroquímico de Camaçari, nos anos 90 e 91. Dessa análise, encontram-se quatro linhas interpretativas para o evento epidêmico, as quais dão suporte ao debate em torno da epidemia e ao processo de negociação entre trabalhadores, empresas e governo, para o seu controle. Apontando para diferentes horizontes de expectativas quanto à solução do problema, os jornais estruturam seu discurso tendo a epidemia como incerta; real e aterrorizante; criminosa; e por fim, natural. O estudo corrobora a tendência da análise de discurso midiático que vê no jornal um intérprete privilegiado, construtor da realidade social, que transforma a informação, selecionando-a, organizando-a e dando voz e visibilidade a distintos atores sociais para a produção de sentidos, a serem recebidos e reinterpretados por seu público. Atesta também que os jornais constróem os sentidos para o evento epidêmico com base tanto nas crenças e valores próprios da cultura em torno dos riscos ocupacionais e de seus meios de controle, quanto dos jogos de poder constituídos na relação empregadores, empregados e governo.
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