Construções de lesbianidades no cinema brasileiro pós retomada, 1995-2018

• Autor(a) principal: Bianchi, Naiade Seixas
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
• Texto Completo: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/34222
• topic: Cultura e Sociedade; Cinema brasileiro; Homossexualidade no cinema; Lesbianidade no cinema; Homocultura; Mulheres no cinema

Essa pesquisa estuda a construção das personagens do sexo feminino que se direcionam eroticamente a outras mulheres no cinema brasileiro. Lorde (2019) define o erótico tanto como uma fonte de poder que reside no interior de cada uma de nós, correspondente à mutualidade e à intensidade do compartilhamento profundo de qualquer busca com outra pessoa, como a conexão criada pela partilha do gozo físico, emocional, psíquico e intelectual. Os objetivos propostos são analisar a construção das personagens nos filmes indicados de acordo com sua posição na narrativa, perfil psicológico, perfil social, interação com outros personagens; entender como os filmes analisados rompem ou reforçam estereótipos e que significados atribuem a mulheres que se relacionam eroticamente com outras mulheres; discutir a construção das lesbianidades nos filmes, de acordo com as contribuições de teóricas feministas lésbicas e decoloniais; fazer o percurso histórico sobre homoerotismo entre mulheres no cinema nacional. Como resultado da pesquisa, também foi organizado um banco de dados com os filmes de longa-metragem encontrados entre 1948 e 2019: título, ano, direção, roteiro, sinopse. Esse banco de dados foi o ponto de partida para a realização dessa pesquisa. A partir desses dados a pesquisa trás um histórico sobre a construção das lesbianidades no cinema com uma visão geral dos filmes a fim de contextualizar essas narrativas. Identificados os filmes que tratam a temática lésbica de maneira central em suas narrativas, foram escolhidas para analisar as personagens daqueles que dão centralidade à discussão nos filmes pós-Retomada do cinema: Como Esquecer (2010), Flores Raras (2013), O perfume da memória (2016), Nós duas descendo a escada (2016), As boas maneiras (2018). A escolha de, majoritariamente, autoras decoloniais e lésbicas, que coloquem as lesbianidades em perspectiva e discuta sobre as colonialidades é, além de um campo fértil para realizar essas discussões, também uma proposta política de visibilidade a valorização desses debates e de quem os realiza. O conceito de erótico trazido por Audre Lorde (2019), assim como o conceito político de lesbianidades, trazido por autoras como Adrienne Rich (2010), Monique Wittig (1970, 1980, 1982,1987), Ochy Curiel (2013) e Tanya Saunders (2017), junto ao histórico construído sobre os filmes foram importantes aliados na compreensão e análise dos filmes escolhidos para a análise. A expectativa é a de lançar luz sobre o olhar do cinema brasileiro sobre o erotismo entre mulheres, discutir e fortalecer as perspectivas teóricas trazidas e auxiliar outros estudos como esse.