E. M. Forster no cinema: questões de gênero e sexualidade nos filmes de James Ivory

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Souza, José Ailson Lemos de
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/29902
Resumo: A presente tese é um estudo sobre a adaptação dos romances Um Quarto com Vista (1908) e Maurice (1913), de E. M. Forster, para os filmes Uma Janela para o Amor (1985) e Maurice (1987), dirigidos por James Ivory. Partimos da ideia que os filmes oferecem uma alternativa para o prazer visual que, no cinema comercial, foi estruturado por uma dinâmica entre gêneros que situa um olhar masculino a dominar e objetificar formas femininas (MULVEY, 1983). Tal alternativa apresenta-se através de um rearranjo de posições dos gêneros naquela estrutura, em imagens que ativam um imaginário homoerótico ou centram-se em experiências homossexuais, e assim disponibiliza uma dinâmica de olhares e prazeres mais complexa e diversa. A discussão enfoca a crítica a estruturas de opressão presente nos romances e nas estratégias de adaptação. Para isso, contextualizamos a obra do romancista e apresentamos a crítica que problematiza questões sobre gênero e sexualidade presentes em Sedgwick (1990), Rubin (1984) e Butler (1990). As especificidades das narrativas fílmicas são levantadas a partir de diferentes perspectivas da crítica britânica, como as que apresenta Higson (2003, 2006, 2011), Monk (2001, 2011) e Dyer (2002). Conceitos e ideias dos estudos da adaptação abordados na pesquisa são aproveitados de Bazin (2000), Cruz (2014), Elliot (2004, 2017), Hutcheon (2013), Leitch (2008), Cartmell & Whelehan (2010), Schober (2013) e Stam (2000), dentre outros, com enfoque para a contextualização das adaptações e para a noção de uma intertextualidade que extrapola a relação com os textos adaptados. A análise de Um Quarto com Vista e sua adaptação concentrou-se na discussão sobre representação de gêneros, nas imagens que subvertem a lógica de dominação masculina enquanto resistência e no aproveitamento de um ponto de vista que articula um prazer visual mais diversificado do que aquele que privilegia o desejo masculino e heterossexual. O estudo de Maurice e da adaptação homônima destacou as diferentes cenas de reconhecimento da experiência homossexual. Dentre elas, aquela que se efetiva, sugere a intermediação com uma alteridade de classe que perturba as estruturas de poder do patriarcado. Exploramos as estratégias de Ivory para transmutar as diferentes cenas, bem como o aproveitamento de intertextos que ativam imagens da homossexualidade. Concluímos que as adaptações de Ivory selecionam e elaboram imagens de subversão que, adaptadas no passado, criticam as relações entre poder, gênero e sexualidade e assim diversificam a cultura visual contemporânea a partir de uma distribuição mais democrática dos discursos e representações da experiência humana.
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Tal alternativa apresenta-se através de um rearranjo de posições dos gêneros naquela estrutura, em imagens que ativam um imaginário homoerótico ou centram-se em experiências homossexuais, e assim disponibiliza uma dinâmica de olhares e prazeres mais complexa e diversa. A discussão enfoca a crítica a estruturas de opressão presente nos romances e nas estratégias de adaptação. Para isso, contextualizamos a obra do romancista e apresentamos a crítica que problematiza questões sobre gênero e sexualidade presentes em Sedgwick (1990), Rubin (1984) e Butler (1990). As especificidades das narrativas fílmicas são levantadas a partir de diferentes perspectivas da crítica britânica, como as que apresenta Higson (2003, 2006, 2011), Monk (2001, 2011) e Dyer (2002). 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Exploramos as estratégias de Ivory para transmutar as diferentes cenas, bem como o aproveitamento de intertextos que ativam imagens da homossexualidade. Concluímos que as adaptações de Ivory selecionam e elaboram imagens de subversão que, adaptadas no passado, criticam as relações entre poder, gênero e sexualidade e assim diversificam a cultura visual contemporânea a partir de uma distribuição mais democrática dos discursos e representações da experiência humana.This dissertation is a study of the adaptations of E. M. Forster’s novels A Room with a View (1908) and Maurice (1913) into the films of the same name, directed by James Ivory. Our assumption is that the films offer an alternative to the visual pleasure structured in mainstream cinema by a relation that places a male look dominating and objectifying female forms (MULVEY, 1983). Such alternative appears in the form of rearranging gender positions in that structure, and in images that stimulate a homoerotic imaginary or that center on homosexual experiences and thus offer a more complex and diverse dynamic for the gaze and pleasure provided by cinema. The discussion emphasizes the critique of oppression within the novels and the strategies of adaptation. Therefore, we contextualize the novels as well as a criticism that problematize questions of gender and sexuality in the works by Sedgwick (1990), Rubin (1984) and Butler (1990). The films’ specificities are presented through different perspectives from British criticism, such as that in Higson (2003, 2006, 2011), Monk (2001, 2011) and Dyer (2002). We survey some concepts and ideas of adaptation studies from texts by Bazin (2000), Cruz (2014), Elliot (2004, 2017), Hutcheon (2013), Leitch (2008), Cartmell & Whelehan (2010), Schober (2013) and Stam (2000), among others, highlighting the adaptations’ context and intertextuality relations that exceed the literary sources. The analysis of A Room with a View and its adaptation centers on the treatment of gender representation, on images that subvert male domination logic by resisting it, and on setting a point of view that articulates a more diverse visual pleasure than that which privileges a male heterosexual desire. The study of Maurice and its adaptation focuses on different scenes of homosexuality recognition. The scene of recognition suggests a mediation of class alterity and it has the effect of disrupting patriarchal power structures. We investigate Ivory’s strategies to adapt the different scenes and the use of texts that trigger homosexual images. Our conclusion is that Ivory’s adaptations select and develop scenes of subversion that, set in the past, criticize power relations of gender and sexuality and, as a result, diversify contemporary visual culture by means of a more democratic distribution of discourses and representations of human experience.Submitted by Roberth Novaes (roberth.novaes@live.com) on 2019-06-19T17:55:27Z No. of bitstreams: 1 AILSON - TESE - formatado FINALIZADO 2019 word.pdf: 1803383 bytes, checksum: c34f3369b57c4821556cf078dbe72b7b (MD5)Approved for entry into archive by Setor de Periódicos (per_macedocosta@ufba.br) on 2019-06-19T19:59:28Z (GMT) No. of bitstreams: 1 AILSON - TESE - formatado FINALIZADO 2019 word.pdf: 1803383 bytes, checksum: c34f3369b57c4821556cf078dbe72b7b (MD5)Made available in DSpace on 2019-06-19T19:59:28Z (GMT). No. of bitstreams: 1 AILSON - TESE - formatado FINALIZADO 2019 word.pdf: 1803383 bytes, checksum: c34f3369b57c4821556cf078dbe72b7b (MD5)FAPESBLetrasAdaptaçãoCinemaE. M. 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