A construção dos personagens e representação da violência urbana nos documentários O rap do pequeno príncipe contra as almas sebosas e Ônibus 174

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: João, Nunes
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: http://www.repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/12929
Resumo: A presente tese analisa a construção dos personagens a partir dos contextos da violência urbana nos filmes Ônibus 174 (2002) e O rap do pequeno príncipe contra as almas sebosas (2000). A análise é balizada pelos conceitos de dialogismo e modos de leituras fundamentados nos teóricos Bakhtin e Roger Odin, respectivamente. Considera-se que esses filmes, ao tratarem do mesmo tema, apresentam semelhanças e particularidades quanto às estratégias e aos recursos utilizados, que permitem o dialogismo e remetem aos diferentes modos de leituras quanto à obra fílmica e aos personagens relacionados à violência urbana e suas formas de representação. A escolha desses documentários se deu principalmente em função de suas particularidades, especialmente por darem voz aos sujeitos envolvidos no contexto da violência de forma a não estigmatizá-los. Assim, a análise buscou verificar como as estratégias acionadas favorecem a construção de personagens de modo a contribuir na ressignificação dos modelos e linguagens do cinema documental e permitir entrever as subjetividades e expressões da consciência dos sujeitos diante de suas experiências em torno da violência. Para tanto, foram considerados os documentários voltados para esse tema e produzidos a partir do início do século XXI. Tais obras apresentam ainda em comum a preocupação com novas linguagens com vistas a atender as necessidades de fomentar a reflexão diante do contexto da época marcado pelo crescimento da violência e da criminalidade, tendo como palco central as favelas e periferias das grandes cidades brasileiras. As ações envolvendo traficantes, policiais, justiceiros e moradores das periferias ganharam visibilidade a partir da mídia, principalmente a TV e o rádio, de forma sensacionalista. Com isso os sujeitos, especialmente os marginalizados, geralmente são mostrados de forma a reforçar estigmas e estereótipos. Assim, a análise procura mostrar que Ônibus 174 e O rap do pequeno príncipe contra as almas sebosas se opõem a essa perspectiva, pois suas estratégias escapam do monologismo e do dualismo como bem e mal, culpado ou inocente, quando se trata de personagens relacionados à violência. Na análise foram priorizados os elementos considerados fundamentais para a construção dos personagens nesses filmes que compõem o corpus. Os elementos escolhidos foram: a forma com os personagens centrais são apresentados; os depoimentos; as diferentes linguagens audiovisuais e culturais – com destaque para a música como elemento de ficcionalização; as diferentes vozes sociais; os elementos de ficção e realidade; e o lugar que os sujeitos filmados ocupam na relação com o cineasta e com o mundo. Para percorrer esse percurso escolhido, tais elementos foram analisados por filme considerando suas particularidades e o modo como as estratégias e recursos utilizados favorecem a construção dos personagens. Por fim, em razão das particularidades inerentes aos documentários, foram utilizadas também, em determinados momentos, as ideias de Erving Goffman (1985), especialmente em relação ao Ônibus 174, para a análise do personagem Sandro quando construído por ele próprio no filme.
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Assim, a análise buscou verificar como as estratégias acionadas favorecem a construção de personagens de modo a contribuir na ressignificação dos modelos e linguagens do cinema documental e permitir entrever as subjetividades e expressões da consciência dos sujeitos diante de suas experiências em torno da violência. Para tanto, foram considerados os documentários voltados para esse tema e produzidos a partir do início do século XXI. Tais obras apresentam ainda em comum a preocupação com novas linguagens com vistas a atender as necessidades de fomentar a reflexão diante do contexto da época marcado pelo crescimento da violência e da criminalidade, tendo como palco central as favelas e periferias das grandes cidades brasileiras. As ações envolvendo traficantes, policiais, justiceiros e moradores das periferias ganharam visibilidade a partir da mídia, principalmente a TV e o rádio, de forma sensacionalista. Com isso os sujeitos, especialmente os marginalizados, geralmente são mostrados de forma a reforçar estigmas e estereótipos. Assim, a análise procura mostrar que Ônibus 174 e O rap do pequeno príncipe contra as almas sebosas se opõem a essa perspectiva, pois suas estratégias escapam do monologismo e do dualismo como bem e mal, culpado ou inocente, quando se trata de personagens relacionados à violência. Na análise foram priorizados os elementos considerados fundamentais para a construção dos personagens nesses filmes que compõem o corpus. Os elementos escolhidos foram: a forma com os personagens centrais são apresentados; os depoimentos; as diferentes linguagens audiovisuais e culturais – com destaque para a música como elemento de ficcionalização; as diferentes vozes sociais; os elementos de ficção e realidade; e o lugar que os sujeitos filmados ocupam na relação com o cineasta e com o mundo. 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