Estudo do balanço hídrico em uma comunidade de Anuros do Litoral Norte da Bahia, Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gomes, Lucianne Dabés Haddad
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/19558
Resumo: Tradicionalmente, considera-se que nos “anfíbios típicos” (p. ex., sapos e rãs) a perda evaporativa de água através da pele é similar à perda evaporativa de água de uma superfície de água livre, como a de um lago. Todavia, nos últimos 50 anos, estudos têm mostrado que nem todas as espécies seguem este padrão (Young et al. 2005; Hillman et al. 2009). Estudos mostraram que a umidade está entre os principais fatores que afetam a distribuição ecológica dos anfíbios, influenciando a composição das comunidades de anuros (Duellman e Trueb 1986; Toft 1982; Shoemaker et al. 1992; Giaretta et al. 1997; Bastazini et al. 2007). Assim, muitos anuros desenvolveram adaptações para manter a homeostasia hídrica, reduzindo a perda evaporativa de água ou aumentando a capacidade de absorção de água do meio. Diversas são as maneiras pelas quais algumas espécies de anfíbios reduzem a perda evaporativa de água do seu corpo (Wells 2007; Hillman et al. 2009). Os mecanismos de conservação de água nos anfíbios podem envolver a diminuição da perda de água através da pele, modificação dos produtos nitrogenados excretados pelos rins e o acúmulo de água em vesículas e tecidos (p.ex., bexiga e sacos linfáticos). Estes mecanismos, por sua vez, estão associados a adaptações comportamentais (Stille 1958), morfológicas (Winokur e Hillyard 1992) e/ou fisiológicas (Duellman e Trueb 1986). Como adaptações comportamentais em anuros destacam-se a redução da superfície corpórea através da posição de conservação e o padrão de atividade noturna (Gillis 1979). A postura corpórea de um anuro ainda pode estar associada diretamente à reidratação, postura conhecida como water absorption response, onde a superfície ventral é pressionada contra o substrato úmido (Stille 1958; Brekke et al. 1991). Uma área na região ventral conhecida como pelvic patch ou seat patch é responsável por 70% a 90% da absorção de água (McClanahan e Baldwin 1969; Christensen 1974), sendo constituída por uma elaborada rede de capilares (Roth 1973; Christensen 1974). Ainda como adaptações morfológicas à desidratação e/ou reidratação, destacam-se: presença de glândulas secretoras de lipídeos na pele, tornando-a impermeável; cobertura de sacos linfáticos; espessura, forma e presença de verrugas hidrofílicas (protrusões que aumentam a área de superfície e caracterizam o tegumento ventral de muitos anuros, aumentando a absorção de água) (Winokur e Hillyard 1992); e aumento da capilaridade no ventre (Toledo e Jared 1993). Além disso, a região ventral da epiderme de alguns anuros possui propriedades quimiosensoriais e pode detectar sais, ajudando os indivíduos a evitar águas hiperosmóticas (Koyama et al. 2001). Anuros neotropicais de ambientes hidricamente estressantes parecem possuir adaptações para reduzirem a perda de água ou aumentar a captação de água do meio. Hillman et al. (2009) categorizaram a utilização do habitat por anfíbios anuros usando características morfológicas. Todavia, não há estudos que tenham investigado a desidratação ou reidratação em anuros como variáveis explicativas dos padrões de distribuição espacial das espécies de comunidades de ambientes hidricamente estressantes, como os de Caatinga ou de Restinga (ver Rizzini 1979 para caracterização de Caatinga e Restinga). O presente estudo almeja preencher parte desta lacuna de conhecimento e tem por objetivo principal testar se variáveis fisiológicas relacionadas à economia de água (taxas de desidratação e de reidratação) são capazes de explicar a distribuição espacial de uma comunidade de anuros, estudada por Bastazini et al. (2007), em ambiente de Restinga no Litoral Norte do Estado da Bahia, partindo do pressuposto de que não há diferença entre taxa de desidratação 1ºdia vs. 2ºdia, que há diferença entre taxa de reidratação a partir da água e de um substrato neutro e, já que foram coletadas apenas 11 espécies das 30 originais, que essas 11 espécies podem representar o padrão de distribuição das 30 espécies encontradas por Bastazini et al. (2007). Como objetivo secundário foi testada a hipótese nula que não há diferença entre taxa de desidratação em um meio onde o animal possa adotar uma postura de conservação de água (desidratação no vidro) e onde não possa (desidratação na grade).
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Assim, muitos anuros desenvolveram adaptações para manter a homeostasia hídrica, reduzindo a perda evaporativa de água ou aumentando a capacidade de absorção de água do meio. Diversas são as maneiras pelas quais algumas espécies de anfíbios reduzem a perda evaporativa de água do seu corpo (Wells 2007; Hillman et al. 2009). Os mecanismos de conservação de água nos anfíbios podem envolver a diminuição da perda de água através da pele, modificação dos produtos nitrogenados excretados pelos rins e o acúmulo de água em vesículas e tecidos (p.ex., bexiga e sacos linfáticos). Estes mecanismos, por sua vez, estão associados a adaptações comportamentais (Stille 1958), morfológicas (Winokur e Hillyard 1992) e/ou fisiológicas (Duellman e Trueb 1986). Como adaptações comportamentais em anuros destacam-se a redução da superfície corpórea através da posição de conservação e o padrão de atividade noturna (Gillis 1979). 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