Efeitos do uso do álcool nos modos de existência de povos indígenas do Brasil segundo contextos culturais: uma revisão de literatura.
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFBA |
Texto Completo: | http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/32087 |
Resumo: | Tradicionalmente, existem perspectivas que informam que entrar em contato com o álcool tem uma repercussão muito clara sobre a mudança das atitudes e dos comportamentos dos indivíduos e das populações. Outras abordagens, mais contextualizadas e críticas, defendem que não se pode focar exclusivamente na substância psicoativa e nos seus efeitos sobre o comportamento das pessoas ou grupos, mas é necessário observar sempre o tripé substância,indivíduo e contexto (OLIEVENSTEIN, 1985), analisando as complexas relações estabelecidas entre os mesmos. No caso das populações indígenas, pode-se identificar essa concepção mais ampliada e contextualizada do consumo das drogas, por exemplo, em estudos que focalizaram no consumo de álcool (bebidas destiladas, fermentadas) como parte de manifestações culturais de determinados povos, entendidas a partir dos costumes de cada povo, aspectos que não são possíveis de ignorar (SANCHEZ, NAPPO, 2007). A despeito da ampla presença nas culturas, tem que se ter em conta que, em várias delas, este consumo tinha restrições, sendo usado apenas pelas pessoas que tinham um tipo de iniciação ou conhecimento sobre formas de se comunicar com os deuses ou espíritos. De um modo geral, os relatos informam que, historicamente, os padrões culturais de consumo de álcool foram transformados e, nas sociedades tradicionais, deixaram de ser praticados em um uso ritual e passaram a ser principalmente entendidos ou representados como um “vício” e, mais recentemente, como “formas de doença”. Mudou-se a ideia que era prevalente durante décadas e, aos poucos, se foi relacionando a prática do consumo de álcool a pessoas que são dependentes, construindo-se concomitantemente a noção de uma população discriminada ou, inclusive, afastada (ou marginal), que não seria bem vista pela sociedade. Esta historicidade e amplitude do consumo de álcool leva a ver o quão reducionista seria limitar-se a uma análise sobre a existência, ou não, do uso do álcool pelas populações indígenas, ou pensá-lo a partir de uma dicotomia entre o normal ou o patológico. Melhor seria tentar entender como essas práticas, existentes de modo tradicional, ou criadas ou modificadas, a partir de novos encontros culturais, conseguiram operar sobre os comportamentos das populações indígenas dentro das aldeias. Nesse caso, destacaria os próprios conceitos de alcoolismo, presentes nos contextos indígenas, levando em conta um contexto de globalização, além do contínuo caminho de urbanização das aldeias que se encontram nas periferias das cidades. Isso dito, é inegável a relação que tem sido encontrada entre o uso abusivo de álcool em qualquer espaço social e o flagelo que isso tem acarretado. As populações indígenas não escapam dessa relação problemática. É necessário, no entanto, fazer uma abordagem sistemática e crítica dos estudos que têm se debruçado sobre essa temática para entender o que é possível resgatar para construir uma melhor compreensão a partir do aporte acadêmico a esse respeito. Esse é o interesse do presente estudo e toma em conta, através de uma revisão integrativa de literatura, os trabalhos encontrados entre os povos indígenas, realizados no Brasil, evidenciando os vários contextos de uso e dos significados do álcool dentro das diversas populações indígenas com características próprias de consumo e que sofrem mudanças e adaptações históricas. |
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