Prevalência da infecção por enteroparasitas e sua relação com as condições socioeconômicas e ambientais em comunidades extrativistas do município de Cairu-Bahia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Cunha, Gabriel Muricy
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/31725
Resumo: As parasitoses intestinais ainda representam um grave problema de saúde pública a nível mundial. São endêmicas em áreas pauperizadas dos países que ainda não alcançaram a universalização de políticas sociais básicas, como saúde, educação e saneamento básico. No Brasil, as parasitoses intestinais mantêm-se como um dos maiores problemas de saúde pública, principalmente, em áreas rurais e áreas urbanas pauperizadas. Esta pesquisa objetivou estimar a prevalência da infecção por enteroparasitas e os fatores sociais, econômicos e sanitários associados, em comunidades extrativistas do Município de CairuBA. O inquérito da prevalência da infecção por enteroparasitas e o levantamento de dados sobre os aspectos socioeconômicos e sanitários foram realizados por meio de estudo de corte transversal. O levantamento das variáveis socioeconômicas e sanitárias foi realizado por meio de entrevistas, no nível domiciliar, com o emprego de questionário padrão semiestruturado e pré-codificado. Os exames coproparasitológicos qualitativos foram realizados por meio da técnica de Sedimentação Espontânea. A população estudada foi formada por indivíduos de todas as faixas etárias residentes nas localidades de Monte Alegre e Batateira, e crianças (0 a 14 anos) residentes na localidade de Garapuá. Foi examinado um total de 311 indivíduos. Os resultados encontrados foram descritos com o emprego do pacote estatístico Statistical Package for Social Sciences. Foi utilizado o pacote estatístico STATA para o cálculo da razão das prevalências encontradas em subgrupos existentes em cada localidade, bem como para o cálculo da razão de prevalência dos resultados laboratoriais encontrados em crianças de cada localidade estudada. Por meio da utilização do software Auto-Cad, foram construídos croquis das localidades estudadas, sendo indicados os resultados laboratoriais encontrados e os aspectos sanitários das vias públicas, levantados durante o trabalho de campo. Entre os indivíduos examinados, 86,8% (270/311) estavam parasitados por ao menos uma espécie enteroparasita, comensal ou não, e 55,3% (172/311) estavam poliparasitados, albergando ao menos três diferentes espécies de enteroparasitas. Foi constatado que 23,2% (72/311) dos indivíduos examinados estavam parasitados por Ascaris lumbricoides, 31,8% (99/311) por Trichuris trichiura, 31,2% (97/311) por ancilostomídeos, 44,4% (138/311) por Entamoeba histolytica, 25,4% (79/311) por Giardia lamblia, 35,7% (111/311) por Entamoeba coli e 72,0% (224/311) por Endolimax nana. Não foram encontrados indivíduos parasitados por Schistosoma mansoni, Strongyloides stercoralis, Enterobius vermicularis e Taenia sp. Na localidade de Monte Alegre, 98,2% (109/111) dos indivíduos examinados estavam parasitados por ao menos uma espécie de enteroparasita e 74,8% (83/111) estavam poliparasitados. Entre os indivíduos examinados, 29,7% (33/111) estavam parasitados por Ascaris lumbricoides, 18,9% (21/111) por Trichuris trichiura, 55,9% (62/111) por ancilostomídeos, 64,0% (71/111) por Entamoeba histolytica, 51,4% (57/111) por Entamoeba coli, 21,6% (24/111) por Giardia lamblia e 88,3% (98/111) por Endolimax nana. Na localidade da Batateira, 96,3% (52/54) dos indivíduos examinados albergavam ao menos uma espécie de enteroparasita e 79,6% (43/54) estavam poliparasitados. Entre os indivíduos examinados, 46,3% (25/54) estavam parasitados por Ascaris lumbricoides, 68,5% (37/54) por Trichuris trichiura, 35,2% (19/54) por ancilostomídeos, 66,7% (36/54) por Entamoeba histolytica, 46,3% (25/54) por Entamoeba coli, 22,2% (12/54) por Giardia lamblia, e 87,0% (47/54) por Endolimax nana. Na localidade de Garapuá, 74,7% (109/146) das crianças examinadas estavam parasitadas por ao menos uma espécie de enteroparasita e 31,5% (46/146) estavam poliparasitadas. Foi constatado que 9,6% (14/146) das crianças examinadas estavam parasitadas por Ascaris lumbricoides, 28,1% (41/146) por Trichuris trichiura, 11,0% (16/146) por ancilostomídeos, 21,2% (31/146) por Entamoeba histolytica, 19,9% (29/146) por Entamoeba coli, 29,5% (43/146) por Giardia lamblia e 54,1% (79/146) por Endolimax nana. Os resultados laboratoriais encontrados nesta pesquisa mostram que as enteroparasitoses são endêmicas nas três localidades estudadas. Contudo, os resultados do estudo sugerem que existe uma diferença estatisticamente significativa na prevalência de crianças parasitadas entre localidades com diferentes níveis de acesso aos serviços públicos de saneamento básico. As altas prevalências encontradas nesta pesquisa denotam a urgência do planejamento e implementação de intervenções de cunho curativo e preventivo nas diferentes localidades estudadas. Esta dissertação fornece dados epidemiológicos que poderão subsidiar o planejamento, a formulação e implementação de políticas públicas e a posterior avaliação da efetividade delas.
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