O ENLACE HISTÓRICO-FILOLÓGICO NA ESCRITA DA HISTÓRIA: O COMPARTILHAMENTO DE UMA HISTÓRIA SOCIAL PELO GRUPO DE PESQUISA ESCRAVIDÃO E INVENÇÃO DA LIBERDADE.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: BITTENCOURT, ROMULO GONÇALVES
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/37535
Resumo: A narrativa histórica constitui o principal elemento de concretização do labor historiográfico. É por meio do processo de encadeamento de eventos, tornando-os inteligíveis no espaço e no tempo que a pesquisa em história se materializa. Nesse itinerário, a figura do(a) historiador(a) é fundamental, na medida em que exerce a função de intermediador(a) em direção ao passado, projetando sobre o acervo das fontes um diálogo com a historiografia especializada. Seja como ato artesanal (ALBUQUERQUE JUNIOR, 2019), seja como ato fabril (CERTEAU, 2015 [1975]), é possível expandir o labor historiográfico, encarando-o também como uma prática coletiva. Partindo desse cenário e utilizando a produção historiográfica do grupo de pesquisa Escravidão e Invenção da Liberdade da Universidade Federal da Bahia, a proposta do presente estudo é entender como os gestos de escrita/leituras (MIYASHIRO, 2015; CHARTIER, 1988) impressos nas narrativas produzidas pelos seus integrantes confluem para conformação de uma história social da escravidão. Para esboçar um modus operandi realizado pelo grupo, foram acionadas as reflexões tanto da história quanto da filologia, considerando as afinidades teóricas entre os saberes no desiderato de mediação ao passado (HANSEN; MOREIRA, 2013). Nesse sentido, as discussões em torno de uma prática filológica democrática e inclusiva (SAID, 2007 [1993]), as problematizações derivadas da sociologia dos textos (MCKENZIE, 2018 [1986]) e da perspectiva antifundacionalista da crítica filológica (BORGES; ALMEIDA, 2017) serviram de lastro para repensar a descentralização do texto (incluindo o historiográfico). Tal ambientação possui ressonância com as perspectivas da história cultural (CHARTIER, 1990; 2015, [2007]), pois identifica a dimensão textual como um feixe de relações socioculturais determinado historicamente, resultado de um olhar construtor de sentidos. Do ponto de vista procedimental, foi utilizado como parâmetro inicial as proposições narrativas de João Reis, um dos líderes do mencionado grupo para, nessa extensão, rastrear movimentos textuais de apropriação (CHARTIER, 1998) promovidos pelos demais integrantes. Excertos de livros coletivos e individuais construídos pelo referido grupo de pesquisa foram cotejados, a partir dos balizamentos da crítica textual moderna, de modo a traçar movimentos comunitários sobre a escrita da história. O mapeamento permitiu visualizar uma rede de sociabilidades e um processo de retroalimentação de narrativas difundidas por Reis. A partir da utilização da operação historiográfica (CERTEAU, 2015 [1975]) em viés transversal, foi mensurada a existência de um padrão narrativo, consistente no compartilhamento de estratégias narrativas, referenciais teóricos e tipologias documentais, os quais, em conjunto, contribuem para consolidação da vertente historiografia da escravidão que vem sendo desenvolvida desde os anos 1980.
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Partindo desse cenário e utilizando a produção historiográfica do grupo de pesquisa Escravidão e Invenção da Liberdade da Universidade Federal da Bahia, a proposta do presente estudo é entender como os gestos de escrita/leituras (MIYASHIRO, 2015; CHARTIER, 1988) impressos nas narrativas produzidas pelos seus integrantes confluem para conformação de uma história social da escravidão. Para esboçar um modus operandi realizado pelo grupo, foram acionadas as reflexões tanto da história quanto da filologia, considerando as afinidades teóricas entre os saberes no desiderato de mediação ao passado (HANSEN; MOREIRA, 2013). Nesse sentido, as discussões em torno de uma prática filológica democrática e inclusiva (SAID, 2007 [1993]), as problematizações derivadas da sociologia dos textos (MCKENZIE, 2018 [1986]) e da perspectiva antifundacionalista da crítica filológica (BORGES; ALMEIDA, 2017) serviram de lastro para repensar a descentralização do texto (incluindo o historiográfico). Tal ambientação possui ressonância com as perspectivas da história cultural (CHARTIER, 1990; 2015, [2007]), pois identifica a dimensão textual como um feixe de relações socioculturais determinado historicamente, resultado de um olhar construtor de sentidos. Do ponto de vista procedimental, foi utilizado como parâmetro inicial as proposições narrativas de João Reis, um dos líderes do mencionado grupo para, nessa extensão, rastrear movimentos textuais de apropriação (CHARTIER, 1998) promovidos pelos demais integrantes. Excertos de livros coletivos e individuais construídos pelo referido grupo de pesquisa foram cotejados, a partir dos balizamentos da crítica textual moderna, de modo a traçar movimentos comunitários sobre a escrita da história. O mapeamento permitiu visualizar uma rede de sociabilidades e um processo de retroalimentação de narrativas difundidas por Reis. A partir da utilização da operação historiográfica (CERTEAU, 2015 [1975]) em viés transversal, foi mensurada a existência de um padrão narrativo, consistente no compartilhamento de estratégias narrativas, referenciais teóricos e tipologias documentais, os quais, em conjunto, contribuem para consolidação da vertente historiografia da escravidão que vem sendo desenvolvida desde os anos 1980.The historical narrative constitutes the main element of the historiographical work materialization. History materializes through the process of chaining events, making them intelligible in space and time. In this itinerary, the figure of the historian is fundamental, insofar as they play the role of mediator towards the past, projecting a dialogue with specialized historiography on the collection of sources. Whether as an artisanal act (ALBUQUERQUE JUNIOR, 2019), or as a manufacturing act (CERTEAU, 2015 [1975]), it is possible to expand the historiographical work, also facing it as a collective practice. Starting from this scenario and using the historiographical production of the research group Escravidão e Invenção da Liberdade (Slavery and Invention of Freedom) from the Federal University of Bahia, the purpose of the present study is to understand how the gestures of writing/reading (MIYASHIRO, 2015; CHARTIER, 1988) imprinted in the narratives produced by its members converge to form a social history of slavery. In order to outline a modus operandi carried out by the group, reflections from both history and philology were activated, considering the theoretical affinities of the knowledge in the desideratum of mediation to the past (HANSEN; MOREIRA, 2013). In this sense, the discussions around a democratic and inclusive philological practice (SAID, 2007 [1993]), the problematizations derived from the sociology of texts (MCKENZIE, 2018 [1986]) and the anti-foundationalist perspective of philological criticism (BORGES; ALMEIDA, 2017) functioned as ballast for rethinking the decentralization of the text (including the historiographical one). This setting resonates with the perspectives of cultural history (CHARTIER, 1990; 2015, [2007]), because it identifies the textual dimension as a historically determined bundle of sociocultural relations, the result of a meaning-building look. From a procedural point of view, the narrative propositions of one the leaders of the mentioned group, João Reis, were used as an initial parameter to, for this purpose, map textual movements of appropriation (CHARTIER, 1998) relatively to the other members’ historiographical production. Excerpts from collective and individual books constructed by the aforementioned research group were compared, from the beacons of modern textual criticism, in order to trace community movements on the writing of history. The mapping allowed us to visualize a network of sociability and a process of narratives’ feedback divulged by Reis. Based on the use of the historiographical operation (CERTEAU, 2015 [1975]) in a transversal way, the existence of a narrative pattern was measured, consisting of the sharing of narrative strategies, theoretical references, and documentary typologies, which together contribute to the consolidation of the historiography of slavery that has been developed since the 1980s.Submitted by navarro ramos (navarroramos@ufba.br) on 2023-08-04T09:32:55Z No. of bitstreams: 2 license_rdf: 701 bytes, checksum: 42fd4ad1e89814f5e4a476b409eb708c (MD5) Dissertacao_Romulo_Goncalves_Bittencourt_21.2.2023.pdf: 3479702 bytes, checksum: d65e8dea7a620b5bb9b35f0623b0a3fa (MD5)Approved for entry into archive by Setor de Periódicos (per_macedocosta@ufba.br) on 2023-08-04T13:20:14Z (GMT) No. of bitstreams: 2 license_rdf: 701 bytes, checksum: 42fd4ad1e89814f5e4a476b409eb708c (MD5) Dissertacao_Romulo_Goncalves_Bittencourt_21.2.2023.pdf: 3479702 bytes, checksum: d65e8dea7a620b5bb9b35f0623b0a3fa (MD5)Made available in DSpace on 2023-08-04T13:20:14Z (GMT). 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