Transtorno depressivo maior e sofrimento social entre mulheres transexuais e travestis na região nordeste do Brasil.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Almeida, Marcelo Machado de
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/37945
Resumo: O transtorno depressivo maior (TDM) é um dos transtornos mentais de maior prevalência na população geral, sendo ainda mais elevada entre o segmento de mulheres transexuais e travestis (MT). Estudos apontam que se fazem necessárias intervenções no sentido de diminuir os estressores psicossociais e promover a resiliência entre pessoas trans, o que pode prevenir sintomatologias psiquiátricas. Não obstante a importância de abordar a questão dentro de uma ótica da saúde no sentido biomédico, a complexidade do problema exige uma compreensão mais apurada do problema. Dentro da antropologia médica existe o conceito de sofrimento social, que se relaciona intimamente com as noções de injustiça e de vulnerabilidade. Assim, este estudo pretendeu investigar fatores associados aos sintomas de transtorno depressivo maior (STDM) entre MT, além de buscar identificar experiências de sofrimento social de acordo com as histórias de vida narradas pela população do estudo. Para responder esses objetivos, utilizamos uma abordagem mista de métodos quantitativos e qualitativos. Para a produção dos dados quantitativos, foram recrutadas 864 MT das cidades de Salvador (n=166), Recife (n=350) e Fortaleza (n=348). As participantes foram recrutadas pelo método Respondent Driven Sampling (RDS). A variável de desfecho do estudo - STDM - foi definida a partir do Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9) e categorizada em nenhum (escore <5 pontos), leve/moderado (escore 5-14 pontos) e moderadamente severo/severo (escore 15-27 pontos). Inicialmente, foi feito uma análise exploratória, seguida de uma análise confirmatória, com seleção da variável violência física como exposição principal. Os dados qualitativos foram obtidos através de entrevistas narrativas com 15 das participantes do sítio de Salvador-BA. As narrativas foram organizadas de acordo com os seus pontos de conexão e de divergência, levando em conta as suas singularidades e o contexto social em que foram produzidas. Nesse processo, estabelecemos quatro eixos principais de análise – violência, sofrimento social, acesso aos serviços de saúde e estratégias de (re)existências. Na análise exploratória, STDM leve/moderado esteve associado com história de violência sexual (OR= 2,06, 95%IC: 1,15-3,68), história de violência física (OR=2,09, 95%IC: 1,20-3,67) e percepção negativa da qualidade de vida (OR=2,14, 95%IC: 1,31-3,49). Já STDM moderadamente severo/severo esteve associado a história de violência sexual (OR=3,02, 95%IC: 1,17-7,77), história de violência física (OR=.3.62, 95% IC:1.88-7,00), percepção negativa da qualidade de vida (OR=3,32, 95%IC:1,804-6,12), falta de apoio social atual (OR=2,53, 95%IC: 1,31-4,88) e falta de apoio social na infância (OR=2,17, 95%IC 1,16-4,05). Na análise confirmatória, as MT que sofreram violência física tiveram o dobro de chances de apresentar transtorno depressivo maior leve/moderado (OR=2,10, IC95% 1,21-3,65) e quase quatro vezes mais chances de apresentar transtorno depressivo maior moderadamente severo/severo (OR=3,80, IC95% 1,99-7,25). As narrativas das entrevistadas evidenciaram uma multiplicidade de realidades que são permanentemente constituídas a partir da interação entre diversos atores/actantes humanos e não humanos. O seguimento desses emaranhados – que se constituem e são constituídos a cada momento – nos permitiu a aproximação de formas de violência e de subjetivação do sofrimento que nem sempre são exploradas em investigações envolvendo MT. São necessárias políticas públicas que levem em consideração as especificidades da população de MT no âmbito da saúde mental e a característica difusa e trivializada do sofrimento social, no sentido de mitigar os seus efeitos, tanto através do enfraquecimento de contextos desfavoráveis, quanto por meio do estímulo às possibilidades de agência dessas mulheres. Dentro do contexto da atenção em saúde, evidentemente, melhorando o acesso de travestis e mulheres trans aos serviços de saúde, mas, para além disso, produzindo estratégias efetivas para o acesso à saúde dentro de uma perspectiva mais ampliada de promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida.
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Assim, este estudo pretendeu investigar fatores associados aos sintomas de transtorno depressivo maior (STDM) entre MT, além de buscar identificar experiências de sofrimento social de acordo com as histórias de vida narradas pela população do estudo. Para responder esses objetivos, utilizamos uma abordagem mista de métodos quantitativos e qualitativos. Para a produção dos dados quantitativos, foram recrutadas 864 MT das cidades de Salvador (n=166), Recife (n=350) e Fortaleza (n=348). As participantes foram recrutadas pelo método Respondent Driven Sampling (RDS). A variável de desfecho do estudo - STDM - foi definida a partir do Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9) e categorizada em nenhum (escore <5 pontos), leve/moderado (escore 5-14 pontos) e moderadamente severo/severo (escore 15-27 pontos). Inicialmente, foi feito uma análise exploratória, seguida de uma análise confirmatória, com seleção da variável violência física como exposição principal. 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O seguimento desses emaranhados – que se constituem e são constituídos a cada momento – nos permitiu a aproximação de formas de violência e de subjetivação do sofrimento que nem sempre são exploradas em investigações envolvendo MT. São necessárias políticas públicas que levem em consideração as especificidades da população de MT no âmbito da saúde mental e a característica difusa e trivializada do sofrimento social, no sentido de mitigar os seus efeitos, tanto através do enfraquecimento de contextos desfavoráveis, quanto por meio do estímulo às possibilidades de agência dessas mulheres. Dentro do contexto da atenção em saúde, evidentemente, melhorando o acesso de travestis e mulheres trans aos serviços de saúde, mas, para além disso, produzindo estratégias efetivas para o acesso à saúde dentro de uma perspectiva mais ampliada de promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida.Major depressive disorder is one of the most prevalent mental disorders, and in transgender women and transvestis (TGW) it is even more prevalent than in the general population. Studies point out that interventions are needed to reduce psychosocial stressors and promote resilience among transgender people, which can prevent psychiatric symptoms. Notwithstanding the importance of approaching the issue from a health perspective in the biomedical sense, the complexity of the problem requires a deeper understanding of the issue. Within medical anthropology, there is the concept of social suffering that is closely related to the notions of injustice and vulnerability. Therefore, we aimed to investigate factors associated with symptoms of major depression disorder (SMDD) among TGW, as well as to identify experiences of social suffering according to the life stories narrated by the studied population. In order to achieve this, we used a mixed approach of quantitative and qualitative methods. For the production of the quantitative data we recruited 864 TGW from the cities of Salvador (166), Recife (350) and Fortaleza (348). The participants were recruited by the Respondent Driven Sampling (RDS) method. The outcome variable of the study - SMDD - was defined as per the Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9) and categorized into three groups: absence (score <5 points), mild/moderate (score 5-14 points) and moderately severe / severe depressive symptoms (score 15-27 points). Initially, an exploratory analysis was conducted followed by a confirmatory analysis with selection of the physical violence variable as the main exposure. Qualitative data were obtained through narrative interviews with 15 individuals out of the participants of the Salvador-BA site. The narratives were organized according to their points of connection and divergence, taking into account their singularities and the social context in which they were produced. In this process, we established four main axes of analysis - violence, social suffering, access to health services and strategies for (re)existing. In the exploratory analysis, mild/moderate SMDD was associated with history of sexual violence (OR= 2.06, 95%CI: 1.15-3.68), history of physical violence (OR= 2.09, 95%CI: 1.20-3.67), and negative perception of quality of life (OR= 2.14, 95%CI: 1.31-3.49). Moderately severe/severe SMDD was associated with history of sexual violence (OR=3.02, 95%CI: 1.17-7.77), history of physical violence (OR=.3.62, 95% CI:1.88-7.00), negative perceived quality of life (OR= 3.32, 95%CI:1.804-6.12), lack of current social support (OR=2.53, 95%CI: 1.31-4.88), and lack of social support in childhood (OR=2.17, 95%CI 1.16-4.05). In the confirmatory analysis The TGW who experienced physical violence were twice as likely to have mild/moderate major depressive disorder (OR=2.10, 95%CI 1.21-3.65), and almost four times as likely to have moderately severe/severe major depressive disorder (OR=3.80, 95% CI 1.99-7.25). The interviewees' narratives evidenced a heterogeneous multiplicity of realities that are permanently constituted with basis on the interaction between various human and non-human actors/actants. Following these entanglements - which constitute and are constituted every moment - allowed us to get close to forms of violence and suffering subjectivation that are not always explored in investigations involving TGW. Public policies are needed, which take into account the specificities of the population of TGW in the context of mental health and the diffuse and trivialized characteristic of social suffering. This is necessary in order to mitigate its effects, both through the weakening of unfavorable contexts and the stimulation of the possibilities of these women’s acting. Obviously, within the context of health care, by improving access to health services for TGW, but beyond that by improving access to health care within a broader perspective of health promotion and improved quality of life.Submitted by Maria Creuza Silva (mariakreuza@yahoo.com.br) on 2023-10-03T15:17:01Z No. of bitstreams: 2 license_rdf: 1037 bytes, checksum: 996f8b5afe3136b76594f43bfda24c5e (MD5) Tese-MARCELO-MACHADO-2022.pdf: 3511442 bytes, checksum: 653f865117c1d8e7d3f4484934136d45 (MD5)Approved for entry into archive by Maria Creuza Silva (mariakreuza@yahoo.com.br) on 2023-10-03T16:19:02Z (GMT) No. of bitstreams: 2 license_rdf: 1037 bytes, checksum: 996f8b5afe3136b76594f43bfda24c5e (MD5) Tese-MARCELO-MACHADO-2022.pdf: 3511442 bytes, checksum: 653f865117c1d8e7d3f4484934136d45 (MD5)Made available in DSpace on 2023-10-03T16:19:03Z (GMT). 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Instituto de Saúde ColetivaPrograma de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC-ISC)ISC-UFBABrasilInstituto de Saúde Coletiva - ISCAttribution-NonCommercial-ShareAlike 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessMajor Depressive DisorderSocial SufferingTransvestitesTranssexual WomenViolenceCNPQ::CIENCIAS DA SAUDE::SAUDE COLETIVATranstorno Depressivo MaiorSofrimento SocialTravestisMulheres TransexuaisViolênciaTranstorno depressivo maior e sofrimento social entre mulheres transexuais e travestis na região nordeste do Brasil.Major depressive disorder and social suffering among transsexual and transvestite women in the northeast region of Brazil.Doutoradoinfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionDourado, Maria Inês CostaSilva, Luís Augusto Vasconcelos daGuimaraes, Mark Drew CroslandDourado, Maria Inês CostaSilva, Luís Augusto Vasconcelos daTorrenté, Mônica de Oliveira Nunes deSousa, Laio Magno Santos deVal, Alexandre Costahttp://lattes.cnpq.br/4705697541030243Almeida, Marcelo Machado dereponame:Repositório Institucional da UFBAinstname:Universidade Federal da Bahia (UFBA)instacron:UFBATEXTTese-MARCELO-MACHADO-2022.pdf.txtTese-MARCELO-MACHADO-2022.pdf.txtExtracted texttext/plain397281https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/37945/4/Tese-MARCELO-MACHADO-2022.pdf.txt9987e0e3fe19443eb8b5149aec710b63MD54ORIGINALTese-MARCELO-MACHADO-2022.pdfTese-MARCELO-MACHADO-2022.pdfapplication/pdf3511442https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/37945/1/Tese-MARCELO-MACHADO-2022.pdf653f865117c1d8e7d3f4484934136d45MD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; charset=utf-81037https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/37945/2/license_rdf996f8b5afe3136b76594f43bfda24c5eMD52LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain1715https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/37945/3/license.txt67bf4f75790b0d8d38d8f112a48ad90bMD53ri/379452023-10-07 02:05:44.592oai:repositorio.ufba.br:ri/37945TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEKCkNvbSBhIGFwcmVzZW50YcOnw6NvIGRlc3RhIGxpY2Vuw6dhLCBvIGF1dG9yIG91IHRpdHVsYXIgZG9zIGRpcmVpdG9zIGRlIGF1dG9yIGNvbmNlZGUgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgbyBkaXJlaXRvIG7Do28tZXhjbHVzaXZvIGRlIHJlcHJvZHV6aXIsICB0cmFkdXppciAoY29uZm9ybWUgZGVmaW5pZG8gYWJhaXhvKSBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIG5vIGZvcm1hdG8gaW1wcmVzc28gZS9vdSBlbGV0csO0bmljbyBlIGVtIHF1YWxxdWVyIG1laW8sIGluY2x1aW5kbyBvcyAKZm9ybWF0b3Mgw6F1ZGlvIGUvb3UgdsOtZGVvLgoKTyBhdXRvciBvdSB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvciBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gcG9kZSwgc2VtIGFsdGVyYXIgbyBjb250ZcO6ZG8sIHRyYW5zcG9yIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBwYXJhIHF1YWxxdWVyIG1laW8gZS9vdSBmb3JtYXRvIHBhcmEgZmlucyBkZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLCBwb2RlbmRvIG1hbnRlciBtYWlzIGRlIHVtYSBjw7NwaWEgIHBhcmEgZmlucyBkZSBzZWd1cmFuw6dhLCBiYWNrdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKTyBhdXRvciBvdSB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvciBkZWNsYXJhIHF1ZSBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gw6kgb3JpZ2luYWwgZSBxdWUgbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIG9zIGRpcmVpdG9zIGFwcmVzZW50YWRvcyBuZXN0YSBsaWNlbsOnYSBlIHF1ZSBlc3NlIG1hdGVyaWFsIGRlIHByb3ByaWVkYWRlIGRlIHRlcmNlaXJvcyBlc3TDoSBjbGFyYW1lbnRlIGlkZW50aWZpY2FkbyBlIHJlY29uaGVjaWRvIG5vIHRleHRvIG91IG5vIGNvbnRlw7pkbyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28gb3JhIGRlcG9zaXRhZGEuCgpDQVNPIEEgUFVCTElDQcOHw4NPIE9SQSBERVBPU0lUQURBICBSRVNVTFRFIERFIFVNIFBBVFJPQ8ONTklPIE9VIEFQT0lPIERFIFVNQSAgQUfDik5DSUEgREUgRk9NRU5UTyBPVSBPVVRSTyAKT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08sIENPTU8gVEFNQsOJTSBBUyBERU1BSVMgT0JSSUdBw4fDlUVTIApFWElHSURBUyBQT1IgQ09OVFJBVE8gT1UgQUNPUkRPLgoKTyBSZXBvc2l0w7NyaW8gc2UgY29tcHJvbWV0ZSBhIGlkZW50aWZpY2FyLCBjbGFyYW1lbnRlLCBvIHNldSBub21lIChzKSBvdSBvKHMpIG5vbWUocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28gZSBuw6NvIGZhcsOhIHF1YWxxdWVyIGFsdGVyYcOnw6NvLCBhbMOpbSBkYXF1ZWxhcyBjb25jZWRpZGFzIHBvciBlc3RhIGxpY2Vuw6dhLgo=Repositório InstitucionalPUBhttp://192.188.11.11:8080/oai/requestopendoar:19322023-10-07T05:05:44Repositório Institucional da UFBA - Universidade Federal da Bahia (UFBA)false
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