Indígenas no Brasil: as visões de Afonso Arinos (1930-1940)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Jesus, Zeneide Rios de
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/31919
Resumo: Esta tese trata das interpretações sobre os indígenas no Brasil contidas nas obras de Afonso Arinos de Melo Franco publicadas na década de 1930. Teve por objetivo identificar as concepções desse autor em relação aos indígenas no contexto de discussão da mestiçagem e da formação da identidade nacional. Pesquisa qualitativa de caráter historiográfico e documental. Seus resultados apontaram as condições que permitiram a atuação do intelectual Afonso Arinos, enquanto “intérprete do Brasil”, ao formular, por meio do pensamento evolucionista, interpretações que, além de afirmarem a inferioridade dos indígenas, também os responsabilizou pelos diversos problemas políticos, sociais, econômicos e culturais existentes no Brasil dos anos 1930. Permitiram também identificar as apropriações teóricas e conceituais feitas por Afonso Arinos para elaborar suas teses que definiram qual o lugar que indígenas e negros deveriam ocupar na sociedade brasileira. Essas apropriações também influenciaram suas definições de cultura e civilização, resultando no entendimento de que indígenas e negros possuíam uma cultura inferior e pertenciam a uma civilização rudimentar. Também mostraram que as preocupações desse intelectual em relação aos indígenas do Brasil o levaram a tratar essa temática em várias temporalidades, permitindo, inclusive, uma abordagem sobre a influência que esses indígenas exerceram na conformação de uma literatura sobre a teoria da bondade natural, cujas ideias foram apontadas como responsáveis por embasar a Revolução Francesa, culminando na tese de que os indígenas do Brasil ajudaram a derrubar a Bastilha. Suas conclusões apontaram uma desqualificação das ideias revolucionárias que conformaram o pensamento europeu, mas preocupou Afonso Arinos, sobretudo, a possibilidade de essas ideias tornarem-se suscetíveis de promover a adesão dos brasileiros ao comunismo. Suas concepções refletiram os problemas políticos e sociais do período em que escreveu, de forma que questões cruciais da época, como a ascensão do comunismo e as transformações sociais que começaram a dar visibilidade aos sujeitos que historicamente eram excluídos, foram decisivas para a conformação do seu pensamento, que se caracterizou por manter-se próximo das concepções evolucionistas, elitistas e conservadoras que interpretavam indígenas e negros como inferiores, cujas contribuições para a nossa formação foram vistas como justificativas para os vários e graves problemas do país e para os comportamentos inadequados dos brasileiros. Concluiu-se que o clima de polarização política influenciou na elaboração de suas obras, demonstrando a proposição de uma pretensa neutralidade de um pensamento ideológico elitista sobre os indígenas.
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Seus resultados apontaram as condições que permitiram a atuação do intelectual Afonso Arinos, enquanto “intérprete do Brasil”, ao formular, por meio do pensamento evolucionista, interpretações que, além de afirmarem a inferioridade dos indígenas, também os responsabilizou pelos diversos problemas políticos, sociais, econômicos e culturais existentes no Brasil dos anos 1930. Permitiram também identificar as apropriações teóricas e conceituais feitas por Afonso Arinos para elaborar suas teses que definiram qual o lugar que indígenas e negros deveriam ocupar na sociedade brasileira. Essas apropriações também influenciaram suas definições de cultura e civilização, resultando no entendimento de que indígenas e negros possuíam uma cultura inferior e pertenciam a uma civilização rudimentar. Também mostraram que as preocupações desse intelectual em relação aos indígenas do Brasil o levaram a tratar essa temática em várias temporalidades, permitindo, inclusive, uma abordagem sobre a influência que esses indígenas exerceram na conformação de uma literatura sobre a teoria da bondade natural, cujas ideias foram apontadas como responsáveis por embasar a Revolução Francesa, culminando na tese de que os indígenas do Brasil ajudaram a derrubar a Bastilha. Suas conclusões apontaram uma desqualificação das ideias revolucionárias que conformaram o pensamento europeu, mas preocupou Afonso Arinos, sobretudo, a possibilidade de essas ideias tornarem-se suscetíveis de promover a adesão dos brasileiros ao comunismo. Suas concepções refletiram os problemas políticos e sociais do período em que escreveu, de forma que questões cruciais da época, como a ascensão do comunismo e as transformações sociais que começaram a dar visibilidade aos sujeitos que historicamente eram excluídos, foram decisivas para a conformação do seu pensamento, que se caracterizou por manter-se próximo das concepções evolucionistas, elitistas e conservadoras que interpretavam indígenas e negros como inferiores, cujas contribuições para a nossa formação foram vistas como justificativas para os vários e graves problemas do país e para os comportamentos inadequados dos brasileiros. Concluiu-se que o clima de polarização política influenciou na elaboração de suas obras, demonstrando a proposição de uma pretensa neutralidade de um pensamento ideológico elitista sobre os indígenas.This thesis deals with the interpretations of the indigenous in Brazil contained in the works of Afonso Arinos de Melo Franco published in the 1930s. The objective was aimed at identifying this author’s conceptions concerning indigenous people within the context of the miscegenation discussion and on the formation of national identity. The results obtained from qualitative researches of historiographical and documentary character showed the conditions that enabled the intellectual Afonso Arinos – in the role of "Brazil’s interpreter"–, to formulate interpretations which not only assert the inferiority of the indigenous, through evolutionary thinking, of, but also held accountable the various political, social, economic and cultural existing in Brazil in the 1930s. Such research was carried out by means of the evolutionary thought. These results have also led to the identification of the theoretical and conceptual appropriations made by Afonso Arinos in order to prepare his thesis that defined what place both indigenous and blacks ought to occupy in Brazilian society. These appropriations influenced his definitions of culture and civilization, thereby resulting in the understanding that indigenous and blacks had a lower culture and belonged to a rudimentary civilization. They also showed that the concerns of this intellectual in relation to the indigenous people of Brazil led him to deal with this subject in several time frames, even allowing a debate on the role that these indigenous played in the formation of a literature on the theory of natural goodness, whose ideas have been identified as responsible for fundamentals of the French Revolution, culminating in the thesis that the natives of Brazil have contributed towards bringing down the Bastille. His conclusions accordingly showed a disqualification of revolutionary ideas that shaped European thought, but worried Afonso Arinos, above all, about the possibility of these ideas becoming susceptible to promoting Brazilians’ accession to communism. His works reflected the political and social problems of the period in which he wrote, so that crucial issues of that time –, as the rise of communism and the social transformations that began to give visibility to the individuals who were historically cast out –, were decisive for the conformation of their thought, which was characterized by keeping close to the evolutionists, elitist and conservative views portraying indigenous and blacks as inferior beings. Such conceptions, which contributed to our identity formation, were seen as justifications for both the various and serious problems of the country as well as Brazilians’ inappropriate behavior. It was concluded that such ambience of political polarization influenced the development of his works, demonstrating the proposition of an alleged neutrality of an elitist ideological thinking about the indigenous people. His interpretations dialogued with the idea of miscegenation and blamed the indigenous for traits he considered negative in the formation of a national identity.Submitted by Glauber de Assunção Moreira (glauber.moreira@ufba.br) on 2020-05-15T17:39:05Z No. of bitstreams: 1 TESE Jesus, Zeneide Rios de.pdf: 3094540 bytes, checksum: d3d2062ffacdc1c0b0ddd362c130f5ee (MD5)Approved for entry into archive by Isaac Viana da Cunha Araújo (isaac.cunha@ufba.br) on 2020-06-01T22:40:44Z (GMT) No. of bitstreams: 1 TESE Jesus, Zeneide Rios de.pdf: 3094540 bytes, checksum: d3d2062ffacdc1c0b0ddd362c130f5ee (MD5)Made available in DSpace on 2020-06-01T22:40:45Z (GMT). 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