Fake News na eleição presidencial de 2018 no Brasil
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Tese |
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Título da fonte: | Repositório Institucional da UFBA |
Texto Completo: | http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/31967 |
Resumo: | A tese investiga a circulação das fake news na eleição presidencial do Brasil em 2018 entre plataformas digitais e em perspectiva multimodal. O objetivo principal consistiu em determinar a natureza política e as principais características do fenômeno. Foi preciso, para isso, estabelecer um conceito operacional apto para ser usado na análise do objeto de estudo. Teoricamente, a tese costurou as relações que se estabelecem entre os atalhos informativos, os fluxos de informação e discussão política na esfera pública. Embora o uso político de mentira e a transmissão social de rumores coexistam como práticas de comunicação política e interpessoal ao longo da história, o fenômeno das fake news se mostra mais difícil de controlar em face a uma paisagem informativa povoada de canais do conservadorismo de direita e a um modelo de negócios em que as mídias sociais priorizam a conexão entre usuários em detrimento de empresas, sem mensuração da qualidade informativa. A livre circulação de ideias passou a ser exercida sem contrapeso editorial e mensagens políticas antidemocráticas ganham visibilidade pública online se populares elas forem. A metodologia da pesquisa foi construída a partir de métodos mistos e métodos digitais. Em uma primeira etapa, foi realizada análise exploratória da natureza política de 346 fake news sobre as eleições. Em seguida, delimitou-se amostra para análise aprofundada composta por 57 dessas fake news, que foram propagadas principalmente por 1.073 contas e alcançaram quase 4 milhões de compartilhamentos nos últimos meses das eleições, e analisadas a partir de quatro dimensões: clima de opinião hostil, dos meios e modos de propagação, da mimetização do formato jornalístico e conteúdo político. Os resultados mostram a importância de se atentar a) à prevalência da conversação interpessoal ao moldar o fluxo comunicativo; b) à participação de contas gerenciadas por seres humanos entre os principais e mais relevantes propagadores; c) ao fato de que fake news transitam organicamente entre plataformas, principalmente Facebook e WhatsApp; e) à percepção de que uma ou poucas contas atraem em torno de si volume de compartilhamento suficiente para tornar uma história popular; f) à participação de líderes de opinião como agentes estratégicos para enquadrar fatos e acontecimentos públicos de forma distorcida e mentirosa; e g) que a presença de determinado candidato como personagem-chave das fake news não significa que essas histórias potencialmente geraram prejuízos para a sua campanha – ao contrário, podem ter sentido majoritariamente positivas. No caso da experiência do Brasil em 2018, análise de conteúdo mostrou que Jair Bolsonaro foi o maior beneficiado, direta ou indiretamente, pela distribuição de fake news, enquanto Lula/Haddad os principais prejudicados. Ao mesmo tempo, o bolsonarismo, apesar de quase equânime, foi sentimento que mostrou maior frequência do que o antipetismo, que esteve na sequência. Entre outras descobertas, destaca-se que a maioria das fake news foi classificada como pró-Bolsonaro. Os resultados estão sistematizados ao fim de cada bloco de análise e sintetizados nas conclusões. |
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Embora o uso político de mentira e a transmissão social de rumores coexistam como práticas de comunicação política e interpessoal ao longo da história, o fenômeno das fake news se mostra mais difícil de controlar em face a uma paisagem informativa povoada de canais do conservadorismo de direita e a um modelo de negócios em que as mídias sociais priorizam a conexão entre usuários em detrimento de empresas, sem mensuração da qualidade informativa. A livre circulação de ideias passou a ser exercida sem contrapeso editorial e mensagens políticas antidemocráticas ganham visibilidade pública online se populares elas forem. A metodologia da pesquisa foi construída a partir de métodos mistos e métodos digitais. Em uma primeira etapa, foi realizada análise exploratória da natureza política de 346 fake news sobre as eleições. Em seguida, delimitou-se amostra para análise aprofundada composta por 57 dessas fake news, que foram propagadas principalmente por 1.073 contas e alcançaram quase 4 milhões de compartilhamentos nos últimos meses das eleições, e analisadas a partir de quatro dimensões: clima de opinião hostil, dos meios e modos de propagação, da mimetização do formato jornalístico e conteúdo político. Os resultados mostram a importância de se atentar a) à prevalência da conversação interpessoal ao moldar o fluxo comunicativo; b) à participação de contas gerenciadas por seres humanos entre os principais e mais relevantes propagadores; c) ao fato de que fake news transitam organicamente entre plataformas, principalmente Facebook e WhatsApp; e) à percepção de que uma ou poucas contas atraem em torno de si volume de compartilhamento suficiente para tornar uma história popular; f) à participação de líderes de opinião como agentes estratégicos para enquadrar fatos e acontecimentos públicos de forma distorcida e mentirosa; e g) que a presença de determinado candidato como personagem-chave das fake news não significa que essas histórias potencialmente geraram prejuízos para a sua campanha – ao contrário, podem ter sentido majoritariamente positivas. No caso da experiência do Brasil em 2018, análise de conteúdo mostrou que Jair Bolsonaro foi o maior beneficiado, direta ou indiretamente, pela distribuição de fake news, enquanto Lula/Haddad os principais prejudicados. Ao mesmo tempo, o bolsonarismo, apesar de quase equânime, foi sentimento que mostrou maior frequência do que o antipetismo, que esteve na sequência. Entre outras descobertas, destaca-se que a maioria das fake news foi classificada como pró-Bolsonaro. 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