Justiça restaurativa: nova regulamentação, construção de parâmetros mínimos e ampliação das potencialides

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Oliveira, Samyle Regina Matos
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/36860
Resumo: A utilização da justiça restaurativa no âmbito do Poder Judiciário está disciplinada, atualmente, pela Resolução nº 225/2016 do CNJ, elaborada sob forte influência da principal referência do tema, Howard Zehr, professor de Sociologia e Justiça Restaurativa. Porém, o problema reside no fato de este ato normativo aparentar ser insuficiente para trazer as respostas inerentes à aplicação das práticas restaurativas nos tribunais. Decorre dele, a hipótese formulada, se a justiça restaurativa, no Brasil, necessita de uma nova regulamentação para que suas práticas sejam expandidas no âmbito do Poder Judiciário. Em razão disso, o presente trabalho buscou um caminho para a construção de bases dogmático-normativas, diante de um fenômeno jurídico sofisticado que consiste na transformação de uma soft law (resolução da ONU) em uma hard law (resolução do CNJ), sem intermediação legislativa. Para tanto, o trabalho foi alicerçado em três pilares: a Teoria Contemporânea das Fontes da Norma Processual, nas Boas Práticas e no Sistema de Justiça Multiportas. Nesse percurso, parte-se da verificação de uma ausência da doutrina processual penal pensar sobre a possibilidade ou não de a resolução do CNJ ser vista como fonte do direito capaz de regulamentar a justiça restaurativa, bem como uma carência de discussão a respeito da ordem de subordinação das fontes entre si e eventual predominância da fonte legislativa. Contudo, adotou-se no presente trabalho o paradigma jus filosófico constitucional do pós-positivismo que reconhece a distinção entre texto e norma e, do ponto de vista hermenêutico, o conceito pragmático da norma jurídica. Verificou-se, portanto, que é à luz da Teoria Contemporânea das Fontes do Direito que a atual regulamentação da justiça restaurativa no ordenamento jurídico brasileiro encontra fundamento. Sendo assim, a tese transitou em diferentes áreas do direito e enfrentou “a fronteira” entre o processo penal e o processo civil para defender a possibilidade de aplicação da justiça restaurativa em conflitos extracriminais (Enunciado nº 708 do FPPC reconhecendo que “as práticas restaurativas são aplicáveis ao processo civil”) e propor necessárias reflexões sobre a natureza jurídica do acordo restaurativo e a sua utilização por juízes cooperantes, com base no art. 6º, inciso XIX, da Resolução n° 350 do CNJ.
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Para tanto, o trabalho foi alicerçado em três pilares: a Teoria Contemporânea das Fontes da Norma Processual, nas Boas Práticas e no Sistema de Justiça Multiportas. Nesse percurso, parte-se da verificação de uma ausência da doutrina processual penal pensar sobre a possibilidade ou não de a resolução do CNJ ser vista como fonte do direito capaz de regulamentar a justiça restaurativa, bem como uma carência de discussão a respeito da ordem de subordinação das fontes entre si e eventual predominância da fonte legislativa. Contudo, adotou-se no presente trabalho o paradigma jus filosófico constitucional do pós-positivismo que reconhece a distinção entre texto e norma e, do ponto de vista hermenêutico, o conceito pragmático da norma jurídica. Verificou-se, portanto, que é à luz da Teoria Contemporânea das Fontes do Direito que a atual regulamentação da justiça restaurativa no ordenamento jurídico brasileiro encontra fundamento. Sendo assim, a tese transitou em diferentes áreas do direito e enfrentou “a fronteira” entre o processo penal e o processo civil para defender a possibilidade de aplicação da justiça restaurativa em conflitos extracriminais (Enunciado nº 708 do FPPC reconhecendo que “as práticas restaurativas são aplicáveis ao processo civil”) e propor necessárias reflexões sobre a natureza jurídica do acordo restaurativo e a sua utilização por juízes cooperantes, com base no art. 6º, inciso XIX, da Resolução n° 350 do CNJ.The use of restorative justice within the Judiciary is currently regulated by Resolution No. 225/2016 of the CNJ, under the strong influence of the main subject, Howard Zehr, professor of Sociology and Restorative Justice. However, the problem lies in the fact that this apparently normative act is insufficient to provide inherent responses to the application of restorative practices in the courts. It follows, the hypothesis formulated, if the Restorative Justice, in Brazil, needs a new correction so that its practices are expanded in the scope of the Judiciary Power. As a result, the present work seeks a way to build dogmatic-normative bases in face of a sophisticated legal phenomenon that consists of the transformation of a soft law (UN resolution) into a hard law (CNJ resolution), without legislative intermediation. To this end, the work was based on three pillars: the Contemporary Theory of Procedural Standard Sources, the Theory of Good Practices and the Multi-door Justice system. In this course, we start from the verification of an absence of the criminal procedural doctrine to think about the possibility or not of the CNJ resolution being seen as a source of law capable of regulating restorative justice, as well as a lack of discussion about the order of subordination of the sources among themselves and eventual predominance of the legislative source. In this path, some incursions into the General Theory of Law, General Theory of the Sources of Legal Norms, General Theory of Legal Noma and General Theory of Process were necessary. However, in the present work, the constitutional jus-philosophical paradigm of post-positivism is adopted, which recognizes the distinction between text and norm and, from a hermeneutic point of view, the pragmatic concept of the legal norm. It was verified, therefore, that it is in the light of the Contemporary Theory of the Sources of Law that the current regulation of restorative justice in the Brazilian legal system is founded. Therefore, the thesis transited in different areas of law and faced “the border” between the criminal procedure and the civil procedure to defend the possibility of applying restorative justice in extracriminal conflicts (Statement nº. 708 of FPPC recognizing that “restorative practices are applicable to the civil procedure”) and to propose necessary reflections on the legal nature of the restorative agreement and its use by cooperating judges based on art.6, item XIX, of Resolution No. 350 of the CNJ.El uso de la justicia restaurativa en el ámbito del poder judicial se rige actualmente por la Resolución CNJ nº 225/2016, elaborada bajo la fuerte influencia del principal referente en el tema, Howard Zehr, profesor de Sociología y Justicia Restaurativa. Sin embargo, el problema reside en que este derecho normativo se muestra insuficiente para responder a las respuestas inherentes a la aplicación de las prácticas de restauración en nuestro foro. De entrada, la hipótesis formulada, si la justicia restaurativa, en Brasil, requiere una nueva regulación para que sus prácticas se amplíen en el ámbito del Poder Judicial. Por ello, el presente trabajo avanzó hacia la construcción de bases dogmático-normativas, frente a un sofisticado fenómeno jurídico que consiste en la transformación de un soft law (resolución de la ONU) en hard law (resolución de la CNJ), sin intermediación legislativa. Por tanto, el trabajo se basó en tres pilares: la Teoría Contemporánea de las Fuentes de la Norma Procesal, las Buenas Prácticas y el Sistema de Justicia Multipuertas. El camino, parte de la constatación de una ausencia de la doctrina penal pensando en la posibilidad o no de resolución de la CNJ, es visto como fuente de capacidad directa para regular la justicia restaurativa, así como la falta de discusión en respuesta a la orden de subordinación a las fuentes entre , y posible predominio de una fuente legislativa. Sin embargo, en este trabajo se adoptó el paradigma del jus filosófico constitucional del pospositivismo, que reconoce la distinción entre texto y norma y, desde un punto de vista hermenéutico, el concepto pragmático de norma jurídica. Se verificó, por lo tanto, que es a la luz de la Teoría Contemporánea de las Fuentes del Derecho que la actual regulación de la justicia restaurativa en el ordenamiento jurídico brasileño es fundamental. Así, transcurrió el tiempo en distintas áreas del derecho y se produjo “la frontera” entre el procedimiento penal y el procedimiento civil para defender la posibilidad de aplicar la justicia restaurativa en los conflictos extrapenales (Declaración nº 708 de la FPPC reconociendo que “las prácticas restaurativas quedan a el procedimiento civil”) y proponer las reflexiones necesarias sobre la naturaleza jurídica de la convención restaurativa y su uso por parte de los jueces cooperantes, con fundamento en el artículo 6, inciso XIX, de la Resolución N° 350 de la CNJ.Submitted by Biblioteca Teixeira de Freitas (bidir@ufba.br) on 2023-04-18T09:45:51Z No. of bitstreams: 2 license_rdf: 811 bytes, checksum: e39d27027a6cc9cb039ad269a5db8e34 (MD5) Tese de SAMYLE REGINA MATOS OLIVEIRA.pdf: 2132523 bytes, checksum: e3e0f29f2559d9bd0ac9d47f8b9d66f1 (MD5)Approved for entry into archive by Biblioteca Teixeira de Freitas (bidir@ufba.br) on 2023-04-18T09:46:07Z (GMT) No. of bitstreams: 2 license_rdf: 811 bytes, checksum: e39d27027a6cc9cb039ad269a5db8e34 (MD5) Tese de SAMYLE REGINA MATOS OLIVEIRA.pdf: 2132523 bytes, checksum: e3e0f29f2559d9bd0ac9d47f8b9d66f1 (MD5)Made available in DSpace on 2023-04-18T09:46:07Z (GMT). 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