“O tempo se refloresta todo dia, o que fomos ontem não precisa ser a profecia do que seremos”: Sobre gêneros e sexualidades na formação docente

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Carvalhal, Tito Loiola
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/36725
Resumo: A história do Brasil é marcada pela presença constante da brutalidade instituída, mas não uma brutalidade irracional, como nos leva a crer a definição do termo. A brutalidade a que nos referimos neste texto é letrada, civilizada e educada nas cartilhas e escrituras carregadas de autoritarismos, controle e dominação para a mansidão das justas revoltas de quem vem sendo maltratada, humilhada. O avanço do conservadorismo, intensificado na pandemia que ainda atravessamos, vem expondo sem o menor pudor as vergonhas dessa história não reparada. De forma bem desigual, mas intensa e barulhenta, as discussões sobre os sistemas de opressão têm sido aprofundadas e difundidas, como nunca antes, o que tem potencializado ainda mais os “contra-ataques” da tirania. A história do nosso país também é marcada pela presença constante de luta, de produção de vida. A Educação Escolar, da básica à superior, no meio disso tudo, é território em disputa, onde a ideologia dominante, que subalterniza as existências que escapam do padrão imposto, tenta seguir naturalizada. Na intensa ofensiva que se apresenta de forma potencializada para a população negra, indígena, sobretudo as mulheres cisgêneras e LGBTQIA+, mais ainda as economicamente subalternizadas, o capitalismo conservador cheio de traças segue impondo todo um arsenal para tentar impedir movimentos que desnaturalizam o que não é natural, em se tratando de opressão e exploração, como é o caso das categorias de gêneros e sexualidades. Ainda considerados tabus, demonizados e/ou sacralizados, esses temas complexos vêm se mostrando como eixos estruturantes do fortalecimento da extrema direita, onde pautas delirantes se sobrepõem à realidade concreta, insensibilizando um montante considerável da população para a intensificação da pobreza e da vulnerabilização das mais exploradas. Nesse mesmo espaço-tempo, não podemos perder de vista que o capitalismo inclusivo, desde que você possa pagar, também segue presente causando bastantes estragos. Vivendo a universidade nesses últimos dez anos (quase), 2013.2 à 2022.2, o objetivo deste trabalho é pensar a formação docente, no que diz respeito às discussões sobre gêneros e sexualidades em suas diversidades e interseccionalidades, a partir da vivência enquanto estudante do curso de Pedagogia, na Faculdade de Educação da UFBA. Cientes de que a formação está em movimento e segue em disputa, desejamos chamar a atenção para pontos sensíveis nas naturalizações ainda presentes, nos silêncios, ausências e/ou presenças ainda tímidas sobre esses temas tão necessários e urgentes, reconhecendo as lutas de quem veio antes e abriu caminhos para os importantes avanços, fortalecendo a importância de mais aprofundamento e difusão dessas questões na formação docente da Faced-UFBA. Por meio de cenários-pedagógicos e ficções testemunhadas, buscaremos aprofundar o olhar sobre esses sistemas de poder, em diálogo com outros estudos, tentando nos atentar para algumas das formas que passam muitas vezes despercebidos na formação de professoras, para que possamos cuidar coletivamente. Para isso, iniciaremos apresentando os caminhos metodológicos, concepções e compromissos éticos que orientaram nossas leituras e trans-escrituras nada sagradas, limitadas e localizadas, “nem totalmente lúcidas, nem totalmente alienadas”. Na sequência, profanando em diálogo com a materialidade de uma história não reparada, trataremos sobre a defesa da dessacralização da magnífica universidade e seus dispositivos de poder que exercem colonialidades sobre as diversidades. Em seguida, no movimento sankofa que nos ensina a importância de voltarmos o olhar para trás para entendermos o presente e imaginarmos o futuro, faremos um breve resgate histórico do “passado de nossas verdades”, sobre a ideologia de gênero dominante e alguns antecedentes históricos da formação em pedagogia, enquanto dispositivo para a educação das corpas nas cartilhas da branquitude cisheteronormativa. Por fim, breves considerações na aposta de que “é sobre fazermos o impossível por nós” . Entendendo crítica enquanto proposição, desejamos com essa peleja somar forças com as lutas implicadas com educações para a dignidade de todas as vidas, buscando contribuir com a vocação crítica e engajada desta instituição.
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A brutalidade a que nos referimos neste texto é letrada, civilizada e educada nas cartilhas e escrituras carregadas de autoritarismos, controle e dominação para a mansidão das justas revoltas de quem vem sendo maltratada, humilhada. O avanço do conservadorismo, intensificado na pandemia que ainda atravessamos, vem expondo sem o menor pudor as vergonhas dessa história não reparada. De forma bem desigual, mas intensa e barulhenta, as discussões sobre os sistemas de opressão têm sido aprofundadas e difundidas, como nunca antes, o que tem potencializado ainda mais os “contra-ataques” da tirania. A história do nosso país também é marcada pela presença constante de luta, de produção de vida. A Educação Escolar, da básica à superior, no meio disso tudo, é território em disputa, onde a ideologia dominante, que subalterniza as existências que escapam do padrão imposto, tenta seguir naturalizada. Na intensa ofensiva que se apresenta de forma potencializada para a população negra, indígena, sobretudo as mulheres cisgêneras e LGBTQIA+, mais ainda as economicamente subalternizadas, o capitalismo conservador cheio de traças segue impondo todo um arsenal para tentar impedir movimentos que desnaturalizam o que não é natural, em se tratando de opressão e exploração, como é o caso das categorias de gêneros e sexualidades. Ainda considerados tabus, demonizados e/ou sacralizados, esses temas complexos vêm se mostrando como eixos estruturantes do fortalecimento da extrema direita, onde pautas delirantes se sobrepõem à realidade concreta, insensibilizando um montante considerável da população para a intensificação da pobreza e da vulnerabilização das mais exploradas. Nesse mesmo espaço-tempo, não podemos perder de vista que o capitalismo inclusivo, desde que você possa pagar, também segue presente causando bastantes estragos. Vivendo a universidade nesses últimos dez anos (quase), 2013.2 à 2022.2, o objetivo deste trabalho é pensar a formação docente, no que diz respeito às discussões sobre gêneros e sexualidades em suas diversidades e interseccionalidades, a partir da vivência enquanto estudante do curso de Pedagogia, na Faculdade de Educação da UFBA. Cientes de que a formação está em movimento e segue em disputa, desejamos chamar a atenção para pontos sensíveis nas naturalizações ainda presentes, nos silêncios, ausências e/ou presenças ainda tímidas sobre esses temas tão necessários e urgentes, reconhecendo as lutas de quem veio antes e abriu caminhos para os importantes avanços, fortalecendo a importância de mais aprofundamento e difusão dessas questões na formação docente da Faced-UFBA. Por meio de cenários-pedagógicos e ficções testemunhadas, buscaremos aprofundar o olhar sobre esses sistemas de poder, em diálogo com outros estudos, tentando nos atentar para algumas das formas que passam muitas vezes despercebidos na formação de professoras, para que possamos cuidar coletivamente. Para isso, iniciaremos apresentando os caminhos metodológicos, concepções e compromissos éticos que orientaram nossas leituras e trans-escrituras nada sagradas, limitadas e localizadas, “nem totalmente lúcidas, nem totalmente alienadas”. Na sequência, profanando em diálogo com a materialidade de uma história não reparada, trataremos sobre a defesa da dessacralização da magnífica universidade e seus dispositivos de poder que exercem colonialidades sobre as diversidades. Em seguida, no movimento sankofa que nos ensina a importância de voltarmos o olhar para trás para entendermos o presente e imaginarmos o futuro, faremos um breve resgate histórico do “passado de nossas verdades”, sobre a ideologia de gênero dominante e alguns antecedentes históricos da formação em pedagogia, enquanto dispositivo para a educação das corpas nas cartilhas da branquitude cisheteronormativa. Por fim, breves considerações na aposta de que “é sobre fazermos o impossível por nós” . Entendendo crítica enquanto proposição, desejamos com essa peleja somar forças com as lutas implicadas com educações para a dignidade de todas as vidas, buscando contribuir com a vocação crítica e engajada desta instituição.porUniversidade Federal da BahiaPEDAGOGIAUFBABrasilFaculdade de EducaçãoCNPQ::CIENCIAS HUMANAS::EDUCACAOFormação DocenteEducação Escolar SuperiorGênerosSexualidadesInterseccionalidadeRacismoCapitalismo“O tempo se refloresta todo dia, o que fomos ontem não precisa ser a profecia do que seremos”: Sobre gêneros e sexualidades na formação docenteLicenciaturainfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionRebouças , Nanci Helena Francohttp://lattes.cnpq.br/6668613131852037Miranda, Amanaiara Conceição de SantanaCruz, Izaura Santiago daOdara, Thiffany0000-0002-5524-6505ehttp://lattes.cnpq.br/6831227311411866Carvalhal, Tito LoiolaADICHIE, C. N. O perigo da história única. TED (Technology, Entertainment, Design), 2013. Disponível no Youtube. 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Carvalhal, Tito Loiola
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Educação Escolar Superior
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description A história do Brasil é marcada pela presença constante da brutalidade instituída, mas não uma brutalidade irracional, como nos leva a crer a definição do termo. A brutalidade a que nos referimos neste texto é letrada, civilizada e educada nas cartilhas e escrituras carregadas de autoritarismos, controle e dominação para a mansidão das justas revoltas de quem vem sendo maltratada, humilhada. O avanço do conservadorismo, intensificado na pandemia que ainda atravessamos, vem expondo sem o menor pudor as vergonhas dessa história não reparada. De forma bem desigual, mas intensa e barulhenta, as discussões sobre os sistemas de opressão têm sido aprofundadas e difundidas, como nunca antes, o que tem potencializado ainda mais os “contra-ataques” da tirania. A história do nosso país também é marcada pela presença constante de luta, de produção de vida. A Educação Escolar, da básica à superior, no meio disso tudo, é território em disputa, onde a ideologia dominante, que subalterniza as existências que escapam do padrão imposto, tenta seguir naturalizada. Na intensa ofensiva que se apresenta de forma potencializada para a população negra, indígena, sobretudo as mulheres cisgêneras e LGBTQIA+, mais ainda as economicamente subalternizadas, o capitalismo conservador cheio de traças segue impondo todo um arsenal para tentar impedir movimentos que desnaturalizam o que não é natural, em se tratando de opressão e exploração, como é o caso das categorias de gêneros e sexualidades. Ainda considerados tabus, demonizados e/ou sacralizados, esses temas complexos vêm se mostrando como eixos estruturantes do fortalecimento da extrema direita, onde pautas delirantes se sobrepõem à realidade concreta, insensibilizando um montante considerável da população para a intensificação da pobreza e da vulnerabilização das mais exploradas. Nesse mesmo espaço-tempo, não podemos perder de vista que o capitalismo inclusivo, desde que você possa pagar, também segue presente causando bastantes estragos. Vivendo a universidade nesses últimos dez anos (quase), 2013.2 à 2022.2, o objetivo deste trabalho é pensar a formação docente, no que diz respeito às discussões sobre gêneros e sexualidades em suas diversidades e interseccionalidades, a partir da vivência enquanto estudante do curso de Pedagogia, na Faculdade de Educação da UFBA. Cientes de que a formação está em movimento e segue em disputa, desejamos chamar a atenção para pontos sensíveis nas naturalizações ainda presentes, nos silêncios, ausências e/ou presenças ainda tímidas sobre esses temas tão necessários e urgentes, reconhecendo as lutas de quem veio antes e abriu caminhos para os importantes avanços, fortalecendo a importância de mais aprofundamento e difusão dessas questões na formação docente da Faced-UFBA. Por meio de cenários-pedagógicos e ficções testemunhadas, buscaremos aprofundar o olhar sobre esses sistemas de poder, em diálogo com outros estudos, tentando nos atentar para algumas das formas que passam muitas vezes despercebidos na formação de professoras, para que possamos cuidar coletivamente. Para isso, iniciaremos apresentando os caminhos metodológicos, concepções e compromissos éticos que orientaram nossas leituras e trans-escrituras nada sagradas, limitadas e localizadas, “nem totalmente lúcidas, nem totalmente alienadas”. Na sequência, profanando em diálogo com a materialidade de uma história não reparada, trataremos sobre a defesa da dessacralização da magnífica universidade e seus dispositivos de poder que exercem colonialidades sobre as diversidades. Em seguida, no movimento sankofa que nos ensina a importância de voltarmos o olhar para trás para entendermos o presente e imaginarmos o futuro, faremos um breve resgate histórico do “passado de nossas verdades”, sobre a ideologia de gênero dominante e alguns antecedentes históricos da formação em pedagogia, enquanto dispositivo para a educação das corpas nas cartilhas da branquitude cisheteronormativa. Por fim, breves considerações na aposta de que “é sobre fazermos o impossível por nós” . Entendendo crítica enquanto proposição, desejamos com essa peleja somar forças com as lutas implicadas com educações para a dignidade de todas as vidas, buscando contribuir com a vocação crítica e engajada desta instituição.
publishDate 2022
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