A mente interpretada: o realismo moderado de Davidson e Dennett
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFBA |
Texto Completo: | http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/28828 |
Resumo: | Interpretivismo é uma posição em filosofia que busca uma compreensão do mental a partir da perspectiva de terceira pessoa. Dois autores são considerados seus representantes centrais: Daniel Dennett e Donald Davidson. Para que seja possível a comunicação, é necessário haver interpretação comportamental, o que demanda a atribuição de uma série de estados mentais. Em Davidson, há os princípios de caridade e racionalidade. De acordo com ele, é preciso pressupor uma alta taxa de coincidência entre as crenças de alguém e as de seu interlocutor para que eles possam se comunicar. Nessa mesma direção, Dennett argumenta que os comportamentos de determinadas entidades só podem ser explicados e previstos por meio da adoção da postura intencional, isto é, por meio da atribuição de intencionalidade. Essa atribuição nunca é de crenças e desejos isolados, mas de um conjunto difuso de estados mentais, incluindo crenças majoritariamente verdadeiras. Para esses autores, não é possível abrir mão de um vocabulário tipicamente intencional. O vocabulário da psicologia, portanto, não pode ser reduzido ao da física. Por isso, o interpretivismo é considerado um tipo de materialismo não reducionista. Eles defendem que o ponto de vista do intérprete tem prioridade sobre o do sujeito na busca de uma compreensão do mental. Propõem uma inversão no ponto de partida: a pesquisa deve se iniciar de fora para dentro, caso contrário, fica estéril, encarcerada no sujeito. Esta tese tem por objetivo fazer uma apresentação das posições interpretivistas de cada um desses dois autores, investigando se são realistas ou antirrealistas acerca do mental. Nessa investigação, será de extrema relevância compreender o papel epistemológico atribuído pelos defensores dessa posição aos estados mentais. Como resultado temos que, para esses autores, o mental precisa ser compreendido a partir das relações do sujeito com o mundo e com os demais sujeitos. Dennett encontra na história evolutiva as razões que estabelecem essas relações. Davidson as encontra nos processos de triangulação presentes em qualquer situação de comunicação. Argumenta-se, aqui, que a existência dos estados mentais não pode ser negada quando se adota uma perspectiva interpretivista, ainda que esses estados mentais não sejam localizados dentro do sujeito. A razão é que eles possuem um papel epistemológico indispensável. Sem eles, ninguém poderia dar nenhum sentido aos comportamentos alheios, muitos menos se comunicar com os outros. A força ontológica não provém, aqui, de serem evidentes a partir de um ponto de vista de primeira pessoa. A realidade dos estados mentais, numa posição interpretivista, está atrelada à sua utilidade e indispensabilidade. Essa posição tem a vantagem de ser compatível com uma abordagem científica do mental, pois considera-o a partir de um ponto de vista publicamente acessível. Ao mesmo tempo, essa posição reconhece e mantém o papel da psicologia de senso comum, sem ser eliminativista nem reducionista. |
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Nessa mesma direção, Dennett argumenta que os comportamentos de determinadas entidades só podem ser explicados e previstos por meio da adoção da postura intencional, isto é, por meio da atribuição de intencionalidade. Essa atribuição nunca é de crenças e desejos isolados, mas de um conjunto difuso de estados mentais, incluindo crenças majoritariamente verdadeiras. Para esses autores, não é possível abrir mão de um vocabulário tipicamente intencional. O vocabulário da psicologia, portanto, não pode ser reduzido ao da física. Por isso, o interpretivismo é considerado um tipo de materialismo não reducionista. Eles defendem que o ponto de vista do intérprete tem prioridade sobre o do sujeito na busca de uma compreensão do mental. Propõem uma inversão no ponto de partida: a pesquisa deve se iniciar de fora para dentro, caso contrário, fica estéril, encarcerada no sujeito. Esta tese tem por objetivo fazer uma apresentação das posições interpretivistas de cada um desses dois autores, investigando se são realistas ou antirrealistas acerca do mental. Nessa investigação, será de extrema relevância compreender o papel epistemológico atribuído pelos defensores dessa posição aos estados mentais. Como resultado temos que, para esses autores, o mental precisa ser compreendido a partir das relações do sujeito com o mundo e com os demais sujeitos. Dennett encontra na história evolutiva as razões que estabelecem essas relações. Davidson as encontra nos processos de triangulação presentes em qualquer situação de comunicação. Argumenta-se, aqui, que a existência dos estados mentais não pode ser negada quando se adota uma perspectiva interpretivista, ainda que esses estados mentais não sejam localizados dentro do sujeito. A razão é que eles possuem um papel epistemológico indispensável. Sem eles, ninguém poderia dar nenhum sentido aos comportamentos alheios, muitos menos se comunicar com os outros. A força ontológica não provém, aqui, de serem evidentes a partir de um ponto de vista de primeira pessoa. A realidade dos estados mentais, numa posição interpretivista, está atrelada à sua utilidade e indispensabilidade. Essa posição tem a vantagem de ser compatível com uma abordagem científica do mental, pois considera-o a partir de um ponto de vista publicamente acessível. 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