A festa, o drama e a trama: Cultura e poder nas comemorações da Independência da Bahia (1959-2017)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Baldaia, Fábio Peixoto Bastos
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/25957
Resumo: Essa Tese analisa as práticas e representações dos agentes no campo dos festejos da Independência da Bahia em Salvador de 1959 até 2017. Interpela o objeto a partir da aproximação entre as noções de cultura e poder, orientando-se pelo prisma da Sociologia da Cultura e em dialogo estreito com a História Cultural e a Antropologia Cultural. Tecnicamente, foi operacionalizada na observação participante e com a análise dos jornais. Partiu-se da problematização segundo a qual em Salvador os festejos da Independência da Bahia evidenciaram uma rede tensionada de práticas e representações que ofereceram o suporte para a construção, divulgação, encenação e fricção de identidades de diversas matrizes, colocadas em prática através de variadas formas de expressão, num processo que contou com a assunção de órgãos estatais enquanto agentes de racionalização e centralização da organização da festa. Objetivou-se entender os processos socioculturais de construção, divulgação, encenação e luta de representações, expressas nos desempenhos e calcadas em repertórios relativos à Bahia e ao Brasil. A Tese demonstra que as comemorações do 2 de Julho, a partir da segunda metade do século XX, mantiveram uma ampla diversidade de manifestações, entretanto, as possibilidades de viabilização, reconhecimento e afirmação foram alteradas devido às transformações modernizantes ocorridas na cidade, bem como na correlação de forças entre os grupos sociais no campo da festa. Nesse processo, os festejos foram gradualmente controlados por práticas institucionais, burocráticas e instrumentais dos órgãos estatais e, em menor medida, dos coletivos de militância política, que são estranhos à lógica originária da festa cívica baiana que era permeada por uma cultura popular predominantemente comunitária, oral, lúdica e informal. Em meio a esta dinâmica, as figuras dos Caboclos continuaram aportando elementos cívico-nacionais, estéticos, étnicos, políticos e religiosos aos agentes do campo, permanecendo fundamentais e contribuindo à durabilidade da festa. Desenvolveu-se nos festejos a contradição entre representações manifestas por diferentes agentes e grupos sociais em choque para estabelecer uma narrativa fundante legítima, o que faz da festa do 2 de Julho uma polifonia que formata uma ambivalente identidade cívica baiana, enunciada a partir de Salvador, que ao mesmo tempo fissura e sutura o espaço simbólico da comunidade imaginada nacional.
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Partiu-se da problematização segundo a qual em Salvador os festejos da Independência da Bahia evidenciaram uma rede tensionada de práticas e representações que ofereceram o suporte para a construção, divulgação, encenação e fricção de identidades de diversas matrizes, colocadas em prática através de variadas formas de expressão, num processo que contou com a assunção de órgãos estatais enquanto agentes de racionalização e centralização da organização da festa. Objetivou-se entender os processos socioculturais de construção, divulgação, encenação e luta de representações, expressas nos desempenhos e calcadas em repertórios relativos à Bahia e ao Brasil. A Tese demonstra que as comemorações do 2 de Julho, a partir da segunda metade do século XX, mantiveram uma ampla diversidade de manifestações, entretanto, as possibilidades de viabilização, reconhecimento e afirmação foram alteradas devido às transformações modernizantes ocorridas na cidade, bem como na correlação de forças entre os grupos sociais no campo da festa. Nesse processo, os festejos foram gradualmente controlados por práticas institucionais, burocráticas e instrumentais dos órgãos estatais e, em menor medida, dos coletivos de militância política, que são estranhos à lógica originária da festa cívica baiana que era permeada por uma cultura popular predominantemente comunitária, oral, lúdica e informal. Em meio a esta dinâmica, as figuras dos Caboclos continuaram aportando elementos cívico-nacionais, estéticos, étnicos, políticos e religiosos aos agentes do campo, permanecendo fundamentais e contribuindo à durabilidade da festa. Desenvolveu-se nos festejos a contradição entre representações manifestas por diferentes agentes e grupos sociais em choque para estabelecer uma narrativa fundante legítima, o que faz da festa do 2 de Julho uma polifonia que formata uma ambivalente identidade cívica baiana, enunciada a partir de Salvador, que ao mesmo tempo fissura e sutura o espaço simbólico da comunidade imaginada nacional.This thesis analyzes the practices and representations of the agents in the field of the celebrations of Independence of Bahia in Salvador from 1959 to 2017. It interpolates the object from the approach between the notions of culture and power, guided by the prism of the Sociology of Culture and in a close dialogue with Cultural History and Anthropology. Technically, it was operationalized in the participant observation and with the analysis of newspapers. It started from the problematization that in Salvador the festivities of the Independence of Bahia have evidenced a tensioned network of practices and representations that offered the support for the construction, divulgation, staging and friction of identities of several matrices, put into practice through various forms of expression, in a process that counted on the assumption of state organs as agents of rationalization and centralization of the organization of the festivity. The objective was to understand the sociocultural processes of construction, dissemination, staging and struggle of representations, expressed in the performances and based on repertoires related to Bahia and Brazil. The thesis shows that the celebrations of July 2nd, from the second half of the twentieth century, maintained a wide diversity of manifestations, however, the possibilities of viability, recognition and affirmation were altered due to the modernizing transformations that took place in the city, as well as in the correlation of forces between social groups. In this process, the celebrations were gradually controlled by institutional, bureaucratic and instrumental practices of the state organs and, to a lesser extent, political militancy groups, which are foreign to the original logic of the Bahian civic festivity that was permeated by a predominantly communitarian popular culture, oral, playful and informal. In this dynamic, Caboclos figures continued to contribute civic-national, aesthetic, ethnic, political and religious elements to all agents of the field, remaining fundamental and contributing to the party's durability. Thus, in the festivities the contradiction between representations manifested by different agents and social groups in shock to establish a legitimate founding narrative was developed, which makes the party of July 2 a polyphony that forms an ambivalent Bahian civic identity, enunciated from Salvador, which at the same time fissures and sutures the symbolic space of the national imagined community.Submitted by Fabio Baldaia (fp.baldaia@hotmail.com) on 2018-05-08T14:46:21Z No. of bitstreams: 1 TESE COMPLETA.pdf: 49901831 bytes, checksum: 17913d4ce5fd21d0c32ece402d6621a1 (MD5)Approved for entry into archive by Biblioteca Isaías Alves (reposiufbat@hotmail.com) on 2018-05-10T12:41:16Z (GMT) No. of bitstreams: 1 TESE COMPLETA.pdf: 49901831 bytes, checksum: 17913d4ce5fd21d0c32ece402d6621a1 (MD5)Made available in DSpace on 2018-05-10T12:41:16Z (GMT). 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