A partiura de ações como dispositivo: corpos em jogo no espetáculo Dorotéia do grupo Panacéia Delirante

• Autor(a) principal: Marques, Lílith
• Data de Publicação: 2013
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
• Texto Completo: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/33824
• topic: Artes Cênicas; Artes cênicas; Trabalho de ator; Partitura de ações como dispositivo; Corporalidade; Estado de Jogo

Esta dissertação se inscreve no campo das artes cênicas, debruçando-se sobre o trabalho do ator por meio da análise de Partituras de Ações, aqui consideradascomo dispositivo de criação e composição. A pesquisa descreve e analisa um processo no qual a pesquisadora está inserida como atriz, portanto, não se faz de maneira distanciada e impessoal, embora mantenha o rigor acadêmico necessário à sua realização. Para tanto, foi realizado um estudo de caso, tomando o espetáculo Dorotéia do grupo Panacéia Delirante sob direção de Hebe Alves, obra que tem como um de seus pilares o desempenhocênico das atrizes por intermédio desse dispositivo. Duas unidades de análise foram utilizadas visando demonstrar como o dispositivo Partituraage no desempenho das atrizes no espetáculo: a Corporalidade posta em evidência no espetáculo e o Estado de Jogo que se estabelece entre as atrizes em cena. Além disso, foram analisados registros em fotografia e vídeo do espetáculo, bem como depoimentos concedidos pelo elenco de Dorotéia. Entrecruzando esse material com aspectos conceituais da pesquisa, pretendeu-se chegar a respostas para as perguntasComo o jogo e a corporalidade servem à estruturação da partitura entendida como um dispositivo? e De que maneira esses dois elementos são articulados na composição de desempenho das atrizes?. O objetivo da pesquisa foi analisar o espetáculo sob a lente do dispositivo – com suas linhas de força e curvas de visibilidade, tal como apresentado por Michel Foucault e desenvolvido por Gilles Deleuze. Este esforço se justifica na medida em que uma compreensão não-cartesiana, rizomática e que, portanto, evita a rigidez de conceitos preestabelecidos é importante ferramenta para compreender a práxis do artista, no caso, o artista cênico. Desse modo, torna-se possível abrir novas leituras que incluam os aspectos de risco, improvisação, tensão, prazer, interatividade, imaginação e subjetividade, sem cair em formulações baseadas apenas no senso comum ou amparadas numa concepção de partitura entendida como puramente instrumental. Dentre os resultados alcançados destacam-se a compreensão da corporalidade e do estado de jogo como curvas de visibilidade e linhas de força do dispositivo, responsáveis por possibilitar a ação dos processos de sobredeterminação funcional e preenchimento estratégico que ocorrem na partitura; e o entendimento de que, por meio da ótica do dispositivo, a partitura pode ser discutida de maneira mais rigorosa e sistematizada em estudos sobreo desempenho do artista cênico.