DAS POSSIBILIDADES HETEROTÓPICAS PARA UMA EXPERIÊNCIA DE LIBERDADE – UM ESTUDO DO UNIVERSO FICCIONAL AMADIANO

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Texeira Sobrinho, Antonio Carlos Monteiro
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/26587
Resumo: Esta tese se configura como um estudo do universo ficcional de Jorge Amado, principalmente a partir de Gabriela, cravo e canela, de 1958. Constitui-se como um exercício de interpretação das formas com que o tema da liberdade se afigura encarnado em representações individuais e/ou coletivas impressas pelo autor. Assume-se que a literatura amadiana não busca apenas a denúncia de sistemas de opressão, mas também almeja encontrar alternativas que apontem para condições de vida não tocadas por uma lógica da submissão ou por uma dinâmica existencial repressiva. Nesta direção, procura-se mapear os sentidos concretos com que a ideia de liberdade se apresenta tangível na ficção de Amado. Ou seja, formas específicas de ser, estar e se relacionar com o mundo que, em função da série de posicionamentos de cada narrativa, são veiculadas como dotadas da capacidade de reverter quadros de subjugação em experiências possíveis de liberdade. A cartografia destas formas, que vem a ser um primeiro e necessário passo para a posterior observação dos conteúdos dissonantes que elas encenam, está amparada em um procedimento de leitura que funciona por contraste. Sua ênfase está radicada na percepção da diferença instaurada por modos de vida não hegemônicos, situados desde a margem, quando comparados ao conjunto de relações constitutivo da ordem (econômica, social, cultural, axiológica e epistêmica) dominante nas sociedades ocidentais – de resto, identificada como responsável pela subjugação de corpos e de espíritos, de indivíduos e de grupalidades. O mapeamento destas experiências outras segue não apenas pelas narrativas efetivamente publicadas por Jorge Amado. Busca-se igualmente observar projetos que se apresentavam como importantes para o autor, mas que não foram totalmente desenvolvidos. São os casos de A guerra dos santos, cujo plano de romance foi abandonado, e Boris, o Vermelho, que Jorge Amado não conseguiu finalizar. O estudo destas tramas é possível pelo cruzamento de cenas publicadas em revistas (A guerra dos santos) ou dos datiloscritos digitalizados (Boris) com informações coletadas em entrevistas concedidas pelo romancista ao longo da segunda metade do século XX. Com o intuito de elaborar leituras das modalizações diferenciais de vida contidas na ficção de Amado, optou-se pela noção de heterotopia, tal como desenvolvida por Michel Foucault (2001), como operador teórico. Isto porque a formulação foucaultiana, preocupada em focalizar a coexistência nada harmônica de espaços heterogêneos contíguos, permite discutir o modo como espacialidades não hegemônicas, as heterotopias, são e produzem forças de contestação às relações imperantes – “espaço” sendo aqui entendido não como um território delimitado por coordenadas geográficas, mas por redes de posicionamentos. A partir das análises das narrativas de Jorge Amado, é possível afirmar que as figurações de liberdade decorrem de um real heterotópico, não delineado pelo modelo capitalista-burguês judaico-cristão. Trata-se de um espaço não hierarquizado de convivência comunitária, no qual as relações humanas não se estabelecem pelo valor monetário nem operam pela exclusão das alteridades, e organizado por uma dinâmica existencial marcada pelo sentido de alegria-alacridade, que vem a ser um princípio estruturante das formas de ser, estar e de se relacionar oriundas do Candomblé.
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Ou seja, formas específicas de ser, estar e se relacionar com o mundo que, em função da série de posicionamentos de cada narrativa, são veiculadas como dotadas da capacidade de reverter quadros de subjugação em experiências possíveis de liberdade. A cartografia destas formas, que vem a ser um primeiro e necessário passo para a posterior observação dos conteúdos dissonantes que elas encenam, está amparada em um procedimento de leitura que funciona por contraste. Sua ênfase está radicada na percepção da diferença instaurada por modos de vida não hegemônicos, situados desde a margem, quando comparados ao conjunto de relações constitutivo da ordem (econômica, social, cultural, axiológica e epistêmica) dominante nas sociedades ocidentais – de resto, identificada como responsável pela subjugação de corpos e de espíritos, de indivíduos e de grupalidades. O mapeamento destas experiências outras segue não apenas pelas narrativas efetivamente publicadas por Jorge Amado. Busca-se igualmente observar projetos que se apresentavam como importantes para o autor, mas que não foram totalmente desenvolvidos. São os casos de A guerra dos santos, cujo plano de romance foi abandonado, e Boris, o Vermelho, que Jorge Amado não conseguiu finalizar. O estudo destas tramas é possível pelo cruzamento de cenas publicadas em revistas (A guerra dos santos) ou dos datiloscritos digitalizados (Boris) com informações coletadas em entrevistas concedidas pelo romancista ao longo da segunda metade do século XX. Com o intuito de elaborar leituras das modalizações diferenciais de vida contidas na ficção de Amado, optou-se pela noção de heterotopia, tal como desenvolvida por Michel Foucault (2001), como operador teórico. Isto porque a formulação foucaultiana, preocupada em focalizar a coexistência nada harmônica de espaços heterogêneos contíguos, permite discutir o modo como espacialidades não hegemônicas, as heterotopias, são e produzem forças de contestação às relações imperantes – “espaço” sendo aqui entendido não como um território delimitado por coordenadas geográficas, mas por redes de posicionamentos. A partir das análises das narrativas de Jorge Amado, é possível afirmar que as figurações de liberdade decorrem de um real heterotópico, não delineado pelo modelo capitalista-burguês judaico-cristão. Trata-se de um espaço não hierarquizado de convivência comunitária, no qual as relações humanas não se estabelecem pelo valor monetário nem operam pela exclusão das alteridades, e organizado por uma dinâmica existencial marcada pelo sentido de alegria-alacridade, que vem a ser um princípio estruturante das formas de ser, estar e de se relacionar oriundas do Candomblé.This thesis is a study of the fictional universe of Jorge Amado, mainly from 1958 Gabriela, clove and cinnamon. It is an exercise of interpretation of the ways in which the theme of freedom is embodied in individual and/or collective representations printed by the author. It is assumed that Amadian literature makes not only the denunciation of systems of oppression, but also seeks to find alternatives that point to conditions of life untouched by a logic of submission or by a repressive existential dynamics. In this direction, this thesis seeks to map the concrete senses with the idea of freedom is presented tangible in Amado’s fiction. In other words, specific forms of being and relating to the world that, according to the number of positions of each narrative, are transmitted as endowed with the capacity to revert contexts of subjugation into possible experiences of freedom. The cartography of these forms, which is a first and necessary step towards the subsequent observation of the dissonant contents that they enact, is supported by a reading procedure that works by contrast. Its emphasis is based on the perception of the difference established by non-hegemonic ways of life, situated from the edge, when compared to the set of constitutive relations of order (economic, social, cultural, axiological and epistemic) dominant in Western societies – it is indeed responsible for the subjugation of bodies and spirits as well of individuals and groups. The mapping of these other experiences follows not only by effectively narratives published by Jorge Amado. Search also observe projects that were as important to the author, but that have not been fully developed. They are A guerra dos santos, whose novel plan was discontinued, and Boris, o Vermelho (Boris, the Red), that Jorge Amado was unable to finish. The study of these plots is possible by crossing scenes published in magazines (A guerra dos santos) or digitalized typewritings (Boris) with information collected in interviews given by the novelist during the second half of the twentieth century. In order to elaborate readings of different forms of life contained in Amado's fiction, it was chosen the concept of heterotopia, developed by Michel Foucault (2001), as a theoretical operator. This is because the Foucaultian formulation, concerned about focusing on the non-harmonic coexistence of contiguous heterogeneous spaces, allows us to discuss how non-hegemonic spatialities, the heterotopias, are and produce forces of contestation to the prevailing relations – "pace" being understood here not as a territory delimited by geographical coordinates, but by positioning networks. From the analysis of Amado’s narratives, it is possible to affirm that the figurations of freedom arise from a heterotopic reality, not delineated by the Jewish-Christian capitalist-bourgeois model. It is a non-hierarchical space of community coexistence, in which human relations are not established through a monetary value or operated by the exclusion of otherness, and organized by an existential dynamic marked by the sense of joy-alacrity, which comes to be a structuring principle of the ways of being and interacting from Candomblé.Submitted by Roberth Novaes (roberth.novaes@live.com) on 2018-07-13T21:00:07Z No. of bitstreams: 1 Tese - Antonio.pdf: 18434054 bytes, checksum: 3ad0b4271d02cdcd13e618a1d3dbe501 (MD5)Approved for entry into archive by Setor de Periódicos (per_macedocosta@ufba.br) on 2018-07-16T19:52:08Z (GMT) No. of bitstreams: 1 Tese - Antonio.pdf: 18434054 bytes, checksum: 3ad0b4271d02cdcd13e618a1d3dbe501 (MD5)Made available in DSpace on 2018-07-16T19:52:08Z (GMT). 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